Capítulo 3

5K 315 26
                                    

Eu estava sentada de frente para ele, olhava pela janela enquanto ele olhava para mim.

-O que é mais interessante lá fora?-perguntou atraindo minha atenção, me virei para ele abaixando a cabeça.-Será o manobristazinho?-levantei o olhar sem me conter.

Pare, homem! Acorde pra vida! Isso não é comportamento de um marido de fachada.

Eu queria dizer tantas coisas... mas me resumi em agir como ele e os outros homens da máfia adoravam.

Suspirei abaixando a cabeça novamente.

-Eu não ousaria, senhor.-minha voz soou firme. Senti seu dedo indicador levantar meu rosto pelo queixo, seus olhos estavam enfurecidos.

-Olhe para mim quando conversamos.-exigiu ele me fazendo assentir, olhei para ele, mas não para seus olhos.-Quem é ele?-eu sabia que ele se referia ao manobrista.

-A única coisa que sei é que ele é manobrista desse restaurante, meus pais vinham muito aqui, por isso o conheço.-expliquei tentando ser o mais calma possível, se eu me alterasse ou demonstrasse o mínimo de desequilíbrio possível, ele mataria o pobre homem. Como fez com meu Gabe.

Como eu sabia disso?

Ele dirigiu um olhar assassino ao pobre Lauro e eu sabia, conhecia a história assassina de Mikhail Orlov.

Se o sangue italiano costuma ser ruim, imagina o russo unido a ele.

-É melhor que seja só isso mesmo.-seu olhar ainda tinha fúria dançante.-Não aceito traíções, Stella, e estarei disposto a matar cada amante seu como matei aquele traidorzinho de merda, com um novo castigo esperando para você.-meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu tentei desassociar a imagem de meu amor com suas palavras.

-Sim, senhor.-respondi tentando soar firme.-Posso ir ao banheiro?-ele me olhou por alguns instantes, achei que não permitiria, mas então assentiu.

Eu me levantei vagarosamente e caminhei até onde me lembrava ser o banheiro, assim que entrei no local fechei a porta e me escorei na parede permitindo que as lágrimas caissem.

Eu o odeio! Odeio! Odeio! E também me odeio! Mulher fraca!

As lágrimas eram incontroláveis e eu senti mais vontade do que nunca de acabar com minha vida, mas eu não podia, eu precisava me controlar, por isso antes que eu cometesse uma besteira, me recompus e sai, retornando para onde estava.

Me sentei novamente, ele estava no celular.

Ótimo! Assim eu não precisaria ter que encará-lo.

Esperei pacientemente a comida vim, apesar de não ter pedido, mantive meus olhos sobre minhas mãos, que estavam acima do meu colo, já que até olhar para fora era um crime para esse homem.

Ouvi os passos e então as funcionárias entraram no meu campo de visão, uma delas sorriu para mim, Fernanda era seu nome, a outra mantinha os olhos em Mikhail com alto oferecimento.

Sorri para Fernanda enquanto ela me servia.

O capo foi servido apenas por uma taça de vinho.

-Obrigada.-agradeci em voz baixa.

-Capo, se precisar de qualquer coisa é só...-ele despensou as meninas com uma mão, seu olhar era fixo em mim, o que me incomodou.

As meninas se afastaram e ele manteve seu olhar em mim.

O que fiz dessa vez?!

-Terei que matar mulheres também?-perguntou sem emoção na voz.

Matar mulheres?

Stella - Obsessão do Capo [Desgustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora