🌸Trim Trim: Departamento de Extrações, Pulgões Famintos e Lendas

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Tal destino parecia cruel demais para uma Rosa. Era mais honroso aceitar a Lenda do que permitir que tal Flor tomasse conta de seu ser. Por mais que as consequências fossem desumanas, mesmo que Xilia tentasse com todas as forças convencer Sailows a permanecer em casa, a ter esperança...

Era mais nobre dar a vida, do que perder sua mãe.

- Não foi sua culpa! 

Podia escutar a voz rígida de Xilia. Se lembrava de caminhar pelos corredores salpicados de pétalas. Elas voavam a medida que seus passos ficavam mais rápidos.

- Não foi sua culpa! 

Como não? Era para ser uma Rosa! Uma Maldita Rosa! Iriam festejar até o sol nascer. Iria tomar seu lugar de direito na Corte dos Espinhos. Agora... Agora sua mãe estava em coma... 

Por sua culpa.

Logo que aquela revelação ocorreu, todos do Salão ficaram em choque. Ninguém disse uma palavra se quer, mesmo querendo correr para as montanhas, para bem longe daquela Erva daninha! Lhe olhavam com nojo.

Pink estava surpresa. Triste. Se aproximou com um raio de Sailows, segurando seu rosto com as mãos. 

- Eu sinto muito... Eu sinto muito!

Em seus olhos haviam lágrimas. Ela estava decepcionada? Magoada? Sailows segurou os pulsos da mulher, prestes a dizer para se afastar. 

Mas no minuto seguinte eram os gritos que tomavam o local. O desespero de pessoas correndo pelo salão em busca da saída mais próxima. Apenas os membros da Corte ficaram no local, horrorizados. 

Pink estava desmaiada nos braços de seu próprio filho. Com as mãos no pescoço como se fosse impossível respirar. Os olhos vermelhos e arregalados. Envenenada. Com apenas um toque do rapaz, apenas um.

- Não foi sua culpa! 

Xilia repetia e repetia, correndo atrás de Sailows pelo enorme castelo. Ele repetia para a Regente não se aproximar. Mesmo que aos berros ela dissesse que sua mãe estava estável... O garoto não acreditava, afinal havia envenenado sua própria mãe! 

Que tipo de filho faria isso?!

Tudo o que pode fazer fora arrancar aquele maldito telefone vermelho do pedestal. Correr para para seu próprio quarto e aceitar a Lenda que fora lhe prometido. 

Fora tudo muito rápido, os guardas tiraram Pink de seus braços. Não lutou contra, estava pasmo. Sem palavras. A raiva começou a queimar dentro de si, ardia, sufocava. Não havia tempo para se perder.

Pink poderia morrer dentro de alguns dias caso o veneno não fosse revertido, e o único modo possível, era ter sua Flor retirada de seu sistema. Algumas Flores venenosas tinham essa possibilidade por serem um risco para a sociedade. Bastava realizar a Lenda separada para elas. 

Era isso que Sailows estava a fazer. Se levantando da árvore podre, procurou na bolça alguma muda de roupa chique que havia separado.

- Departamento de Extrações, Pulgões Famintos e Lendas. Pólen catorze na escuta. - Iniciou o atendimento, uma jovem meio mórbida. - Príncipe das Rosas eu suponho.

- Sim. - Disse em um suspiro cansado. - Preciso da atualização da Lenda.

- Como quiser. - Disse sem muita vontade. - Vejo que está no território das Aranhas Lobo.

Sailows quis rosnar ao escutar sua localização. - De fato.

- Bem, então seguiremos para a próxima parte meu senhor. - Avisou calmamente. - Sua Higanbana é conhecida por ter um Parceiro. Este que localizamos dentro do Território das Aranhas. - Eram informações que o rapaz mal conseguia digerir. - Basta matá-lo e pronto!

O jovem retirou os olhos, na era tão simples assim! Ainda mais pelo seu estado deplorável.

- Como irei saber quem é meu Parceiro? - Questionou ao enfiar o telefone de volta na bolsa.

- Ele terá uma marca da sua flor pelo corpo. Assim como meu senhor também tem. - Acrescentou. - A lenda da Higanbana diz que: As folhas nunca nascem ao mesmo tempo que as pétalas. Por esta razão, os dois nunca se encontram, mas se mantem vivos em suas épocas dando força um para o outro.

Sailows queria acreditar que tudo aquilo era maluquices. Mas um telefone de fio vermelho que funcionava por magia... Era o suficiente para calar sua boca.

- Por isso, se um de vocês morrerem, a Higanbana perde a força e também se vai. - Seu tom simplista estava irritado o príncipe. - Seus atos serão anulados e perderá sua flor.

Tal pensamento fez o rapaz engolir a seco. Perder sua flor... Sem ela, mesmo sendo uma venenosa, não seria mais alguém. Era como perder parte de sua alma, de si mesmo.

Uma dor terrível. Um destino pior que a morte.

E faria isso para salvar sua mãe.

Como poderia realizar tal ato? Veja, matar um Parceiro, um possível Companheiro para toda a vida... Que Lenda cruel. Tal possibilidade era surreal. Um dia, em seu Florescer, descobrir que sua Flor era nociva para toda uma Raça, e que havia alguém para compartilhar a vida. 

Agora, saber que teria que matá-lo. Seja quem for. Uma Flor, uma Aranha. Matar uma parte de si.

Como poderia ser tão assustador? Mas preferia que fosse assim, daria sua vida para salvar a de Pink. Mesmo que isso lhe custasse tudo o que tinha. 

Apesar de seus grotescos machucados, logo pode se ajeitar com as roupas que trouxe. Ao menos um terno vermelho com detalhes pretos. Pode esconder as veias saltadas do corpo, que por sorte não chegaram ao pescoço. Não se importou em arrumar os cachos de seu cabelo, apenas se atentou a cheirar como uma boa Rosa.

- Existe algum registro sobre meu... - Ele limpou a garganta. - Meu companheiro?

- Só um instante por favor. - O som de teclas foram escutados pelos próximos minutos. - Sim. Temos a Raça dele. - Ela pareceu meio enojada em dizer. - Aranha Lobo... Um dos primeiros de sua linhagem. Família Real Arachnida.

Um arrepiou horrível passou pelo corpo de Sailows... Uma Aranha?! 

Seu "Príncipe Encantado" era uma maldita Aranha!

Imaginava que fosse uma Flor raptada, um prisioneiro quem sabe. Não uma Aranha! 

Então... Se o matasse, iria ser o fim de uma paz forçada que a séculos fora instaurada. 

Pensando bem, mataria, por sua mãe?

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Flores também Matam - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora