Daniela Kim P.O.V
Dizem que "para tudo na vida tem jeito, menos para a morte", nisso todos concordamos.
Já nascemos com essa infeliz certeza... um dia todos vamos morrer, uns mais cedo, outros mais tarde, alguns por doenças outros por acidentes ou desastres.
São milhares de formas e razões para se morrer e mesmo sabendo desde sempre que isto é algo inevitável, não é fácil aceitar a perda de alguém próximo a nós.
Um parente, um amor, um amigo, sempre é doloroso demais quando chega a hora da última despedida.
Na medicina nós estudamos o possível para salvar vidas, somos treinados para tentar ao máximo driblar a morte, uma guerra diária por uma vida de pessoas das quais não conhecemos, não sabemos suas histórias, suas manias ou costumes.
Se são boas ou não, mas que dependem de nós para não ser levado para a morte.
Lutamos pela vida, aprendemos a trazer a vida a alguém.
Mas nenhuma faculdade pode ensinar a lidar com a imponente e inevitável e muitas vezes invencível morte.
A pior parte da minha profissão talvez seja a de perder alguém que estava em sua responsabilidade, e acima de tudo, dar a triste notícia aos entes queridos e esperançosos que esperam que façamos algum milagre.
Ser responsável por dar a notícia que causará a dor aos pais, filhos, amores ou quem quer que esteja rezando pela vida dessa pessoa, é horrível.
Por isso tento tudo o que me é permitido para evitar a morte de alguém, busco o máximo de mim para evitar esta dor, e algumas vezes eu consigo.
Algumas vezes eu salvo realmente a vida de alguém, e essa foi uma dessas vezes.
Hoje eu consegui esse "milagre", eu dei tudo de mim mas não perdi a frágil e maltratada garota que cruzou meu caminho em meio a uma tempestade.
Estou exausta e já deveria estar em minha cama quentinha entregue nos braços de Morfeu a horas atrás, mas não consigo sair deste quarto de hospital onde velo a inconsciência dessa pequena garota.
Depois dos primeiros atendimentos para tentar amenizar os ferimentos e a pressão da desconhecida menina o seu coração parou.
E tudo parecia perdido para ela pois seu corpo estava muito debilitado e entregue a exaustão, não acho que esta menina ainda queria lutar por sua vida.
Não sei como ou porque ela chegou a esta situação mas com toda certeza ela sofreu muito, depois de exatos 70 segundos entregue a morte ela voltou a vida.
70 segundos de uma guerra onde dei todas as minhas forças para aquela menina até que ela lutou comigo por sua própria vida e resistiu.
Ela oficialmente morreu por 1 minuto e 10 segundos, mas foi guerreira e resistiu bravamente a entrega de seu corpo.
Agora já um pouco mais estabilizada ela se encontra no UTI inconsciente e envolta a aparelhos que a ajudam a continuar sua batalha contra a morte.
E eu? Eu não consegui ir para casa, não sei o porque, mas não consigo me afastar dela, quero protegê-la do que quer que tenha feito isto com ela.
Ela é tão pequena, frágil, e apesar de todos os maus tratos, posso ver o quanto ela é linda, seus cabelos grandes e cor de chocolate, sua pele levemente bronzeada apesar de parecer que não ver sol a algum tempo.
Seu corpo está muito magro, mas não deixa de ter sua beleza, e o que eu mais queria ver eram seus olhos.
Algo me intriga e aguça minha curiosidade por seu olhar.
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FanfictionA vida de Kauana Hofemã é marcada por algo terrível, sequestro, abusos sexuais, violência e tudo de ruim que ela nunca imaginou passar. Mas quando estava prestes a desistir da vida e acabar com seu sofrimento, tudo muda. Já Daniela Kim sempre teve...