𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓

°|003

Wisconsin, EUA 1978

Wisconsin era um lugar peculiar. Muitas famílias não cogitaria viver lá, quase nunca havia sol. Como se o verão não existisse, como se todo o calor fosse engolido pelas sombras do inverno. Mas, ao contrário de muitos, a família Cozner se mudou para uma casinha no final da Caroline Streeat. Contrariando todos os padrões da sociedade, Xavier e Varya saiam juntos para o trabalho, não interagiam com os vizinhos e raramente eram vistos sorrindo ou conversando com outras pessoas.

A vizinhança descrevia o casal como Morticia e Gomez, da série de TV " A família Addams". Algumas vezes, os viam sair com a filha. Ela tinha cabelos castanhos, como os do pai, mas seu rosto lembrava o da mãe. Mas diferente deles, a pequena tinha seus olhos da cor cinza.

Ela se encontrava sentada em um balanço, no parque. O local estava deserto, coberto de neve. Era estranho uma criança de apenas oito anos estar lá, num frio de 1 °C, sozinha. Ela gostava do frio. Não sentia falta do calor, nem do verão. Gostava da neve e tinha a esperança de que seus pais poderiam chegar e abraça-la derrepente, como um gesto de carinho.

- 003! - grita Varya, do outro lado do parque.

Ela ergue o rosto e vê não só a mãe, mas o pai também. Ele era o que mais metia medo nela. Xavier nunca chegou a abusar fisicamente da filha, mas sempre a torturou psicologicamente. Varya que cuidava da parte física.

003 teve que deixar o balanço, e andar pela neve ao encontro deles. Xavier tinha seus cabelos nos ombros, barba mal feita, usava seus óculos escuros e um sobretudo preto. Varya era uma mulher muito bonita, com cabelos pretos, uma cicatriz no canto do lábio, olhos castanhos. Era russa e seu marido era americano.

Ela se aproxima deles.

- Vamos, a passagem está aberta, não podemos esperar por muito tempo. - diz Xavier e agarra o braço dela.

Eles trabalhavam fazendo experiências em um laboratório subterrâneo. Ela não entendia na época, mesmo sendo uma menina prodígio, com um QI altíssimo, ainda era uma criança. Uma das coisas que também não entendia na época, era o por quê de seu nome ser 003. Lia os livros de mitologia grega, e sempre admirou a deusa Athena. Por que esse não poderia ser seu nome? Ela pensa consigo mesma.

Eles passaram pela grande porta de metal, sentia a mão do pai empurrando-a pelas costas. Eles ficavam em um laboratório com outros cientistas. 003 nunca foi uma criança que deu trabalho. Sempre se comportou e nunca ousou enfrentar ou contrariar seus pais. As vezes, eles faziam exames com ela, desde de testes de memória e conhecimento, até seções de choques e coletas de sangue. Ela tinha aulas com um professor particular e com outras crianças, mas nunca interagiu com as mesmas. Tinha aulas de defesa e de armamentos. Era a melhor da turma. Aprendia as coisas muito rápido e com muita facilidade.

Ela desconfiava que eles a estavam preparando para algo maior, diferente. Só não sabia o que era, ainda.

...

Ela não reparava muito no movimento do laboratório, muito menos na rotina de trabalho. Mas naquele dia em específico, tudo estava mais agitada. Era quinta feira e não teve aula, via muitas pessoas diferentes chegando e todos muito agitados, correndo de um lado para o outro.

Varya se aproxima da filha, que estava lendo mais um se seus livros sobre a mitologia grega. Varya era uma mulher muito instável emocionalmente. Era muito bipolar e tinha picos de raiva muito frequentemente.

Ela se ajoelha e diz a filha:

- Hoje é um dia especial. Sabia? - ela pergunta.

003 faz que não com a cabeça.