Capítulo 1: Predestinado

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Estou caindo, em todos os bons momentos, eu me vejo almejando uma mudança e nos momentos ruins, eu tenho medo de mim mesmo."

(Lady Gaga e Bradlley Cooper – A Star is born , 05 de outubro de 2018)

Gisele

A minha vida, havia mudado de ponta cabeça, justamente eu, que sempre fui tão focada na minha carreira, que nem de longe desejava me meter dentro de uma relação amorosa, depois de decepções passadas, agora me via, emaranhada, agarrada e totalmente presa a um sentimento novo e repentino que eu não podia negar, somente sentir.

Indo contra toda a minha razão, contra mim mesma eu me deixei levar, no momento de impulsão, onde cada molécula do meu corpo, ardia, inflamava e implorava por alguém que eu sequer suportava a companhia, mas naquele momento, Jonatan era o erro que eu estava disposta a cometer, algo dentro de mim, dizia, que era inegável o sentimento.

Numa noite qualquer, entre luzes neon, uma multidão de pessoas em volta, dançando e se espremendo na pista de dança, eu o vi, se aproximando de mim, sutilmente, os olhos negros me fitavam, me despiam, me desejavam e me liam; eu sentia, como se vissem minha alma, de um modo como, ele jamais havia me olhado na vida, será mesmo? Ou somente eu que nunca havia percebido.

Culpei o álcool aquela noite, na verdade, eu não deveria ter bebido, mas nada havia sido culpa de outra coisa, se não de mim.

Jonatan, sempre tinha sido um babaca desde que nos conhecemos, sempre com suas cantadas e investidas baratas, eu sabia que, para ele, eu talvez fosse um desafio, uma presa, um troféu na sua estante; mas mentiria se dissesse que ele não mexia comigo, era estupidamente irresistível.

Por isso naquela noite eu me deixei entregar pelas emoções, eu queria aquilo, me sentir desejada, ao menos por uma noite, me sentir correspondida; já havia dado meu coração para outro alguém antes, e isso só havia me trazido dor, agora, naquele momento, eu não queria nada além de suprir aquele desejo inflamante no meu peito de me aninhar a Jonatan, sem porquês e questões.

Ele não fez cerimonias, sabia o que queria, e eu o queria tanto quanto, ele se aproximou e eu explodi com seus dedos roçando minha pele, seu toque doce, fez meu corpo se arrepiar por inteiro; bastou um sussurro em meu ouvido, um pedido, feito súplica, para que eu o deixasse entrar no meu coração.

Saímos da boate em disparada, me senti estranha em seu carro, naquele momento pensando em ser só mais uma ali, um silencio gritante estava entre nós, e só se quebrou quando chegamos em seu apartamento.

Lembro de como o desejava naquele momento, parecia errado estar ali com ele, mas tudo que eu queria era errar.

Lembro como ali eu senti o pulsar do seu coração na palma da minha mão, como ele distribuía caricias pelo meu corpo, como meus dedos conheciam e exploravam o seu, ali fomos ao paraíso, feitos um só, unicamente um para o outro, eu só não sabia disso ainda.

Fui relutante, depois daquela noite, eu queria esquecer que aquilo havia acontecido, mas ele não parecia querer o mesmo, toda vez que nos encontrávamos, seu maldito sorriso me recordava de tudo, seus olhar me puxava pra ele, como um imã, quanto mais eu fugia, mas sentia que queria estar perto.

Eu estava presa a ele, inegavelmente. Me apaixonei por Jonatan antes mesmo de saber, eu tive medo de como tudo começou, eu tinha medo de ser só mais uma, eu não queria entregar meu coração a alguém que não pudesse corresponder, outra vez, antes de Jonatan, eu havia amado alguém, meu melhor amigo, e foi a única vez que dei meu coração a alguém, até agora.

Diferente dele, Jonatan me via, me sentia, me correspondia, me tinha; eu não precisava me esforçar pra preencher espaços onde não cabia, porque tinha nele o encaixe perfeito, nossos corpos eram um só, nossas almas estavam entrelaçadas, eu tinha achado um lar ao lado dele, e ele tinha feito morada em mim; eu estava vivendo a plenitude de um amor correspondido, eu estava no paraíso.

Nem tudo eram flores, meus medos ainda vinham a tona vez ou outra, ainda me assustava como tudo parecia ser um sonho, mas nesses momentos, Jonatan segurava minha mão e me fazia enxergar que o que tínhamos era real, me trazia a estabilidade e segurança de ter um lar em alguém; mas sim, os desertos que iriamos enfrentar, eram maiores do que talvez pudéssemos suportar. Será que o amor seria mesmo bastante?

Eu sou uma romântica incorrigível, gosto de pensar que já estávamos destinados a ser, que tudo tem uma razão e porque e que todo passo que damos nos leva ao nosso destino final, gosto de pensar que em meio a tanto caos, se pode achar esperança, gosto de pensar que mesmo em meio ao deserto, ainda podemos florir.

Talvez por essa razão eu não tenha desistido, mesmo cada parte do meu corpo, implorando por isso, meu coração ainda batia, enlouquecidamente por ele, não podia remover, era como tatuagem sob a pele, sempre estará ali! Mas não sei até onde posso resistir, a viver um amor, parecido, fadado ao fim.

ImprevísivelOnde histórias criam vida. Descubra agora