ato I ( prólogo)

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Era de manhã, uma segunda feira bem normal na escola. Jovens andando de um lado a outro, os professores em sua sala se reunindo. Era tudo da mesma forma de sempre. 

Estava sentada em um canto do pátio, em mãos meu caderno de desenho e minha bolsa de lápis de cor. Rabiscava algumas formas aleatórias enquanto levantava o olhar algumas vezes para meu celular que se encontrava em minha outra mão.

Quando achei que esse era o dia mais calmo que eu teria, minhas expectativas foram reduzidas a zero. A pessoa que eu menos queria ver estava ali, bem na minha frente com seu grupinho de amigas.

Revirei os olhos e suspirei enquanto ignorava sua presença abominável.

-- Olha quem voltou para escola. -- Dizia enquanto abraçava meu pescoço.

-- Vai a merda! 

Agarrei o pulso dela a afastando de mim.

Quando pensei que não poderia piorar ficou pior. Uma das garotas agarrou meu cabelo o puxando para trás, então senti minha touca cair no chão.

Meu rosto foi virado para Yumma e então um tapa forte foi desferido contra meu rosto que ficava vermelho aos poucos. Senti a ardência se espalhar aos poucos. Meu cabelo ainda estava sendo puxado pela outra menina que parecia se divertir com isso.

-- Vejamos o que você tem em mãos. -- Yumma, a líder, agarrou meu caderno e celular.

Por sorte meu celular estava bloqueado e ela não poderia fazer nada. Quando senti o aperto aumentar meu sangue começou a ferver. 

-- È essa merda que fica fazendo? -- Disse folheando o caderno.

As folhas que ela folheava eram limpas e lisas, mas quando começavam a sere viradas era nítido que eram mau tratadas ao ponto de quase rasgar. Meu sangue ferveu, minha raiva acumulada estava fora de controle.

-- Eu vou te matar! -- Murmurei pronta para pular sobre a garganta dela.

Porém não tive muito tempo pois o tio dele estava agarrando o pulso dela a impedindo de continuar.

-- Yumma, quantas vezes vou ter que falar pra você parar de fazer isso! -- A voz inexpressiva do rapaz era irritante para mim.

-- Me larga! -- Ergueu seu tom ao balançar a mão para se soltar de seu aperto.

Assim que olhei para ele vi uma falsa calma. Seus olhos brilhavam em vermelho leve enquanto se estreitavam em irritação.

-- Se tocar um dedo nela novamente... --- Olhou para todas as cinco meninas, inclusive em Yumma. -- Eu acabo com vocês! -- Ameaçou-as.

-- Eu vou falar para minha mãe! -- Exclamou a loira cacheada enquanto batia o pé e jogava minhas coisas no chão.

Pude ouvir um barulho de algo se quebrando, quando olhei notei que era meu celular novo que havia caído.

-- Sua vadia! -- Gritei me levantando de onde eu estava.

Me aproximei do chão pegando rapidamente minhas coisas e as jogando na mochila. Eles apenas me observaram com expressões frias. Yumma ria junto de suas amigas, sua mão sobre a boca enquanto gargalhava de forma irritante.

Fushiguro lhe da outro olhar áspero as fazendo correr dali. Confesso que senti uma vontade de rir mas meu ódio era maior.

Olhei para meu celular, sua tela estava a um fio de cair. Meu desgosto era tão grande que era impossível de o esconder. Suspirei o colocando no bolso da mochila, e me levantei.

Quando me virei para ir a sala, senti meu braço sendo agarrado e meus passos sendo parados. Virei meu rosto encarando a pessoa.

Fiquei em silencio enquanto o analisava fingir sua compaixão. 

-- Me desculpe pelo celular. -- Se desculpou calmamente. Ele me soltou.

-- Tá. -- Coloquei uma das alças da bolsa em meu ombro. Eu estava prestes a sair dali mas o rapaz continuou na minha frente.

-- Por que me odeia? Não é a primeira vez que me trata assim. -- Coçou a nuca.

Revirei os olhos. O empurrei para trás ficando de frente a ele quase rangendo meus dentes.

-- Você é ridículo como ela! -- Cuspi com raiva na cara dele.

Logo me afastei sem dar tempo de ver sua reação com minha fala fria e raivosa. Andei até minha sala, entrei nela e me sentei em meu lugar. Suspirei assim que lembrei que meu celular era inútil agora que estava com a tela preta.

-- Malditas! -- Resmunguei.

Eclipse Vermelho ( Imagine Fushiguro)Onde histórias criam vida. Descubra agora