Eu me matei por você

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Se revirou na cama sentindo seus pensamentos sua cabeça ainda turva e confusa, seu corpo estava levemente dolorido e com sensações leves da noite anterior. Suspirou fazendo força para se sentar o platinado dormia feito uma pedra, olhando para ele com o cabelo esparramado pela cara e com o rosto levemente inchado podia sentir seu coração acelerar algumas batidas, parecia que o tempo não havia passado que correria para se arrumar e faria de tudo para chegar para o café da manhã em casa e no dia seguinte faria tudo de novo, apenas para acordar ao lado dele.

Respiro fundo, me levantando da cama e pego um roupão passando pelo meu corpo, devia voltar a focar no que era realmente importante, honrar o nome de sua família, não havia nada mais importante que aquilo, certo? Engoliu em seco e não conseguiu evitar de olhar para o platinado ainda deitado em minha cama.

— Não. - disse a si mesmo -

Suspirou, saindo do quarto e pegou uma das garrafas de rum espalhadas pela casa, bebendo seu líquido de uma vez só, aqueles pensamentos do passado continuavam atormentando sua mente de qualquer jeito, talvez não fosse mentira o que diziam afinal era mesmo impossível se desprender do passado.

Enquanto bebia, sentiu um certo vazio em seu peito algo definitivamente não estava certo, se levantou deixando a garrafa de rum de lado e foi procurar por Ibiki, aquela altura o mordomo já estaria acordado e concerteza o questionária sobre estar bebendo tão cedo e lhe daria um sermão sobre a pessoa com qual estava dormindo.


Sentiu suas pernas bambearem assim que adentrou o quarto do mais velho, suas coisas reviradas pelo chão e o corpo do mesmo estirado no chão, não sabia descrever o que sentia, seu coração batia cada vez mais rápido, se sentiu perder totalmente o controle de seu corpo e de seus sentidos enquanto andava até seu quarto novamente. Estava cego de raiva e de outros sentimentos que não sabia descrever sentia mais raiva do que havia sentido quando seus pais haviam morrido.

Antes que pudesse se dar conta estava enforcando o platinado que tinha um olhar confuso em seu rosto enquanto implorava por ar.

— JUSTO QUANDO EU COMEÇO A CONFIAR EM VOCÊ DE NOVO VOCÊ ME ENGANA DESSA MANEIRA, KAKASHI! - algumas lágrimas escorreram por seu rosto - EU TE ODEIO, EU TE ODEIO, EU TE ODEIO! VOCÊ É NOJENTO, ASQUEROSO E BAIXO! COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE ME SEDUZIR E DEPOIS MATAR O IBIKI!

— Iruka - ouviu o mesmo praguejar abaixo de si já sem ar - Eu... Não fiz nada.

Apertou seu pescoço com mais força, olhando fixamente para o rosto do platinado sentia uma mistura de emoções juntas sentiu mais lágrimas escorrerem por seu rosto, e saíu de cima do platinado.

— EU QUERO VOCÊ LONGE DAQUI! NUNCA MAIS OLHA NA MINHA CARA! NÓS NUNCA DEVERÍAMOS TER NOS CONHECIDO, TUDO EM VOCÊ ME FAZ MAL!

Sentiu suas costas baterem na parede com força, mal conseguia enxergar com o tanto de lágrimas que chorava, odiava aquele sentimento o vazio mais uma vez tomava seu corpo, aquela sensação que o destruía de tal maneira por dentro, que o corrompia de dentro pra fora, tinha vontade de gritar, de chorar, de desabar tudo de uma vez só. Antes que percebesse segurava em seus cabelos com força os puxando e apertava sua pele com força fincando suas unhas fundo em sua pele, nada daquilo faria a dor diminuir... Nunca haviam feito ainda assim era inevitável, como um instinto auto-destrutivo de seu corpo que toda vez que sentia aquele sentimento tão vazio os ativavam.

Para o platinado a visão era uma das mais dolorosas possíveis era como ver alguém que amava morrendo, nunca havia visto o Umino daquela forma, tão frágil... Tão humano e tendo uma crise tão forte como aquela. Foi até o mesmo pegando suas mãos para que o mesmo parasse de se machucar, não se importava em sair machucado.... Só não podia vê-lo daquela maneira.

Empurrou o de cabelos brancos com toda força que tinha, o fazendo bater contra um dos móveis do quarto.

— EU NÃO QUERO QUE VOCÊ ENCOSTE EM MIM! VOCÊ NÃO PASSA DE UM ASSASSINO! - berrou para o platinado que tinha suas mãos em suas costas, ele havia se machucado com o empurrão, mas não ligava para aquilo queria vê-lo morto na sua frente depois de tudo que passavam -

— Eu não fiz nada. Você é louco, porra?! Eu passei a porra da noite toda do seu lado!

— VOCÊ É UM MENTIROSO! EU TENHO NOJO DE VOCÊ!

O olhar no rosto do platinado mudou, o que antes era um olhar confuso agora era um olhar irritado, o mesmo caminhou levemente mancando até mim e parou assim que estava a poucos centímetros de meu rosto.

— Eu não permito que você me chame de mentiroso, eu nunca menti pra você Iruka! Você acha que eu seria idiota o suficiente para matar Ibiki e continuar aqui? Não fugir?!

Sentiu as mãos do platinado tomarem seu rosto em um toque singelo de carinho, não demorou para que sentisse as lágrimas tomarem seu rosto novamente, sentiu o platinado o puxar para mais perto para seu colo e se aconchegou em seus braços, sentindo novamente a dor ao conseguir enxergar o corpo de Ibiki em sua mente novamente, o mais perto do que havia tido de um pai, o mais perto que havia tido de uma família... Agora estava sozinho, seus pais haviam morrido e Ibiki também... Como podia ser forte com a sua vida desmoronando ao seu redor? Aquilo era um castigo? Por todos aqueles que tinha ferido? Sua única vontade era de sumir, se era aquilo que Assuma queria que ele tomasse, nunca havia pedido absolutamente nada daquilo, nunca havia pedido para nascer em uma família tão conturbada como a que vivia.

Parou de chorar um pouco olhando para o platinado que o abraçava com força.

— Me promete - falava por meio de soluços - Kakashi... Por favor, por favor... Não me abandona.

Era a primeira vez que via o Umino, pedir por favor em toda a sua vida e havia ouvido ele dizer duas vezes, sentiu seu coração bater mais forte em seu peito e o abraçou com mais força.

— Eu nunca vou te abandonar, eu prometo, eu te amo, Iruka. - beijou a testa do Umino - Eu vou matar quem qualquer pessoa que tentar te fazer mal, eu te amo.

Levou seus lábios aos do Umino em um beijo lento, mesmo que ele não dissesse eu te amo de volta, queria mostrar para o Umino que seus sentimentos eram verdadeiros, que foram verdadeiros desde de a primeira vez que se viram, que era totalmente e completamente apaixonado por ele desde então, que faria de tudo por ele, que o amava.

— Você se lembra do que me prometeu? - o Umino disse por entre o beijo -

— Que eu mataria por você?

Viu um sorriso rápido vir ao rosto do Umino, apesar de seu rosto ainda estar enxarcado pelas lágrimas.

— Não... Na última vez que nos vimos, antes de tudo isso se tornar uma bagunça, antes de nos tornamos uma bagunça... Você me prometeu que seríamos nós dois contra o mundo, que viveríamos bem longe daqui, que nós teríamos três filhos... Nós ainda podemos viver isso?

Entrelaçou suas mãos com as do Umino, mesmo que não respondesse o sorriso em seu rosto o entregaria, encostou sua testa com a do Umino.

— Fazem sete anos que eu espero você me pedir por isso, Kitty - ri - Você demorou muito. Mas eu aceito.

— Então vamos. - o Umino se soltou de mim indo em direção ao seu closet -

— Agora? - perguntou um pouco surpreso -

— Se foi o Assuma quem matou o Ibiki, ele sabe que você esta aqui comigo e provavelmente sabe que você tem trabalhado comigo - ele suspira - Eu não vou esperar ele te tirar de mim.

— Sabe? Essa é a coisa mais romântica que você já me disse. - ri -

Ouviu o mesmo suspirar irritado e se levantou indo até o mesmo, o abraçou por trás beijando o pescoço do mesmo, amava como a pele do Umino reagia em um dos seus pontos fracos junto com a fragrância doce que o Umino emanava, nem se importava que estava sobre ameaça de morte queria levar o Umino de volta para aquela cama gigante e matar os seis anos de saudade.

— Nós podemos ir mais tarde... Você me acordou derrepente eu ainda tô com sono, sabia? Vamos voltar pra cama.

— Kakashi - ouviu o Umino falar em um tom choroso - Por favor... Eu só quero ir embora, você vai poder me ter pro resto da vida... Só vamos embora. Você sabe o quanto isso é difícil pra mim? Desistir de tudo dessa forma, como um perdedor, abrindo a mão de tudo pro filho da puta do meu tio, meus pais devem estar me xingando de dentro do inferno porque eu duvido que eles tenham ido pra um lugar bom, eu não quero terminar como eles eu quero o meu final feliz.

— Eu prometo que vou te fazer feliz, Kitty. E você não vai se arrepender de ter me escolhido. Eu vou ir buscar a minha moto.

— Não! Nós pegamos uma na garagem, eu comprei uma quando decidi que ia aprender a andar mas... Nunca aconteceu.

— Eu vou te ensinar, você já tem um lugar em mente para nós irmos?

— Sim... Há alguns anos atrás eu comprei um chalé com a intenção de que poderia ser um lugar onde eu poderia fugir de tudo... Fica há uns 45 minutos de uma cidadezinha pequena, É pra lá que nós vamos, vamos construir a nossa família e a nossa vida.

Sorri, beijando o rosto do Umino e afundo meu rosto em seu pescoço, sentindo algumas lágrimas escorreram por meu rosto.

— O que foi, Kakashi?

— Eu tô feliz, eu finalmente vou ter uma família com você.

Puxou o Umino para mais um beijo.

»»————><————««

Não demorou para que estivessem na estrada, o Umino lhe dava as instruções de por onde seguir, por um lado tudo aquilo ainda parecia um sonho tinha medo que acordaria na cama do Umino depois da noite que tiveram e ele voltaria a ser frio e seco, mas a cada vez que o Umino o segurava com mais força se lembrava que nada daquilo era um sonho.

— Kakashi - ouviu a voz do Umino o tirando dos pensamentos - Tem um carro em alta velocidade vindo na nossa direção.

Olhou pelo retrovisor vendo o carro que se aproximava com velocidade e foi para o canto da pista para deixar o mesmo passar e sentiu seu coração bater mais rápido ao ver o carro parando no meio da estrada impedindo a passagem de qualquer carro, parou a moto e conseguiu ver as duas silhuetas conhecidas descerem do carro.

— Vocês acham que podem só fugir assim?!

— Você ganhou é isso que quer que eu diga?! - o Umino disse descendo da moto - Quer que eu me humilhe aqui também?! Você ganhou Assuma! Você matou o Ibiki! Você tem a cidade, você tem a mansão, o que mais você quer?!

O mais velho ri descontroladamente.

— Um Umino nunca deve se ajoelhar e abaixar a cabeça, é isso que eu quero que você faça e diga em voz alta "Eu não sou mais um Umino, eu sou uma vergonha, eu envergonhei a todas as gerações da minha família"

— Isso é ridículo! - disse saindo da moto também - Iruka! - segurou o moreno pelos ombros - Você não tem que fazer isso.

— E você não pense que eu esqueci de você, seu traídor! Mentiroso.

Ignorou o mesmo.

— Iruka, sobe na moto nós vamos embora.

— Kakashi. - viu o olhar frio do Umino - Tire as suas mãos de mim, e volte pra moto. Eu sei o que eu faço, não interfira.

— Você na precisa fazer isso, você sabe...

— Eu preciso, agora me dê licença, por favor.

Respirou fundo vendo o platinado se afastar, e me ajoelho no asfalto. Conhecia muito bem da onde vinha aquelas palavras, meu pai sempre havia me feito dize-las toda vez que acabava fazendo algo errado, era humilhante.

— Eu não sou mais um Umino, eu sou uma vergonha, eu envergonhei a todas as gerações da minha família. - permaneceu ajoelhado assim que acabou de falar, quando seu pai fazia sempre que se levantava antes que ele falasse, acabava apanhando -

— Pode se levantar.

Me levantei sem olhar nos olhos do mesmo, e me virei para voltar até a moto com Kakashi.

— Quer saber... Eu mudei de ideia... Não quero que você com um sobrenome tão importante acabe manchando a imagem da família por aí.

Ouviu o gatilho da arma sendo destravado e fechou olhos, não tinha dúvidas de que aquilo aconteceria desde de o momento em que pisaram para fora daquela cidade, eles haviam sido mais rápidos... Senti meu corpo ser empurrado com força para o chão assim que ouço o disparo em sequência, não havia sido atingido.

Não havia sido atingido...

Sinto meu coração disparar olhando em volta e vejo Kakashi no chão, coberto pelo sangue.

— SEU IDIOTA! - grito com o mesmo o tentando parar o sangramento de seu peito - PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?!

Ele sorri.

— Porque eu te amo.

Sinto a dor voltar a mim com toda força enquanto vejo o mesmo respirar com dificuldade.

— Eu também te amo.

— Eu sei. Eu sempre soube... Sabe? Se talvez tivéssemos sido mais rápidos - ele sorri - Nós poderíamos estar no seu chalé... Eu faria um chá pra você.

— Eu odeio chá. - falou com certa dificuldade sentindo as lágrimas me tomarem -

— Eu sei, mas eu faria mesmo assim... Pra te ver bravo e brigando comigo, você fica lindo assim, sabia? Muito mais do que chorando... Depois de brigar comigo, eu iria te beijar com todo o desejo do mundo... Como eu sempre te desejei. E nós iríamos pro quarto.... Não, isso demoraria muito - ele ri - Nós poderíamos fazer em qualquer lugar, e você engravidaria...

— Ela teria cabelos brancos como os teus...

— E lisos como os seus - ele põe a mão em meu cabelo - Me desculpa...

— Eu te amo, eu te amo tanto.

Colocou seus lábios contra os lábios do platinado, seus lábios frios... Ainda assim suas línguas dançaram mais uma vez com a paixão que restava em seus corações... Com a paixão que haviam nutrido e negado por tanto tempo...

Sentiu o platinado parar e soltou seus lábios, gritando o mais alto que podia, para tentar aliviar um pouco da dor que tinha em seu peito, em vão... Tudo o que amava havia ido embora e era tudo sua culpa, se não fosse tão egoísta, tão orgulhoso, aonde tudo aquilo havia o levado?! A morte das pessoas que mais amava, do que havia adiantando?!

Me levanto indo até Assuma com rapidez e me ajoelho a sua frente.

— Me mate também! Eu quero morrer! - olhou para ele e a mulher ao seu lado em desespero - ME MATEM.

— Não. - ouviu o mesmo dizer entrando no carro -

Viu o carro ir embora na mesma velocidade que havia chegado e me levanto novamente, andando pela estrada sem rumo. Não aguentaria olhar mais uma vez para o corpo de Kakashi, não aguentava mais. Sua mente estava vazia, seu corpo estava vazio não havia sobrado nada.

(❗Se você é muito sensível, só pula pro final❗)



Deus, se há um Deus

Conseguia ouvir ao longe o barulho de um motor e as rodas, rápidas contra a pista.

Seja piedoso comigo, ainda que eu não mereça isso.

Podia ouvir o barulho ficando mais alto conforme andava em direção à ele

Eu só quero ser feliz, não sei o que me espera... E não me importo com o que há do outro lado

Avistou o caminhão que tinha a velocidade alta demais para parar

Se algo ou alguém é capaz de me ouvir, me leve de volta para os braços dele...

Era capaz de ouvir a buzina ensurdecer seus ouvidos enquanto os faróis queimavam as suas vistas

Por favor, me leve para a única pessoa que me traz felicidade me leve de volta para ele

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"Você demorou, Kitty"

Obrigada por lerem❤

Se eu matasse alguém por você, Você me Amaria mais? [Kakairu] KakashixIruka ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora