Bônus 2 (Revisado)

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▪︎• Estou orgulhoso do seu esforço.

AVISO nesse bônus tem menção a maus tratos, caso se sinta desconfortável é aconselhado que você pule.

{HISTÓRIA}

Uma noite do casal desabafando.

Eles finalmente estavam sozinhos, o dia foi agitado demais e Azriel mal teve alguns minutos com o seu parceiro, o que deixava ele um pouco angustiado mesmo que soubesse que Lucien estava bem.

O ruivo se sentou no sofá suspirando, como se falasse um "finalmente" em sua cabeça, os músculos relaxando instantaneamente.
O Illyriano riu baixo, oferecendo a taça de vinho para o homem que aceitou ela de bom grado.

- Dia Longo?- O Encantador de sombras tomou a iniciativa para começar a conversa, se sentando ao lado do ruivo.

- Um pouco... nunca vi tanta documentação e Rhysand nunca me dirigiu tantas perguntas, e eu também tive que ajudar Elain no jardim... e não deu muito certo já que duas abelhas picaram ela e...- bufou dando de ombros, se controlando para parar de falar.- Enfim... e o seu?

- Tranquilo... e eu, eu queria contar algumas coisas sobre mim para você.- Com essas palavras Lucien ajeitou sua postura no sofá, observando o seu parceiro, ele sorriu de leve e segurou a mão do homem. Seus olhos brilhavam de compreensão e apoio, deixando claro que tinha consciência de como era difícil para Azriel se abrir.

O Moreno não fazia ideia de por onde começar, sabia que queria falar mas como contaria aquela história sem arrancar lágrimas do seu parceiro? E falar sobre aquilo doía de uma forma que ele não sabia descrever, seu coração parecia se contorcer e acelerar no peito ao mesmo tempo.

- Bem... certo... eu sou o filho bastardo de um senhor Illyriano...- Azriel respirou fundo quando as primeiras palavras saíram de seus lábios com certa facilidade, ele se ajeitou um pouco, tentando ficar mais confortável.- E durante muito tempo meu pai e minha madrasta me manteram presos em uma cela sem luz alguma... sem tochas, lâmpadas, velas ou janelas. Me alimentavam apenas quando queriam e meus meio-irmãos poderiam me torturar da forma que agradace a eles. A água era quase tão escassa quanto a comida.

O Illyriano apertou a mão de Lucien com cuidado pensando como continuaria, sabia que estava seguro ali e que algumas partes eram mais fáceis que outras... Azriel demorou segundos torturantes para dar prosseguimento. Suas sombras ficaram atentas, circulando ambos.

- Eles permitiam que eu visse minha mãe apenas uma hora por semana, e eu podia sair para ver o sol apenas nesse mesmo período de tempo, nada mais.

Azriel tomou um gole do vinho, hidratando a garganta seca e ganhando mais alguns segundos, ele queria chorar mesmo que não fosse fazer aquilo no momento.

- Meus irmãos um dia, decidiram que queriam misturar fogo e óleo com a cura Illyriana. Se o homem que guardava a minha cela tivesse demorado mais meio segundo para perceber o ocorrido e jogar água nas minhas mãos, talvez eu não as tivesse.- Olhou para as cicatrizes. Lucien deu um sorriso reconfortante, tentando encorajar o homem.- Então, naquela mesma semana, minha madrasta se cansou de mim e me levou ao acampamento Illyriano. Eu não sabia o que eu era, não sabia voar, não sabia nada sobre a minha espécie pois nunca tive a liberdade para fazer algo que meus instintos imploraram.

Az estalou a língua no céu da boca, dando um riso irônico.

- Apesar disso fui bem recebido por conta dos meus dons, vou dizer que não foi fácil fazer amizade com Cassian e Rhys mas assim que o fiz, fui bem acolhido pela mãe e pela irmã de Rhys também... aos poucos nos tornamos uma grande família.- Uma singela lagrima escorreu pelo rosto do mais velho.- Eu sofri tanto mas no fim... eu consegui ter uma família, uma que me amou e me ama até o último segundo de sua respiração... e, eu posso ter cicatrizes mas não me arrependo de nada.

Azriel mordeu o lábio, Lucien então puxou ele para o seu colo e o aninhou, tomando cuidado com as asas.

- Acabei matando meu pai quando me tornei mestre-espião, quando descobri que ele havia matado minha mãe dois anos depois que fui ao acampamento... eu tinha pensado que ela apenas não se lembrava da minha existência mas quando eu soube a verdade não consegui me conter.- Lucien beijou as mãos do parceiro.- Minha madrasta já tinha morrido em um parto, junto com o bebê e meus meio-irmãos... estavam na miséria, então não precisei fazer muito mais.

- Você foi muito forte, fico orgulhoso de ter você como parceiro, Azriel.- Falou Lucien com um pequeno sorriso no rosto após alguns minutos de silêncio, não crucificaria seu parceiro por ter matado algumas pessoas para que pudesse viver em paz, seria hipocrisia pois Lucien já tinha feito o mesmo.

O jerdeiro da corte diurna abraçou o Illyriano, deixando ele chorar de forma silenciosa e permitindo o mesmo se aconchegar em seu corpo, se aninhar enquanto recebia um leve carinho em seus cabelos.

Papai HelionOnde histórias criam vida. Descubra agora