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— VAMOS GABRIELLA, VAI ACABAR SE ATRASANDO!

Ouço a voz da minha mãe soar do andar de baixo, me apressando. Me olho uma última vez no espelho, sorrio e mando um beijinho pra minha imagem refletida no espelho. Pego minha mochila e corro até o elevador, mamãe me olha furiosa, a radiação do seu olhar ultrapassa o vidro do elevador panorâmico e me atinge. Sorrio e mando um beijinho pra ela, o elevador chega na sala e corro para abraçá-la

— bom dia coroa. — beijo o alto da cabeça da minha baixinha

— já falei pra você falar direito comigo, sua pirralha! — sorrio e me afasto dela e vou em direção a cozinha, sendo seguida por ela

— tá okay, dona Júlia. — sento no balcão e mordo a maçã que havia pego segundos atrás — aonde está o papai?

— o canalha do seu pai você sabe chamar certo, né? — ela cruza os braços e me olha incrédula, zangada.

Torno a sorrir e pulo do balcão voltando a abraçá-la

— sabe que eu te amo né mamãe?! — ela retribui o abraço e eu a encho de beijos — você é minha rainha, a mulher mais guerreira que conheço e tenho muito orgulho em poder chamá-la de mãe!

Ela seca o rosto que estava cheio de lágrimas e sorri

— oh meu Deus, minha menininha cresceu tanto! Seu padrinho morreria de orgulho em ver a mulher que se tornou — ela sorri triste, sempre fica cabisbaixa ao lembrar do meu tio que está internado em uma clínica psiquiátrica à anos

— por que é que ele está internado mamãe? — sempre tive essa curiosidade, mas ela sempre desconversa e muda de assunto.

— isso é conversa para outra hora filha, agora você precisa correr porque já está atrasada para aula

— não desconversa mamãe, me fala. Por que a senhora nunca me levou pra conhecer ele? Eu nem se quer sei aonde caralhos ele está!

— já chega Gabriella! Já te falei que conversaremos outra hora e que não quero você falando palavrão pra mim!

— ah tá, tá, tá! — pego minha mochila e saio de lá zangada em direção à garagem

— Gabriella me espera, eu tô falando com você! — ouço mamãe

— agora não, mãe. Tô atrasada pra aula.

Entro no carro e arranco o mesmo para longe dali.
Sorrio para o pessoal da entrada do morro, ao verem que sou eu liberam minha passagem e eu sigo em direção a minha nova escola.
Aumento o volume da rádio que tocava A Thousand Miles e sorrio cantando junto com a cantora, mas minha mente ainda vaga na conversa de mais cedo com minha mãe.

Sempre que pergunto sobre meu tio ela e o papai trocam de assunto, e sempre que procuro informações de onde ele possa estar eles me deixam de castigo.
Algo de muito cruel ele deve ter feito, não é possível ele ter sido sempre um louco de pedra e minha mãe deixar ele me apadrinhar...

Deixo meus pensamentos de lado quando chego na tal escolinha, somando com as outras, essa será a décima escola que sou expulsa. Sorrio e estaciono o carro, descendo.

Levo minha atenção para o celular, enquanto caminho para entrada da escola. Mesmo sabendo que meu celular seria hackeado a partir desta pesquisa que estou prestes a fazer e que consecutivamente ficaria de castigo por um longo tempo, abro o Google e pesquiso

" ator famoso mexicano que ficou louco"

Quando estava prestes a apertar a bússola de pesquisa, alguém se esbarra em mim, arremessando o celular para longe

Em minhas mãos Onde histórias criam vida. Descubra agora