2. Que eu não suporto esconder.

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☾

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Jeongguk inspirou fundo, encheu os pulmões com a maresia morna, e mirou aquela imensidão escura e estranhamente reconfortante. Era um alívio estar ao ar livre. Ele ainda sentia o peso sobre os ombros, e ainda evitava olhar para Taehyung, mas isso era o de menos. Isso não importava.

Talvez fosse o som das ondas, ou do jeito como, mesmo no escuro, a praia parecia tão serena quanto de dia. Ou a ausência de coisas, de cores, de pessoas, de casas, de tudo. Até a ausência dele parecia estar presente, e bastava. Foi o necessário para acalmar suas pulsações adoidadas no peito.

A praia tinha esse efeito meio místico, o lugar quase perfeito para uma conversa.

Quase.

Taehyung escolhera o lugar mais distante para ficarem, e nisso havia um misto entre ficar tenso ou muito relaxado com a situação. É que não era exatamente isso que o preocupava, na verdade. Jeongguk tinha medo de ser deixado ali, como parte de um plano mirabolante de Taehyung para se livrar dele duma vez por todas. De deixar ele sozinho, como na última vez; pisar no acelerador e simplesmente ir. Tudo para se livrar dele mais uma vez.

Por isso, só saiu depois de Taehyung, quando ele guardara suas chaves no bolso. Desse jeito ele poderia escutar o som do chaveiro, poderia... impedir? Pelo menos ele teria tempo de reagir, provavelmente.

Jeongguk estremeceu com aquele pensamento e abraçou o próprio corpo como consolo. Esqueça isso, ele se repreendeu. Agitou a cabeça e se inclinou para tirar o tênis. Era melhor deixar com que os pensamentos se dissipassem com o vento, ou então ele explodiria.

A quietude de Taehyung também não ajudava muito. O único som que ele fez, foi há uns cinco minutos atrás, quando decidiuㅡ em um estalo alto e impulsivo —, desviar o carro para a calçada de acesso à praia. As placas diziam, nitidamente, que carros não eram permitidos na areia, mas ele preferiu ignorar a lei, por um dia pelo menos, em prol da sua sanidade mental.

Até então ele vinha arrumando as tralhas na parte de trás da caminhonete, deixando escapar alguns murmúrios incompreensíveis, que mais pareciam vazar de seu cérebro conturbado. As mãos trêmulas separavam tudo com má eficiência, e sempre que algo escapava de seus dedos, ele xingava baixinho.

Quando achou ter terminado, soltou um suspiro alto-encorajador e olhou em volta. Jeongguk estava mais para frente, graças aos céus. Então ele deu um passo hesitante, grunhiu, bagunçou os cabelos e passou a caminhar até ele. Que catástrofe. Não sabia o que estava fazendo, e isso era visível em cada passo que dava. Estava cambaleando, e mordia o lábio inferior tão forte que o gosto metálico se tornara costumeiro.

ㅡ Consigo ouvir seus pensamentosㅡ Taehyung disse baixo, bem quando um vento gelado soprou o cabelo deles para cima. Estava forçando uma feição fria, séria, que pouco demonstrasse o quão nervoso ele estava.ㅡ Eles parecem estar mais altos do que o som das ondas lá na frente. Acredita?ㅡ Ele forçou uma risada.

Quando as luzes se apagam | kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora