٬ @. 𝐏𝐫𝐨́𝐥𝐨𝐠𝐨.

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Lá estava Rafaela, andando junto com as suas "amigas" na cidadezinha de Nova Venécia. Haviam 5 garotas no grupo: Evelyn, Gabriela, Joana, Kátia e Rafaela. As 4 andavam na frente, e Rafaela, atrás. Nunca se sentiu muito conectada com elas; toda aquela amizade foi só criada para agradar o seu pai, Francisco. Ele a contralava em todos os cantos de sua vida: amizade, relacionamentos,  hobbies, tudo.

A família da garota, naquele tempo, passava por uma situação difícil quando se tratava de dinheiro. Era proibida de falar sobre essa dificuldade para as pessoas, pois no fundo, Francisco e a sua esposa, Marta, só queriam fazer com que os filhos se relacionassem com pessoas ricas para que assim, a família tivesse um status de fama na cidade, e assim, poderiam tentar esconder o fato de que eles não possuem tantas condições assim. Antes de estar ali, caminhando com as colegas, Rafaela tinha acabado de deixar toda a quantia de dinheiro que teria conseguido ganhar com a venda de bombons. Isso já explica muita coisa da vida de Rafaela.

— Gente! Vamos passar naquele campinho de futebol ali ó. — Evelyn soltou. Ela era morena, com olhos pretos, e cabelos castanhos e cacheados que iam até os ombros. A sua voz estridente acabou chamando atenção de todas ali, até de Rafaela. — Eu me lembro que falaram que o Thiago iria jogar lá contra uns meninos de outra escola.
— O Thiago!? — Agora foi a vez de Kátia se pronunciar, a ruiva de cabelo liso, olhos verdes, tipo modelo. Todas ali tinham um crush nesse Thiago por ele ser o "popular" da escola, mas Rafaela nunca ligou muito para o garoto. — Vamos agora!
— É... Gente- — Rafaela iria se posicionar sobre a ideia, mas elas simplesmente seguiram para o campinho. Acabou não tendo muita escolha; não queria ficar sozinha no meio da rua, era perigoso. Respirou fundo, e as seguiu.

Na hora em que chegaram, haviam vários meninos jogando. Só tinha 1, que estava sentado na arquibancada, com o joelho sangrando. Ele acabou chamando a atenção de Rafaela: por que ninguém foi ajudar ele? Poderiam muito bem parar o jogo, ou alguém poderia sair da partida para levar ele a alguma enfermaria, ou até, ao menos, emprestar um paninho, ela pensou. Foi aí que se lembrou que, dentro de sua bolsinha rosa que carregava para todos os cantos, havia justamente alguns paninhos e curativos que ela mesma pegava e guardava, por pura precaução.

Os pensamentos de Rafaela foram cortados quando escutou as 4 meninas falarem "Oi, Thiago" em coro quando o citado se aproximou, todas com um tom de voz muito esquisito, parecendo crianças de 5 anos querendo chamar atenção de alguém. Ele era alto, de pele clara, cabelos loiros escuros e olhos verdes. O mesmo observou Rafaela e até quis falar com ela, mas fora levado pelas meninas até um canto aleatório.

Agora, a 5° garota estava sozinha, na entrada do campinho. Porém, ela manteve os seus olhos em alguém: o menino machucado. O seu pai não iria gostar do fato dela falar com alguém que ele não conhecesse, mas não achou que seria má ideia ajudá-lo só naquela hora. Ele não parecia ser uma grande ameaça, e aproveitando o fato de estar sem nada para fazer, Rafaela tomou a sua decisão e andou até o garoto. Subiu as escadas da pequena arquibancada e se aproximou do mesmo, timidamente.

— É... Oi?

O menino rapidamente a olhou. Parecia cansado, e o seu olhar transmitia dor e uma certa desconfiança; o machucado era feio, mas um ou dois curativos poderiam dar conta do recado até ele chegar em casa e colocar algo melhor para tampar.

— ... Oi. Quem é você? — Ele perguntou, confuso.
— Eu me chamo Rafaela, prazer. E o seu nome, qual é?
— Me chamo Richarlison. — Ele ajeitou um pouco a sua postura. — Tu é daqui? O teu "r" é diferente do meu.
— Bem... Sim. Eu vim do Rio, hah. Eu... Posso me sentar aí? Imagino que precise de ajuda com o joelho.
— Do Rio? Ata. Faz sentido. — Ele deu uma pequena pausa, escutando a pergunta da garota. — Tá doida, é? Eu consigo lidar muito- — Richarlison foi esticar o seu joelho para se pagar de forte, porém claramente sentiu dor. — Aí!
— Certeza que consegue lidar? — Rafaela sorriu minimamente.
— ... Tá. Talvez não muito. Se puder ajudar, eu agradeço.

𝐀 𝐃𝐀𝐌𝐀 𝐄 𝐎 𝐕𝐀𝐆𝐀𝐁𝐔𝐍𝐃𝐎 - Richarlison.Onde histórias criam vida. Descubra agora