٬ @. 𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐈𝐈𝐈.

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- 8 de agosto de 2020, 16h.
POV Rafaela.

Fomos andando até as duas extensas plataformas, e subimos em fila em um deles. Eu fiquei entre a Fernanda e Rosamaria. Olhei ao redor e o meu brilho diminuiu um pouco: a Arena estava completamente vazia. Nem Jessica, nem Hannah e nem mesmo Richarlison estava por lá. Eu fiquei tão pensativa enquanto aquilo, que não prestei atenção no início do discurso que estavam fazendo. Foi a Fernanda que me fez voltar à realidade momentos antes de recebermos as medalhas, com uma cotovelada de leve. Demos um sorriso uma para outra, e seguimos a cerimônia naturalmente. Recebemos as medalhas de ouro e os buquês de girassóis.

A comemoração momentânea do time durou uns 20 minutos. Logo, quando finalmente tinha acabado, o nosso time se reuniu para voltar ao hotel. Enquanto andávamos, Fernanda me puxou para o lado dela. Logo, ficamos um pouco atrás do pessoal.

- Ei, Rafinha.
- Hm? O que houve?
- É... 'Tu iria se incomodar se eu te perguntar algo que talvez seja meio pessoal?
- Pode perguntar, não vejo problema.
- Quando você tava caída no chão, depois de ter chutado a bola... - Ela pausou brevemente, e começou a dar um sorriso meio malicioso. - ... Tinha um cara ali que você ficou encarando, que estava te olhando também. Você sabe quem era ele, né?
- Eu-
- E nem venha negar que você não conhece, porque eu vi sua cara. Você conhece o Richarlison.
- Mas... Tem algum problema nisso?
- Quê? Não! Não é nesse ponto que eu quis chegar. - Ela riu. - O negócio é que... A olhada que vocês deram um pro outro parecia aqueles filmes de romance, onde a menina encontra o namorado no aeroporto depois de viajar por meses. Daí os dois se abraçam, chorando e falando o quanto sentiram falta um do outro e todo esse papo meloso aí.
- Pff, isso foi bem específico, não acha?
- Falei isso porque eu sei como é a sensação. Já passei coisa parecida com o Márcio. - Ela explicou, referindo-se ao marido. - Vocês já eram amigos a muito tempo?
- É uma longa história...
- Ah, vai! Conta! Eu juro de dedinho que não vou contar pra ninguém. Você sabe que pode confiar em mim. - Ela pegou em meu dedinho com o dela, e os entrelaçou. Acabei cedendo, mas só porque eu realmente confiava nela.
- ... Tá. É que... Assim, nós nos conhecemos quando eu tinha 14, e ele, 15, num campinho de futebol lá em Nova Venécia-
- No Espírito Santo? Quê 'qui tu tava fazendo lá, mulher? Você não era carioca?
- Haha, calma! Eu sou carioca. É que naquela época, a minha família estava passando por dificuldades financeiras, e não conseguimos nos manter no Rio. O irmão do meu pai morava em Nova Venécia na época, então fomos morar com ele, já que não tínhamos família no Rio.
- Ah... Entendi. Enfim, continua!
- É... Bem, nos conhecemos no momento que eu me ofereci para cuidar do machucado que ele tinha feito no meio do futebol. Quero dizer, depois que um moleque deu uma rasteira nele, ele foi de cara no chão e ferrou o joelho.

Fernanda escutava tudo com atenção, afirmando com a cabeça durante a conversa.

- E...?
- Daí, a gente começou a ser amigo, e... Você sabe, foi "evoluindo". Se é que você me entende.
- Hmm, ô se eu entendo! Vocês começaram a se apaixonar, não?
- Sim, sim. Daí, quando eu tinha 15, e ele 16, o Richarlison me pediu em namoro naquele mesmo campinho, durante o verão, com um anel que ele gastou um pouco do dinheiro que ele tinha ganhado com o picolé vendido. - Sem perceber, o meu rosto estava sorridente. Senti saudade daquela época.
- Que fofos. Ele parecia sentir tanta saudade, Rafinha.
- É... Eu vi ele entrando correndo no ginasio como um louco. Quase que foi de queixo no chão.
- Mas, viu. Como vocês se separaram?
- O meu pai. Minha família no caso, mas o meu pai foi o que teve a pior reação. Eles eram muito controladores com tudo em minha vida, e jamais me deixariam namorar, e ao menos conversar, com alguém como Richarlison. Conseguiram transformar a minha vida em um inferno por um namoro. - Respirei fundo, começando a ficar nostálgica. - Eu não consegui nem dizer "tchau". Ainda não entendo direito o porquê dele vir até aqui me ver.
- Ah, Rafaela, pelo amor de Deus! Você ainda não entende? Não ficou claro?
- "Claro" o quê?
- O sentimento não acabou, Rafa. O amor não acabou. Eu tenho quase certeza que, da sua parte, também não. Tô errada?

𝐀 𝐃𝐀𝐌𝐀 𝐄 𝐎 𝐕𝐀𝐆𝐀𝐁𝐔𝐍𝐃𝐎 - Richarlison.Onde histórias criam vida. Descubra agora