JUDAS - [ Wandinha x Daven ]

3 - História

Wandinha p.o.v

Enid se ajeita na cadeira me encarando. Ela quer saber mais sobre Daven e eu, não acho um problema contar a ela algumas coisas...

-- Bom, eu e Daven nos conhecemos quando tínhamos 8 anos, os pais dela foram visitar a minha família, eles são bem amigos, de longa data... - Digo observando Enid, que me olha com um olhar curioso.

-- Nós costumávamos brincar juntas, eu adorava tortura-la, como faço com Feioso, que é meu irmão mais novo. - Enid faz uma careta, ela não devia saber que eu tinha um irmão mais novo.

-- Daven tinha plena consciência que era mais forte que eu, e poderia muito bem negar as torturas, mas ela gostava de como eu sorria nessas ocasiões, ela nunca reclamou até o dia que eu joguei ela no lago... Como você ouviu mais cedo. - Digo olhando pro nada, e pensando nesse dia.

-- Mas por que você jogou ela? Foi pela tortura ou queria matar ela mesmo? - Enid pergunta.

-- Não, eu não queria mata-la, apenas sentir o prazer de ver ela se afogando, eu iria salva-la de qualquer jeito. - Falo encarando Enid.

-- E depois? O que aconteceu? - Enid balança a cabeça pro lado.

-- Os pais dela acharam melhor voltar a viajar pelo mundo, eles não param muito tempo em certo lugar, sempre estão se locomovendo. - Digo mexendo nos dedos.

-- A gente se dava muito bem, mas tinha algo nela que eu nunca soube o que era, seus olhos vermelhos sempre brilhavam quando me viam, um brilho vermelho claro, como se ela vivesse na escuridão e quando olhava pra mim, achava a luz. - Digo em um tom baixo, perdida em meus pensamentos e lembranças.

-- Eu ficava fascinada com aqueles olhos e queria sempre vê-los, mas depois que Daven foi embora, foi impossível... - Falo parando de mexer meus dedos e encarando Enid.

-- Nossa... Você sentiu falta dela? - Ela pergunta.

-- Senti... Mas apenas pelas torturas, nada mais!. - Digo friamente, é claro que não era apenas por isso, Daven foi a única "amiga" que realmente ficou depois da primeira tortura, todas corriam, normalmente elas choravam quando me viam, Daven não... Ela teve curiosidade de me conhecer.

-- Só pelas torturas? Era se imaginar já, bem seu estilo. - Ela diz dando de ombros.

-- Bom, era isso, já te contei o bastante, vou indo para o nosso quarto, até mais. - Digo me levantando e saindo sem esperar a resposta.

Ouço uma voz lá no fundo "Obrigada".

Daven p.o.v

Entro em meu quarto, totalmente vazio, a diretora havia avisado que eu não teria colega de quarto, senti um alívio ao escutar isso, quanto menos problema, melhor.
Ouço uma batida na porta, quem será dessa vez? Enid?
Ando até a porta, abrindo a mesma e fico surpresa com quem está do lado de fora.

-- Posso entrar? - Diz Wandinha me encarando com aquele olhar frio.

-- Pode. - Digo virando de costa e andando até minha cama.
  
  Ela fecha a porta e anda até a minha direção parando na minha frente.

-- Por que você veio para cá? - Ela diz sem nenhuma expressão, apenas me olhando fixamente.

-- Meus pais estavam pelas redondezas e lembraram de Nunca Mais, como dizem "É aqui que você vai se encontrar", acharam melhor eu ficar por aqui enquanto visitam a sua família e outros amigos. - Eu digo dando de ombros.

-- Mas você vai ficar quanto tempo? - Ela pergunta com uma ponta de curiosidade.

-- Não sei ainda... Eles não me falaram nada, mas creio que irei completar o ano, segundo meus pais, eles tem muito o que fazer por aqui. - Falo calmamente.

-- Entendo, espero que consiga se adaptar com a escola. - Ela diz, estranho um pouco, Wandinha nunca foi muito receptiva com as pessoas.

-- Acho que sim... E você? Tá gostando da escola? - Pergunto como quem não quer nada.

-- De primeira queria fugir, depois matar todos, mas percebi que essa escola é bem mais interessante do que você imagina. - Ela fala, e eu faço um semblante curioso.

-- Tem vários segredos por aqui, e estou afim de desvendar todos eles. - Ela continua.

-- Nada fora do comum, não é mesmo? - Me espreguiço e apoio os braços atrás das costas.

-- Eu queria te mostrar algo, a noite vai estar disponível? - Ela diz.

-- Vou sim. - Eu digo observando-a.

-- Certo, me encontra no quadrado depois da 00:00. - Ela diz e se vira para a porta, caminhando.

-- Ok, até logo. - Digo deitando na cama.