JUDAS - [ Wandinha x Daven ]

4 - Verdades

Daven p.o.v.

Agora é exatamente 23:55, estou descendo as escadas, a caminho do quadrado, chegando lá já encontro Wandinha me esperando, ela não diz nada, apenas sai caminhando para o lado aposto que eu vim.
Sigo a mesma até um corredor com uma estátua, Wandinha para na frente dela, a encarando.

-- Então... Viemos ver uma estátua? - Digo esperando uma resposta.

-- Não, a gente veio ver isso! - Ela diz, levantando a mão pra cima e dando dois estalos com os dedos. A estátua foi para trás revelando uma sala secreta.

-- Maneiro... - Digo caminhando até a entrada, seguindo os passos de Wandinha.

-- Aqui é uma sala secreta, antigamente tinha um clube de Elite, hoje em dia também tem, mas não é tudo isso... - Diz ela, andando pela sala olhando os livros.

-- Então mais pessoas sabem sobre isso? - Digo tocando em alguns livros cheios de poeira.

-- Sim, mas são poucas. - Ela diz se escorando em uma estante e me encarando.

-- Entendi... Mas então, queria me mostrar só isso? - Falo e continuo olhando os livros.

-- Não, queria conversa um pouco também. - Ela diz e continua a me encarar.

-- Você querendo conversar? Nunca Mais realmente muda as pessoas... - Digo para ela.

-- Ficamos muito tempo sem nos falar, e também eu tenho uma coisa para perguntar. - Ela diz cruzando seus braços.

-- Realmente. Mas então, pode perguntar. - Digo parando alguns metros dela.

Wandinha p.o.v

Trouxe Daven para a sala secreta justamente para perguntar sobre seus olhos vermelhos que até hoje me assombram.

-- Seus olhos... - Digo para a mesma.

-- Meus olhos? - Ela me encara com um expressão de curiosidade.

-- Sim, seus olhos. Quando nós éramos  menores, sempre que me olhava seus olhos brilhavam intensamente. - Digo a observação. Seu semblante mudou para sério.

-- Hum, na verdade eu não sei por que eles faziam isso, é curioso até hoje. - Ela diz coçando a cabeça, logo virando de costas para mim e mexendo novamento nos livros.

-- Será mesmo? - Eu digo tentando provoca-la, esperando uma resposta verdadeira para a minha pergunta.

-- Você está duvidando de uma coisa minha? Eu disse que não sei. - Ela diz em um tom sério, logo percebo que ela não vai me dizer realmente o que houve.

-- Certo certo, não precisa ficar nervosa. - Digo sorrindo de canto, é muito bom ver ela toda nervosinha.

Daven p.o.v

Wandinha queria saber sobre meus olhos brilharem na infância, eu não poderia simplesmente dizer a verdade, iria ser meu próprio suicídio. Mas garanto que ela vai procurar o motivo, ainda mais agora.

Continuo caminhando pela sala, Wandinha não diz uma sequer palavra, mas sinto seu olhar perdido sobre mim.

-- Tá pensando em algo? - Pergunto sem olhar para a mesma.

-- Apenas lembrando de quando eu te torturava, por que você sempre deixava? Obviamente você iria conseguir sair delas, mas sempre ficava.

-- Você mudava quando fazia, era o único jeito de te ver "feliz". - Digo fazendo aspas com as mãos.

-- Então você só me deixava te torturar para me ver feliz? - Ela diz me encarando pelas costas.

-- Sim, você ficava linda sorrindo... - Falo em um tom baixo, olhando para cima, afim de disfarçar o que acabou de ser dito.

Olho de canto e vejo Wandinha se aproximando, sinto uma sensação estranha, que já havia sentido antes.
Viro rapidamente para ela, observando seus passos.

-- Seus olhos estão brilhando como antigamente... - Ela diz, cada vez chegando mais perto.

Merda merda, preciso sair daqui. - Penso comigo mesma.

-- Sério? Acho que deve ser a sala, aqui o clima é meio pesado né? - Digo tentando sair da situação, qualquer mentirinha é valida.

Wandinha se aproxima mais ainda, até parar na minha frente e ficar entre a ponta dos pés se aproximando do meu ouvido.

-- Mentirosa!! - Ela diz em um sussurro, me deixando em transe.

Ela volta o corpo a minha frente me encarando, como se soubesse o que eu estava pensando.

-- Você me olha como Judas. - Ela diz pegando no meu rosto e observando cada feição.

-- Acho que essa sala não está te fazendo bem. - Retiro sua mão do meu rosto, logo caminhando para a escada que dava na saída.

-- É, não deve estar mesmo... - Ela diz me seguindo, sem dizer mais nada.