Era 21:30. Um horário peculiar para uma entrevista de emprego, pensei, mas quem era eu para questionar? Na minha situação, aceitar qualquer oportunidade era imperativo. As dívidas que minha mãe deixara pesavam como correntes invisíveis, arrastando minha vida para um abismo perigoso. Os agiotas já haviam deixado claro o que aconteceria se eu não pagasse, e eu ainda gostava da minha cabeça no lugar.O endereço indicado pelo homem no telefone me levou a uma mansão isolada, nos arredores da cidade. O tipo de lugar que faria qualquer pessoa sensata hesitar, mas eu não tinha esse luxo. Precisava do emprego. Eles haviam prometido um salário considerável, e, aparentemente, eu era a única candidata, o que parecia estranho, dado o potencial da vaga. Mas, mais uma vez, questionei o que eu estava disposta a fazer para salvar minha própria pele. Era tarde demais para voltar atrás.
Quando estacionei em frente à mansão, senti um arrepio. A fachada imponente refletia a opulência de quem vivia ali. As janelas altas, as colunas elegantes e a atmosfera de um luxo antiquado me fizeram questionar se realmente deveria estar ali. Respirei fundo e caminhei até a porta principal. Eu estava nervosa, mas não podia me dar ao luxo de falhar. Esta era minha última chance.
Fechei os punhos e me preparei para bater na porta, mas, antes que meus nós dos dedos sequer tocassem a madeira maciça, a porta se abriu com um rangido sutil. Meu coração saltou. Um homem apareceu à minha frente. Ele era alto, vestia um terno cinza impecável, e seus cabelos castanhos estavam perfeitamente penteados. Mas o que realmente me chamou a atenção foi sua pele — alva como mármore, quase translúcida, como se ele evitasse o sol há anos.
— Você deve ser a candidata para a vaga, certo? — Sua voz era grave, mas não ameaçadora. Ele abriu a porta um pouco mais, como se me convidasse a entrar, sem tirar os olhos de mim.
— Sim, sou eu mesma. Com licença. — Minha voz soou mais baixa do que eu pretendia.
Ele observou cada movimento meu com uma precisão desconcertante, analisando-me de cima a baixo. Por um momento, me senti como uma peça sendo avaliada em uma prateleira. Tentando ignorar a sensação incômoda, segui seu gesto para dentro.
O interior da mansão era ainda mais deslumbrante do que a fachada sugeria. O chão de mármore ecoava meus passos, e as paredes altas estavam cobertas de quadros antigos que pareciam me observar de volta. O ar era pesado, carregado de história, mas também de algo que eu não conseguia definir. O silêncio era absoluto. Nenhum sinal de vida, além de nós dois.
— Por aqui — ele disse, começando a subir uma escadaria ampla que levava ao segundo andar. Eu o segui, o som dos meus sapatos quase me ensurdecendo no vasto vazio da casa. A curiosidade começava a se misturar com um sutil desconforto. Será que ele vivia ali sozinho? Não havia qualquer indício de funcionários, familiares, ou outros moradores.
Finalmente, ele parou diante de uma porta de madeira escura e a empurrou suavemente. Entramos em uma sala espaçosa, iluminada apenas por um abajur de canto. Havia uma escrivaninha grande no centro, sobre a qual repousava um relógio de ouro e alguns papéis. Atrás dela, uma poltrona de couro imponente.
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Bad Blood
Vampir- Você é diferente dos outros humanos, Lily... E isso só me faz querer... devora-la. - Disse o homem deixando suas presas a mostra. - Fique a vontade... sou toda sua. - Me aproximei dele, o provocando. - Não me provoque, não sei do que sou capaz se...