➳ Prólogo| Promessa

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Mas se você me amava
Por que me deixou?

➳ All I Want | Kodaline

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Algum lugar, Europa

26 de março, 1682

Corro pela grama sentindo meus pés ficarem úmidos devido ao gelo recém-derretido, meus dedos se enchem de terra causando uma sensação arenosa entre eles. Observo cada pequeno detalhe, desde as formigas carregando seu alimento, até os mais altos pássaros no céu. O vento bagunça meus cabelos negros como carvão, e os capins-dos-pampas arranham minhas pernas brancas e humanoides. A brisa está gélida, estamos no fim do inverno, por isso a colina está recheada de bocas-de-leão e petúnias.

- Vá com calma, Êkjčø- Escuto a voz da minha mãe me chamar, ela não quer que eu me afaste tanto, pois tem medo de predadores. Segundo o papai, somos os mais letais predadores da região, não entendo o que ela teme. Deito no chão e escuto o barulho do capim se contrair abaixo de mim.

Minha mãe caminha lentamente em minha direção, uma enorme loba branca andando com uma pata na frente da outra, tão silenciosa, que é imperceptível até para um morcego.

Me levanto rapidamente e corro até o outro lado da colina, onde há várias árvores com folhas que pendem de seus galhos e formam uma espécie de véu que esconde a parte interior da planta; tal como um fontanário. Me aproximo a passos rápidos. O lugar possui um aroma cítrico, como o que se sente quando se amassa trevo na mão. Aqui é muito escuro, mas minha visão se adapta bem, o suficiente para eu ver que há dezenas- talvez centenas- de árvores como esta.

Vejo um pequeno brilho surgir entre as árvores. Como um vaga-lume, a ínfima luz se aproxima sorrateira, deixando rastros de brilho dourado por onde passa. Tento tocá-la com a ponta dos meus dedos, quando outras aparecem para mim. Elas são como pequenas gotas de estrelas, brilham como pérola derretida e possuem ondas douradas que se quebram como as ondas do mar.

Estava tão encantado que mal notei minha mãe se aproximar em sua forma humanoide. Seus cabelos são negros como os meus, seus olhos são castanhos e lembram grãos de café, sua pele alva, agora, está levemente bronzeada pelo sol. Ela é alta, assim como sua loba, e bela, muito bela.

- Por que esses vaga-lumes estão brilhando a luz do dia, mamãe?- Penso no primeiro inseto que me vem à mente.

- Não são vaga-lumes, Êkjčø.

- E o que são?

- São memórias, almas dos nossos antepassados.

- E por que elas ficam aqui, sem nenhuma proteção?

- Há uma profecia que diz que uma fêmea escolhida pela lua será capaz de unificar espécies e amansar até a mais terrível das criaturas noturnas. Ela será a guardiã dos véus e, portanto, terá controle sobre a vida, a morte e tudo que está entre eles, inclusive as memórias dos antepassados.

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