𝗽𝗿𝗼𝗹𝗼𝗴𝘂𝗲

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00 prólogo

  SOB A MONTANHA. Três palavras que apavoram absolutamente qualquer um que as escute. Que sequer pensem nelas.

  A montanha, antes sagrada para o povo, agora era motivo de medo. Os Feéricos tinham medo de sequer pensar nela. Amarantha a dominou, transformando-a em sua corte. Os boatos dizem que a Ardilosa inspirou-se na Corte Noturna para criar sua corte.

  Mas Alyssa não ligava muito, vivendo em uma cidade dentro da corte escondida por magia, oferecendo abrigo e proteção para aqueles que chegam e buscando uma maneira de salvar seu Grão-Senhor. Alyssa é particularmente encarregada disso, encontrar um jeito de entrar naquele lugar assombroso e salvar o macho.

  Nem ela nem Viviane tem tantas esperanças disso, a Ardilosa é esperta, não dá brechas para que entrem. Além disso, a fêmea é encarregada de proteger a cidade e resgatar quantos cidadãos conseguir das garras da Grã-Rainha, o que não deixava muito tempo de sobra.

  Era o que ela estava fazendo agora.

  Correndo pelas florestas nevadas, Alyssa podia ouvir o barulho dos galhos congelados partindo sob seus pés. Não estava nevando naquela manhã, mas estava frio, um vento cortante açoitando o rosto da fêmea e balançando as mechas soltas da trança que usava. Entretanto, não se deixou abalar, era da Corte Invernal afinal.

  Suas vestes eram um traje de batalha, projetados especialmente para ela, tempos atrás. Todo preto, refletia um brilho acinzentado, esbranquiçado sobre as escamas. Podia se camuflar no inverno, mesmo estando de preto. A fêmea o vestia todos os dias, sendo raros os momentos que não estava com o traje.

  Alyssa sentiu as coxas queimarem conforme corria mais e mais, sem vacilar ao disparar em direção a seu destino. Seu coração estava disparado e sua respiração ofegante, mas não cessou sua corrida.

  Dúzias de crianças estavam em perigo. Não permitiria que as matassem.

  Estavam em perigo porque rebeldes em Sob a Montanha decidiram atacar a Grã-Rainha, liderados pelo Grão-Senhor, Kallias. E foram mortos. Amarantha mataria dúzias de crianças como punição.

  A fêmea corria até lá sabendo o que enfrentaria: a Morte Encarnada, capaz de massacrar exércitos.

  De acordo com as informações afoitas de seu mensageiro, Rhysand estaria lá para matar as crianças pessoalmente.

  Alyssa não estava nem aí, para salvar seu povo faria de tudo. Até mesmo enfrentar um Grão-Senhor. Até mesmo o mais poderoso de toda história.

  Mas o arrepio que lhe subia a espinha a dizia que encontraria algo diferente hoje. Não sabia o motivo, mas sua intuição dizia que hoje seria diferente.

  A fêmea não cessou sua corrida desesperada em direção as crianças.

  Alyssa chegou a uma clareira, vendo dúzias de crianças ajoelhadas, chorando e gritando, desesperadas com os soldados armados perto de si. A fêmea tremeu, se escondendo estrategicamente, se preparando para intervir, mesmo quando seu corpo e mente estavam desesperados para tirá-las dali logo.

  Analisou a clareira.

  As lágrimas escorreram sem sua permissão, e Alyssa se preparou para absorver aquela presença, aquele poder...

  Não veio.

  Aquele poder que — mesmo sem sentir sabia como seria quando encontrasse — podia esmagá-la com um pensamento, não chegou até si. Em vez disso, um macho loiro de olhos azuis estava parado diante das crianças.

𝗖𝗢𝗨𝗡𝗧𝗜𝗡𝗚 𝗦𝗧𝗔𝗥𝗦, 𝗿𝗵𝘆𝘀𝗮𝗻𝗱Onde histórias criam vida. Descubra agora