Parte II

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10 anos mais tarde...

Uma música qualquer tocava alto, preenchendo o ar. Não deixando nenhum espaço para conversas paralelas, como se obrigasse todos os presentes a ouvi- la.

Três jovens, com não mais que vinte anos discutiam entretidos. Sentados ao redor de uma das mesas da cafeteria, que parecia não ter saído dos anos oitenta.

- Kai, sinceramente... acredita mesmo nisso? Nunca pensou que, talvez não passe de uma história que seu avô lhe contou, apenas para te entreter? - disse o que parecia ser o mais velho deles. As ondas de seus cabelos balançavam, movidos pelo ventilador barulhento. Usava armações pretas ao redor dos olhos, exibindo atrás das lentes suas orbes cor de mel.

- Ele disse que viu a coisa com os próprios olhos! - disse o outro jovem quase irritado. Tinha a pele clara como leite e cabelos escuros como a noite.

- Sabe, as vezes os mais velhos mentem.

- Ele não estava mentindo! Eu já li vários...

- "Vários artigos e relatos de pessoas que juram que viram o tal corpo seco"... É a gente sabe. - o outro que até então não havia se atrevido a participar da conversa disse, em um tão descontraído. Sua pele morena avermelhada, chamava bastante atenção, junto com seus cabelos negros.

- Já não te falamos pra não acreditar em tudo que você lê na internet? Metade das coisas não passam de mentiras, feitas por idiotas que não tem ocupação e ficam alimentando a mente de gente tipo...

- Tipo eu?

- Olha Kai... você já desperdiçou tempo de mais da sua vida com isso. É obcecado por um zumbi do mato desde que eu te conheço.

- Agora é diferente! Não é apenas teoria, eu descobri onde fica a gruta que meu avô me contou! - disse visivelmente animado - Vocês vem comigo, não é? - perguntou, olhando com espectativa os amigos.

- Por Deus! Raoni, me ajude aqui! Diga pra ele que está ficando maluco. - implorou.

- Bom, na verdade... Eu acho que pode ser uma aventura e tanto!

- Procurar um homem morto, que provavelmente nunca existiu? Essa é sua ideia de aventura? - perguntou cético.

- Ótimo! Vamos quando estiver anoitecendo. - Kai diz, começando a se animar de verdade - Você vem conosco, não é Otto?

- Vamos lá! O que pode acontecer de ruim? Vai ser como um passeio pela floresta. - Raoni começou a falar quando viu a cara de poucos amigos que o outro fez - A noite. Com todo tipo de animal carnívoro, cobras, aranhas... mas ainda sim, só um passeio inofensivo.

Otto soltou um murmúrio de rendição.

- Tudo bem.

๑๑๑

O trio de amigos seguiam enfileirados em direção a uma das poucas trilhas que levava ao leito do rio.

Enquanto Kai e Raoni estavam visivelmente animados, Otto parecia apenas suportar tudo aquilo, olhava tudo e todos ao seu redor com um tédio palpável.

Kai estava munido com todo tipo de tralha. Um lupa, um livros antigo de lendas locais, esparadrapo, e uma adaga. Esses eram alguns dos itens que ele levava em sua mochila.

A LENDA DO CORPO SECO | CONTO Onde histórias criam vida. Descubra agora