Capítulo Único

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Era começo de verão no Japão, e Tamaki já não aguentava mais ficar em casa. Era tão quente, pensava angustiado, odiando o fato de não ter muito o que fazer. Por causa de sua situação atual, ele havia tirado licença maternidade, e desde o primeiro mês de gestação, estava fora de campo, operando somente no escritório de Fat Gum - e agora não mais, levando em conta que já estava nos dias finais.

Apesar de sua estrutura corporal ser magra, ele fez uma grande barriga que atraia olhares cheios de admiração e fofura - principalmente do pai, Mirio. Aquele fruto havia sido planejado por ambos há anos, e Tamaki estava muito feliz que faltava pouco para poder pegá-lo nos braços. Ainda sim, não podia evitar de sentir o medo de como seria o dia. Mirio e ele haviam conversado, e já estava certo, seria cesário somente se fosse um parto complicado, caso contrário, seria o normal - até porque era mais rápido a recuperação. E se essa era a decisão do omega, Mirio não ousava contrariá-lo.

O dia estava somente no começo, o relógio marcava as 7hrs da manhã, e Amajiki continuava andando de um lado para o outro pela casa. A noite não havia sido muito bem aproveitada, pois sentiu alguns incômodos horríveis, mas após tantos alarmes falsos, nem sequer deu muita importância para esse. Mirio havia ido para a agência de Nighteye cumprir com seu horário de herói, já que entraria de licença paternidade só quando o filho nascesse, e isso significava que Tamaki estava sozinho agora. 

Levantando-se do sofá, pausou o filme e saiu de sala com uma mão apoiada em sua barriga. Agora, a gestação não era mais sigilosa e eles já estavam na mira da mídia, o que só servia para aumentar a ansiedade de Tamaki. Mas o que podiam fazer naquela situação? Os primeiros meses foram fáceis de esconder, mesmo com eles questionando o motivo do herói Suneater estar ausente em campo, mas agora não tinha mais como. E com suas vidas de heróis, Mirio e Tamaki também tiveram que assumir grandes responsabilidades e tomar diversas decisões em prol de proteger o pequeno ser que crescia.

Com seu cenho franzido suavemente, Tamaki dirigiu-se à cozinha, mirando na geladeira para encontrar algo que fosse gelado e delicioso. Para sua sorte, ainda havia um pouco de açaí que Mirio havia comprado na noite passada, e sem perder tempo, o pegou para comer. Como só tinha um restinho mesmo, ele nem se deu o trabalho de pegar algum potinho. Tirando uma colher da louça lavada sobre a pia, começou a comer com calma, gemendo baixinho em prazer pelo gosto.

"Você realmente gosta de doces, hein?" falou para seu bebê, não tendo muita vergonha de ser pego agora. "Doces e gelados, claro." 

O bebê não mexeu, parecia estar com preguiça e Tamaki não estranhou, já que o mesmo sempre foi preguiçoso em relação a isso. Passando a mão livre na barriga, sorriu com carinho antes de voltar a comer. Estava prestes a levar a colher à boca quando uma forte contração veio. Soltando o pote, ele congelou no lugar, olhando para a barriga com desconfiança. "É agora?" perguntou para si mesmo.

Ele já havia tido nos últimos dias algumas contrações, e todas elas acabaram sendo falsas. Tamaki já havia chorado demais, se desculpando com seu companheiro por tê-lo tirado do trabalho por alarme falso. E foi por isso que não ligou de imediato, preferindo esperar por mais uma como garantia. Mirio certamente odiaria essa ideia, mas estava fora de cogitação atrapalhá-lo mais uma vez. 

Abaixando-se com cuidado, ele segurou-se na pia antes de esticar o braço esquerdo para pegar o pote caído no chão. Feito isso, ele o deixou sobre a pia e foi buscar por um pano, para limpar a sujeira. Jogando-o no chão, transformou sua perna em uma pata de galinha, limpando bem toda a região suja. Mas, novamente, após ter se abaixado para pegar o pano, outra contração veio, e dessa vez bem mais forte do que a primeira. 

Segurando-se na pia, ficou de cócoras enquanto dava pequenos pulinhos, lembrando-se bem do conselho que a sua médica havia dado. Por hora, a dor nem era tanta assim, embora fosse desconfortável o suficiente para fazê-lo engolir em seco. Levantando-se, pôs uma mão nas costas, franzindo o cenho em desgosto quando sua mente lhe lembrou que aquilo não era nem a ponta do iceberg. "Okay… Eu posso fazer isso." murmurou, respirando fundo. "São apenas contrações, não há motivos para enlouquecer e correr para o hospital agora. Nenhum tampão caiu ou a bolsa estourou… Dá pra segurar." dito isso, ele conseguiu se tranquilizar por hora, já que conferiu tudo sobre a hora do parto uma e outra vez quando estava tendo suas crises.

Ocean Eyes - MIRITAMAOnde histórias criam vida. Descubra agora