Capítulo 1.

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"A escolha é possível, em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher. Eu posso sempre escolher, mas devo estar ciente de que se não escolher, assim mesmo, estarei escolhendo."
Jean-Paul Sartre, O Existencialismo é Humanismo.

p.s. sem revisão minuciosa.

Músicas ouvidas ao decorrer da escrita, caso queira sentir as emoções que desdobraram cada linha:

.Crazy in Love - Sofia Karlbeg
.Joke's on You - Charlotte Lawrence
.Toxic - Cover. Melanie Martinez
.Mount Everest - Labrinth
.In This Shirt - The Irrepressibles
.All of Us - Labrinth
.Sweet Serial Killer - Paris Snow (e outros)

Boa leitura, queridos.

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Heloísa é uma jovem de 23 anos, formada em arquitetura; loira, baixinha e muito brava. Sempre foi considerada a fortaleza de sua família, a psicóloga dos amigos e a presença de ouro em qualquer lugar. Lésbica bem resolvida; independente e feliz. Ou será que essa felicidade escondia algo por trás?

Em um de seus dias costumeiros, precisou ir à livraria, com o intuito de pegar uma encomenda. No caminho, distraidamente olhando pras vitrines das lojas, esbarra em alguém, e, ao invés de ouvir grosserias, escutou gentilezas.

Ela, esquentada como era, proferiu:

- Ei, gigante, preste atenção!

Quando observou, conhecia aquele rosto que lhe fitava como se fosse uma miragem. Um cabelo curto castanho claro com algumas ondulações; pele marfim, olhos castanho avermelhados e sorriso... estonteante.

- Bubba?!

- Lú!! O que faz por aqui?

- Vim fazer uma retirada. Mas, espera... Minha mãe sabe que você voltou?

- Ah, claro que não. - respondeu triste. - Sabes que ela se afastou de mim. Respeitei sua decisão.

- Deixa de besteira! Foi há 8 anos, muita coisa mudou. Aliás, o que você fez pra ela ter decidido agir assim? Ela nunca me disse. - Fingiu indiferença.

- Lú, tenho um compromisso agora, será que podemos almoçar juntas?

Após muita relutância, foi convencida a se encontrarem no horário do almoço.

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Acabaram marcando em um restaurante chines; simples e delicioso. Conversavam amenidades, atualizando uma à outra sobre suas vidas profissionais.

- Lu, você lembra das comidas que eu levava?

- Sim, sim. Agradeço a você por não ter um paladar infantil, porque se fosse por mamãe... Aliás, - fitou a mulher esguia a sua frente. - Você vai me contar o motivo de terem se afastado?

- Bem... - pigarreou. - Algumas vezes é complicado se manter perto devido algumas diferenças. Sua mãe... bem, ela não aceitou algumas opiniões e decisões minhas. Pra ela, ou era de um jeito, ou não era. - mexeu a comida com o garfo, praticamente brincando. - E eu não pude ir contra.

- Vasto, não acha? Penso que sou crescida pra lidar, Bruna.

- Não é isso, Lu. - Escutar seu próprio nome daqueles lábios foi uma dualidade desconcertante. - Existem situações que não dizem só respeito à minha pessoa; sua mãe faz parte, e ela tem o direito de contar ou não.

- Entendi.

As duas ficaram em silêncio por alguns minutos, enquanto terminavam de comer. Ou fingiam comer.

Se for para queimar, queimemos juntas. (LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora