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15 anos atrás...

- Vem! Vamos brindar - falou levantando a latinha de cerveja.

- Saúde! - brindamos.

Uau, eu estava bebendo pela primeira vez! O gosto era consideravelmente ruim, mas, era bom. A ácidez descendo pela garganta deixava os meus pelinhos todos arrepiados, e fazia bolinhas no meu estômago - balancei a latinha - era legal.

- Uou! Terra chama Naruto?! - falou Temari estralando dois dedos na minha frente.

- Hm? Ah, oi...

- Você está bem? - dessa vez quem me perguntou foi Shikamaru. A entonação de sua voz era preocupada enquanto penteava meus cabelos.

Shikamaru. Meu melhor amigo desde sempre. Nossas mães são amigas de universidade e por conta de duas ruas não são vizinhas, então crescemos juntos. Na verdade eu penso nele como meu irmão mais velho. Mais inteligente e mais forte. Um porto seguro para onde eu sempre posso ir chorar no ombro quando termino de ler um livro triste, ou quando aconteceu alguma coisa triste. Ele sempre esteve lá comigo. Eu gosto muito dele.

- Hurum, estou sim. - sorri e olhei para a galera - Não se preocupem - balancei as mãos - Eu estou bem.

Estávamos fazendo uma "confraternização". Ontem tinha sido nosso último dia de aula, tínhamos finalmente acabado a escola. Jovens e futuros adultos universitários.
Alguns iam fazer universidade fora do país, já outros tinham que voltar para os seus, eram intercambistas, e para não dizer nunca, ia demorar muito para nos vermos novamente. Não queria estragar o clima com a minha melancolia.

Nao é nada de mais. O que eu estou sentindo todo mundo sente ou sentirá. Passamos vários e vários anos repetindo as mesmas frases;"Queria terminar a escola logo." Ou "Não vejo a hora de terminar." E até mesmo " Sonho com o dia que as aulas vão acabar... E dessa vez não vai ser comigo". Eu sei que dizem isso por aí, eu mesmo falava isso antes. Mas aqui estou eu. Formado no ensino médio me preparando para universidade e agora eu digo que o que eles dizem sobre, "aproveite porque quando passar você vai sentir falta" é verdade. Eu não vou sentir saudade da fórmula de Bhaskara da matemática, muito menos do Aristóteles da filosofia. Não. Mas com certeza, vou sentir falta dos momentos que agora eu só tenho em memórias, carinhosas e calorosas que eu vou levar até o fim da minha vida - ou até o Alzheimer.

- Acho que bebemos de mais. - Akin murmurou meio grogue de bebida - Eu tô indo, - bateu as mãos na mesa e se levantou meio cambaleante - e você vem comigo Ashia.- apontou para a irmã.

- Aish... Eu não quero, - balançou a cabeça em negação - vamos lá, mais uma rodada! - sorriu embriagada, dando um contraste de sua pele negra com os seus dentes bancos de dá inveja.

Eles são Akin e Ashia. Além de serem irmãos com apenas um ano e meio de diferença, são intercambistas, vieram diretamente da Nigéria. Akin, é mais sério, talvez por ser o irmão mais velho de sete filhos - os pais dele gostam muito de ter filhos, foi o que ele disse. Ashia é a mais espevitada dos sete, com síndrome de DOCDMEP. Não sabe o que é? Síndrome de "Deixar Os Cabelos Da Mãe Em Pé"- palavras de seu irmão e confirmação com as gargalhadas dela. É uma graça, manhosa e fofa.

Olhamos e rimos da interação deles dois.

- Pois, nós já vamos também. - Temari agarrou o braço do seu namorado e deitou a cabeça no ombro - Temos que deixar o docinho em casa, não é amor? - piscou exageradamente.

- Nem vem pra cima mim. - intervi quando terminei a cerveja - Já disse que não precisava irem me deixar em casa, - fiz bico - Já sou grande o suficiente para ir pra casa só. - mostrei a língua e ela mostrou de volta.

Algumas coisas só acontecem no Natal Onde histórias criam vida. Descubra agora