Onde Hyunjin vivia plantando novas mudinhas todos os dias, mas nunca entendia o motivo delas não florescerem como via nos vídeos de instrução que tinha na internet. Isso apenas até certo dia, onde percebe a presença de um de seus vizinhos que espera...
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Quanto tempo é preciso para que uma perda seja apenas uma memória e deixe de ser tão intensa quanto estava sendo naquele momento? Quanto tempo para que o coração não se sinta destroçado todas as vezes que algo o lembre da pessoa amada?
Hyunjin sabe que ainda vai ter que lutar muito para obter essas respostas e que nesse meio tempo não pode se deixar cair, ou seja, tinha que continuar levantando todos os dias e dando o seu melhor para seus dois filhos que precisavam muito dele.
A pequena Sun viu e lembra de tudo tendo uma mudança extrema de seu comportamento para a surpresa dos meninos que iam ainda mais para a casa do Hwang ajudá-lo com pequenas coisinhas para que esse sentisse que tinha o controle da situação.
Bang Chan, o psicólogo infantil, dizia que Sun havia sofrido um grande trauma ao ver Felix caído e também a grande quantidade de sangue ao redor do pai, mas tinha também notado como Hyunjin tinha ficado alarmado com toda a situação.
Foram várias as vezes que os soluços do Hwang ecoaram pela imensa casa acordando as crianças e obrigando Seungmin e Jeongin a se dividirem entre acalmá-los e ajudar Hyunjin a voltar à realidade, afinal os primeiros meses são sempre os piores.
Mas então um dia a dupla se surpreendeu com o cheiro de comida caseira irradiando da casa e um Hyunjin de banho tomado e roupas limpinhas no seu corpo. Eram do Hwang mais novo, mas isso podia ser relevado por uns instantes.
Desde então o Hwang vinha se tornando ainda mais presente de volta as suas atividades do dia a dia e ganhando novamente a confiança da pequena Sun que pouco a pouco voltava a ser uma menininha animada outra vez como Bang Chan disse que iria acontecer.
Nesse dia em questão Changbin e Chan haviam sugeridos que as crianças ficassem com eles para que Hyunjin saísse um pouco, afinal sabiam que em breve completaria o primeiro ano completamente sozinho e isso era um marco extremamente importante.
Mas Hyunjin se sentia desolado com a ideia de deixar seus pequenos sozinhos já que essa tinha sido o principal motivo que levou Felix a morte. Enquanto por outro lado sentia que tinha que dar esse voto de confiança em si mesmo e se permitir viver a sua vida.
— Titio Binnie! — Sun gritou quando viu o tio adentrando a casa e soltando a mão de Chan. — Papai Hyun está lindo.
O comentário bastou para que os outros dois adultos se voltassem para Hyunjin que estava saindo da cozinha com o seu pequeno menininho nos braços enquanto conversava com ele sobre sair um pouco, mas que logo estaria de volta.
Ele era uma cópia idêntica de Felix e muitas vezes isso fazia com que Hyunjin caísse no choro, mas não mais agora. O Hwang só conseguia desejar arduamente que esse menininho crescesse bem e fosse muito feliz com a sua irmãzinha.
— Trouxe isso pra você. — Chan se referiu ao buquê de rosas brancas que segurava, afinal sabia para onde o amigo iria.
— Oh, obrigado. Apenas o faça dormir por agora e Sun andou comendo alguns lanchinhos então vai jantar bem em breve.
O Hwang entregou o menininho para Changbin que sorriu imediatamente para o bebê no seus braços já iniciando todos os procedimentos para fazê-lo adormecer já que essa era a tarefa que ele considerava a mais fácil de se cuidar de um bebê tão pequeno.
Sun já estava entretida com os novos brinquedinhos que havia ganhado dos tios então não notou a saída de Hyunjin do apartamento para a sorte do pai. Esse que caminhou de maneira apressada em direção ao cemitério onde não tinha ido desde que enterrou o marido.
Tinha medo de ir para lá e acabar tendo um colapso, então evitava aquele lugar, afinal tinha que se cuidar e ficar bem para cuidar das partes que Felix havia deixado para si. Mas acontece que tinha que ir lá uma hora ou outra para poder deixá-lo ir de uma vez por todas.
Os meninos sempre iam até lá então o local estava muito bem cuidado e com vários girassóis além de tulipas das mais diversas cores exatamente do jeitinho que Felix tanto amava quando ainda estava ali presente. Foi como se pudesse o abraçar uma outra vez depois de tanto tempo.
— Já faz quase um ano, Lix. — Hyunjin começou ajeitando as rosas brancas sobre a lápide.
— Confesso que pensei muitas vezes em largar tudo, mas Sun precisa de mim com ela para superar isso e aos poucos entender que não tem culpa disso. Chan está a ajudando muito e ele está cuidando das crianças agora mesmo que fosse a última coisa que eu quisesse fazer nesse momento era deixá-los sozinhos. Confio nele e em Changbin sim, mas meu coração ainda se aperta muito quando lembro de tudo.
O Hwang fez uma pausa se sentando na frente da lápide desejando uma última vez poder vê-lo ali. Queria muito apagar a imagem de Felix chorando na mesa de cirurgia e pedindo desesperado para que salvassem a bebê e não ele ignorando por completo o que Hyunjin falava ao seu lado.
Hyunjin tentou mais do que tudo buscar uma solução para Felix não pensar assim, mas toda as vezes que olhava para o médico não encontrava nenhuma esperança que fosse. Por que tinha que ser assim? Por que eles não podiam viver uma vida normal? Por que logo eles tinham que colapsar?
Poucos minutos depois o caos se instalou por completo ao que seus batimentos pararam e pediam para que Hyunjin saíssem da sala da cirurgia para o seu próprio bem. O Hwang foi largado no corredor onde chorou tudo aquilo que tentou segurar na frente do marido e chorou ainda mais quando teve que contar à filha.
Nunca iria se perdoar por isso e nem sequer podia fazer isso. Era a sua culpa e nada tirava isso da sua cabecinha. Deixou que um sorriso triste escapasse ao que traçava com delicadeza as belas letras cursivas que diziam "Hwang Lee Felix" e uma frase um pouco abaixo "solzinho na vida daqueles que entrou".
— Você diria que Sun está indo bem e até mesmo começou a frequentar uma creche para se distrair um pouco mais. Nosso menino é cheio de vida e saúde, mas bem calminho e se diverte muito balbuciando com as suas mãozinhas inteiras na boquinha mesmo que não caiba com perfeição. Eles são incrivelmente belos e se completam de uma maneira bonita, então me faz desejar ainda mais poder voltar no tempo para mudar tudo.
O suspiro que escapa do Hwang é exausto e as lágrimas param de cair de maneira incessante. Hyunjin ainda estava quebrado, claro, mas suas peças estavam se tornando mais fortes a cada novo dia e nova batalha travada fazendo assim com que Felix se orgulhasse do marido mesmo não podendo estar ali ao seu lado.
— Espero muito que eles se orgulhem da família que têm e quem sabe assim possam procurar saber mais de nós no futuro. É claro que vou contar a eles suas histórias e as nossas aventuras juntos, afinal você é uma parte nossa e quero que permaneça vivo no coraçãozinho deles assim como acontecer comigo então, por favor, cuide bem de nós aí onde está e prometo dar o meu melhor para fazer isso aqui do lado deles.
O Hwang finalizou soprando um beijo para o céu no exato momento em que uma estrelinha brilhava com mais intensidade do que as outras e isso era como um abraço quentinho e acolhedor que apenas Hwang Felix tinha em todos os momentos possíveis do dia a dia sendo eles pequenos poços de felicidade.
