𝔑osso primeiro beijo é a lembrança mais repetitiva, colorida e prazerosa que trago em meus pensamentos, ocupa a maior parte do tempo em que estou aqui.
Eu me apaixonei por você logo no primeiro dia em que nos conhecemos, disso eu tenho certeza. Mas, conforme o tempo foi passando, foi de uma simples paixão para amor, verdadeiro e forte. Me castigava internamente por me sentir assim, afinal, você não dava sinal algum de que isso poderia ser recíproco, flertava com mulheres e me chamava de amigo quase o tempo todo.
Meramente engano meu, você só tinha uma casca grossa demais para se desvendar, não dava abertura para ninguém saber de seus sentimentos. Quando cheguei a perguntar a você se tinha um par — o qual você riu da minha forma de falar, só me deu uma breve resposta apenas, de forma séria e direta.
— Já tive alguns, mas desses tempos para cá só me preocupo com minha família e trabalho, nada mais.
Eu achei bonito, isso só me mostrou mais do seu bom caráter. Lembro quando me contou que morava sozinho desde que mudou a serviço, e que a maior parte de sua renda ia pros seus pais que moram no Goiás junto de seus irmãos mais novos e avós, e que não pôde trazê-los. Você me falou tanto deles e da sua infância na roça, que me fez ter uma grande vontade de vê-los algum dia.
E eu espero, com você.
Dia 31 de dezembro foi a grande surpresa, a maior da minha vida, pois, foi quando eu soube que também nutria sentimentos por mim, e foram revelados da forma mais pura e sincera que eu pude sentir.
Era uma semana animada em Curitiba, fim de ano. O povoado esperava ansioso pela virada e a tão almejada queima de fogos, que você me comentou sobre. Eu também estava animado, nunca tinha presenciado algo do tipo.
Havia chegado também um circo muito famoso na cidade, no qual você veio todo empolgado a mim, me mostrando dois ingressos que tinha ganhado em um sorteio da rádio local, e fez questão de me levar.
É um dia que nunca vou esquecer.
— Aproveitem o espetáculo!
— Viu só que gatinha? Estava quase babando em você — recebi um soco no ombro de sua parte, meio que forte demais, você estava de zoação com a minha cara, como sempre.
— Não reparei.
— Você nunca repara, cara. Esqueço que se amarra em golfinhos.
— Éder!
A entrada do grande circo estava repleto de luzes flamejantes e adornado de cores em tons vermelhos e azul. Havia muitas crianças, e muitas pessoas trajadas de forma engraçada.
Nos sentamos na parte da frente, bem diante ao palco.A atração começou com um casal de trapezistas sobrevoando acima de nós, eu fiquei encantado com o casal, eram lindos e radiantes. Se apresentaram com coração, corpo e alma, deu pra sentir.
Depois deles veio uma apresentação de "A pequena Sereia" no qual eu ri, não tinha absolutamente nada a ver com a realidade das profundezas do oceano. De vez em quando você me cutucava minuciosamente perguntando se isso ou aquilo era verdade, e nada era.
— Você acabou de arruinar a minha infância — comentou fingindo decepção.
Na vez dos palhaços eu não entendi nem metade de seus trocadilhos, mas eu gostei mais desse momento, sabe porque? A cada sorriso e gargalhadas espontâneas que você dava eu ficava mais encantado, sorria junto e o amor que irradiava de mim só me dava a certeza de que estava no lugar certo e com a pessoa certa — mesmo que fossemos só uma simples dupla de amigos.
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ᴄᴇᴅᴏ ᴏᴜ ᴛᴀʀᴅᴇ • ᶜᵒⁿᵗᵒ
Short StoryAs circunstâncias causadas pela ganância do ser humano faz Akylla sofrer dia após dia no cubículo em que fora enjaulado. A única coisa que lhe faz escapar da realidade, é ocupar a sua mente com suas melhores lembranças, que o fazem recuperar a fé e...