FINAL

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    Voltemos, agora, ao início da história, quando José Augusto, filho de D. Gilberta, se prepara para descer do ônibus, com uma sacola que uma senhora deixara em suas mãos, para entregar a uma outra senhora, da qual tomara para segurar, até que essa senhora encontrasse uma cadeira para sentar-se... Antes de descer, o rapaz dirige-se ao motorista, conta sua história e se dispõe a entregar-lhe a sacola para aguardar até que alguém a procurasse.

  -  Olha, cara, é fim de expediente, tô cansado. Não vou ficar com sacola nenhuma, não. – Respondeu, o motorista, mal humorado.

    Desorientado, o rapaz desce do ônibus, com a sacola pendurada no dedo, e vai pra casa, pensando em deixar o assunto pra resolver junto com a irmã e a mãe. “Três cabeças pensam melhor que uma só. Ainda mais, uma delas tão agoniada como está, agora, a minha.”

    Já passava da hora do almoço, quando José Augusto chegou em casa com uma sacola das Lojas A&B pendurada no dedo, com um ar de preocupação. D. Gilberta que o esperava ansiosa, indaga:

  -  Filho, finalmente. Mas, que carinha preocupada é essa?
  -  Nada demais, minha mãe. Deu tudo certo com o empréstimo na A&B.

  -  E precisou uma sacola desse tamanho pra trazer tão pouco dinheiro? – Pergunta D. Gilberta, em tom de brincadeira. -   O rapaz introduz a mão livre no bolso da calça, donde retira cédulas dobradas do dinheiro que  emprestara para a mãe pagar o dízimo da igreja.
   - Tome, aqui está o dinheiro... – Entrega à mãe, ainda intrigada com a sacola na outra mão de José Augusto.

   -  Obrigado, meu filho... E essa sacola, não vai me dizer o que tem dentro. Não me diga que você andou fazendo compras fora de época!...
  - Não, mãe. Não comprei nada, não. Esta sacola tem uma história um tanto complicada...

   Em poucas palavras o rapaz explica à mãe, o que se passara durante sua “viagem” de ônibus desde a Estação Rodoviária e de como a sacola chegara às suas mãos. De que fizera todo o possível para deixá-la com o motorista do veículo e o que este lhe dissera, recusando terminantemente, a ficar com a sacola.

   -  Pois é, minha mãe. E aqui está a bendita sacola, e eu sequer sei o seu conteúdo. Pois, claro, se não me pertence, julguei que não me cabia o direito de “bisbilhotar” pra saber o que tem dentro.
  -  Fez muito bem, meu filho. Mas, deixe eu dar uma olhada. – D. Gilberta tomou a sacola da mão do filho e olhou o seu interior, vendo um envelope grande, polpudo, de cor meio amarelada, amarrado com elásticos de borracha. Desses utilizados pelos bancos para prender maços de dinheiro.

   - José Augusto, - Dirigiu-se ao filho, com ar de mistério... Ou de quem acabou de desvendar um grande mistério – Olha o que tem aqui dentro! – Exibe a sacola aberta.
  - É. Isso me parece um envelope cheio de papéis. Desses envelopes usados nos escritórios para guardar documentos!... E não tem, nele, nenhuma logomarca para identificar a empresa...
  - Você está certo, filho. Se for assim, com certeza, dentro desse envelope deve ter algum documento com nome e endereço da empresa à qual ele pertença e, assim, poderemos devolvê-lo
   - Então vamos abrí-lo? – Indagou o rapaz, já estourando de curiosidade.
  -  Faça isso, meu filho. – Respondeu D. Gilberta, também já não cabendo em si de curiosidade.
   
  A surpresa dos dois foi muito maior quando descobriram, dentro do envelope, um monte de cédulas de Real, de 100, 50, 20, 10, 5 e de 2. Tudo em maços cuidadosamente separados e amarrados com elásticos específicos. Parecia ter um total de R$ 235.000,00.
  - Meu Deus! – Exclamou D. Gilberta.
  - Aqui não tem nada que identifique a origem ou o dono de tudo isso! – Acrescentou José Augusto.
  - Glória a Deus, meu filho! – Continuou D. Gilberta, com os olhos e as mãos voltados para o alto. – Louvado seja Deus. Você foi buscar dinheiro para pagar o dízimo e o que é que o Senhor nos deu?!!! Tudo isso, meu filho. Tudo isso!
  - Mas, minha mãe, esse dinheiro não é nosso!

  - E não tem nada, como você mesmo disse, que nos diga de quem ele é. Isso só pode ser OBRA DO SENHOR! Está decidido, vamos entregar tudo ao pastor, para as obras de reforma da igreja...

     E assim foi feito. Naquela mesma tarde de sexta-feira, 29 de novembro, D. Gilberta entregou ao boquiaberto pastor, o pacote com cerca de 235 mil reais, “para a reforma da igreja.”

    -  Aleluia, irmã! Aleluia!. Glória a Deus, oh Glória! O Senhor a usou como seu Sagrado Instrumento, para nos trazer essa Divina Graça! Pode deixar, comigo, irmã. Essa Graça de Deus
estará em boas mãos. – Disse o pastor, eufórico, os braços erguidos em direção ao céu, para D. Gilberta, ao receber a pequena fortuna. Entusiasmado, o pastor abraça D. Gilberta, deixando transparecer em seus olhos, como usaria aquele dinheiro; ou, boa parte dele.

    -   Amém, amém! – Respondeu  confiante, a mãe de José Augusto.

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