A Chegada de Eduardo

79 4 11
                                    

Leandro acorda a noite com os gritos de seu irmão mais velho Antônio que estava sendo chicoteado por tentar mais uma vez fugir da Fazenda. O coronel Almir (Senhor da Fazenda) se sentou em uma cadeira de balanço fumando um charuto, enquanto, assistia o pobre homem ser açoitado por buscar liberdade.

- Estão vendo seus pretos! Isso é o que acontece com quem tenta me dar prejuízo saindo da minha terra! Eu comprei todos vocês e não vou perder o meu dinheiro- disse o Senhor Almir.

Maria a irmã de Leandro e Antônio, chorava sem parar, ela era uma moça bonita, porém muito triste. Valdemir era o vaqueiro que estava açoitando Antônio, ele era um homem maquiavélico.

- Ele irá dormir amarrado como um cachorro para aprender a me respeitar! Preto nenhum foge da minha terra!- disse o Coronel Almir.

- Vão dormir gado! Amanhã tem muito trabalho para vocês- disse o vaqueiro Valdemir, então, todos os escravos voltaram para as suas barracas.

Mais tarde, Maria saiu de sua barraca e foi lentamente até o seu irmão Antônio, pegou um pouco de água e deu para ele, mas Maria não sabia que Valdemir estava à espreita.

- muito bem, boneca!- disse Valdemir surpreendendo Maria.

- me solta!- disse Maria.

- Solto nada! Eu não mandei vocês dormirem? Hein?!- disse Valdemir segurando Maria.

- Solta a minha irmã!- gritou Antônio.

- Cala a boca preto!- gritou Valdemir.

- me larga, por favor!- implorou Maria.

- Quer saber? Faz muito tempo que eu não brinco com você de "vai e volta", agora é perfeito! Bem na frente do seu irmão mais velho- disse Valdemir rasgando a roupa de Maria quando derrepente, Valdemir é surpreendido por um soco de Leandro.

- deixa a minha família em paz!- disse Leandro salvando Maria.

- seu preto desgraçado!- disse Valdemir apontando uma arma para Leandro.

- Você não se atreva a matar os meus escravos!- disse o Coronel Almir abrindo a porta da casa.

- Que confusão é essa?- Perguntou Simone, esposa de Almir.

- Esses pretos queriam soltar o irmão deles- disse Valdemir, então, Simone saiu de casa e se aproximou de Maria.

- Escute sua preta! Meu filho vem passar as férias aqui amanhã,então, vê se arruma essa sua palha de aço que você chama de cabelo!- disse Simone, então, Maria abaixou a cabeça e chorou.

- Esses pretos...- disse Valdemir sorrindo.

- Quanto a você, Valdemir, eu aconselho a parar de estuprar as minhas escravas, você pode acabar virarando pai de filho preto- disse Simone para Valdemir.

- Agora que tudo foi resolvido, estamos todos felizes, vão dormir- disse o Coronel.

Quando amanheceu o dia, Antônio foi solto e voltou a trabalhar junto a Leandro, mas Maria trabalhava dentro da casa dos patrões servindo comida, por isso, se vestia melhor do que seus irmãos. Maria teve de fazer um banquete para a chegada do filho do Coronel Almir que havia ido morar na Inglaterra para estudar paleontologia.

- Ele chegou!- disse Simone quando ouviu um barulho de buzinade carro, então, todas as escravas que trabalhavam na casa ficaram contra a parede em linha reta para receber o recém chegado.

O rapaz entrou em casa e logo começou a olhar para as escravas, a mãe dele Simone mandou que fosse para a mesa comer, então, o jovem de cabelos castanhos claros e olhos verdes se sentou à mesa.

- Está gostando da Europa?- Perguntou Simone.

- É fabulosa! Cheia de invenções e grandes gênios!- disse Eduardo.

- Eu não queria que você fosse embora para a Europa para morar com a sua tia, mas se eu não te mandasse a sua tia perderia o juízo- disse o Coronel Almir.

- É!- disse Simone olhando séria para Eduardo, então, ele abaixa a cabeça.

- E como está a fazenda?- Perguntou Eduardo levantando a cabeça novamente.

- A produção de soja está ruim agora que o inverno está chegando- Disse Coronel Almir.

Enquanto isso, Leandro e Antônio trabalhavam em dobro, pois o vaqueiro Valdemir estava furioso com eles pelo o que aconteceu à noite. Os dois sozinhos estavam levando árvores caídas para jogarem longe.

- Eu não me esqueci de ontem à noite! Acharam que me venceram? - perguntou Valdemir para Leandro e Antônio.

- Seu cretino!- disse Antônio.

- Antônio! Calma!- gritou Leandro para evitar que Valdemir se irritasse.

- Vou ficar com a irmã de vocês na frente de vocês!- disse Valdemir.

- Olha! Seu!- gritou Antônio indo em direção a Valdemir, mas Leandro o segurou para evitar mais problemas.

- O que está acontecendo aqui?!- gritou Eduardo chegando no local.

- pretos sendo pretos, patrão- disse Valdemir.

- E o que seria "preto sendo preto"?- Perguntou Eduardo.

- Como assim?- Perguntou Valdemir.

- Esse trabalho é demais para dois homens sozinhos, chame mais dez- disse Eduardo.

- Sim, senhor- disse Valdemir.

- Eu vou precisar desse comigo- disse Eduardo apontando para Leandro.

- Mas senhor!- disse Valdemir.

- É uma ordem- disse Eduardo.

Então, Valdemir gritou para dez escravos ajudarem Antônio, enquanto, Eduardo levava Leandro para longe dali. Eduardo andou com Leandro por vários acres até chegarem àbeira de um riacho.

- Senhor, para onde estamos indo?- Perguntou Leandro para Eduardo.

- Achei que você era mudo, ficou calado esse tempo todo - disse Eduardo.

- desculpa, senhor- disse Leandro.

- Está desculpado! estamos aqui pelo motivo que me fez voltar para essa fazenda, estou procurando fósseis de um ancestral da toupeira- disse Eduardo.

- Não sei do que o senhor está falando- disse Leandro.

- Como?! Nunca ouviu falar da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin?- Perguntou Leandro.

- Nem sei quem é esse homem- disse Leandro.

- É o maior gênio atualmente! Eu o cumprimentei pessoalmente- disse Eduardo.

- desculpe, não sei- disse Leandro.

- Mas a partir de hoje isso vai mudar! Você não vai mais trabalhar com os outros, você vai me ajudar na minha pesquisa- disse Eduardo.

O Escravo e o filho do Senhor (NOVELA)Onde histórias criam vida. Descubra agora