CAPÍTULO 1

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A morte observa.

James pôde ouvi-lo antes de vê-lo. Folhas sendo esmagadas por pés rastejantes em seu quintal, respiração nasalada e profunda junto com suspiros sibilantes perto de sua porta de entrada. Esperando.

Lily não percebeu, mas viu como seus ombros tencionaram ao segurar Evan com mais firmeza em seu colo. Viu como sua pele se arrepiou de suspeita, seus olhos castanhos se arregalando lentamente.

E ela, sempre curiosa, perguntou o que estava havendo.

"Não é nada, Lírio", ele disse, porque depois disso o silêncio reinou mais uma vez. James pensou estar paranóico com a guerra, e não queria assustar sua esposa sempre tão doce e gentil. No entanto, Lily conhecia seu marido bem o suficiente para perceber quando algo estava errado.

"Querido, diga o que te perturba", ela insistiu com carinho, sua voz doce e aveludada zumbindo no ouvido de James como um gatinho ronronando. As palavras doces o deixaram calmo, então James balançou a cabeça como se deixasse um pensamento ruim sair de sua mente.

"Não é nada", ele garantiu, e ela se sentou ao seu lado no sofá da sala de estar. James colocou Evan de volta no carrinho duplo ao lado de Harry, e lentamente se deitou no colo confortável da mulher ruiva que ele sempre amou. "Apenas tive a impressão de ter ouvido alguma coisa".

Lily sacudiu a cabeça em compreensão. Nenhum deles estava menos que paranóico desde que começaram a se esconder por causa da profecia. Depois que as crianças nasceram, se tornou ainda pior para James; as milhares de vezes que ele despertou de noite, tenso e perto de um colapso, dizendo besteiras e abraçando-a firme não foram poucas.

"Fique bem", Lily disse suavemente como sempre dizia, alisando o cabelo áspero de James com seus dedos finos. "Não tem com o que se preocupar. Nós estamos seguros graças ao feitiço, se lembra?"

James assentiu superficialmente. Sim, ele entendia, mas continuava com medo por sua família. A ideia de perder tudo aquilo, perder Lily e seus filhos, era tão assustadora que fazia seu estômago se enrolar perigosamente.

"Entendo", ele suspirou. Lily, embora James não conseguisse ver pelo ângulo que estava deitado, sorriu com paciência.

Em seguida ela se levantou, colocando uma almofada em seu lugar para que James escorasse a cabeça de forma confortável.

"Eu vou ver como está a janta", ela anunciou, dando um beijo na testa dele e saindo da sala em passos tranquilos.

James, entretanto, se sentou assim que ela saiu, incapaz de relaxar. Ele suspirou novamente, olhando para o rosto de seus filhos atentamente. Analisando suas linhas faciais com desejo de guardar na memória por algum motivo.

E eles eram lindos. Frágeis e pequenos. Bolas idênticas com pares de olhos verdes e cabelo preto que pareciam conter toda a ingenuidade da infância em sua aura.

James deixou sua varinha na mão, apenas por garantia. Ele não podia baixar a guarda quando se tratava de proteger algo tão precioso quanto seus bebês.

Dois minutos depois, James estava em pânico.

"Lily, pegue os gêmeos e suba! AGORA!"

Lily, mesmo aterrorizada, conseguiu pegar as duas crianças chorando e correr escada acima com elas. Enquanto o fazia ela implorou, torceu e rezou para que essa não fosse a última vez que ouvisse a voz de seu marido. Que eles conseguissem sair dessa com vida e pudessem criar seus bebês em um lugar distante dali, longe da guerra e tudo que destruía sua vida.

Ela se trancou com os filhos no quarto de bebê, trancando a porta com magia. Ela rapidamente colocou as crianças juntas em um dos dois berços e se sentou ao lado delas, tentando acalmá-las de alguma forma. Enquanto isso, ela procurou com olhos frenéticos por algum tipo de escapatória.

Twins: Lords da MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora