Twins: Lords da Magia

CAPÍTULO 6

Recapitulando.

França, mansão dos Black, 1992

Harry sentiu seu estômago enrolar-se de ansiedade ao ficar de frente com a porta de madeira escura do escritório pessoal de seu pai. Seus olhos verdes dispararam da porta para o corredor com nervosismo e, apesar de não ser uma criança baixa, ele se sentiu diminuto em comparação com o resto das coisas ao seu redor.

"Harry, relaxe", Archie, que tinha vindo com ele para fins de apoio moral, disse calmamente. Seu cabelo preto ônix balançou livremente quando ele se virou para encarar Harry de maneira apaziguadora. "Papai não vai te repreender. Você mesmo disse que não se lembra de ter feito nada nas últimas duas semanas, não é?"

"Você não entende", Harry retorquiu com um sopro de voz, virando-se inquieto para o irmão. "E se eu fiz algo e não me lembro disso? E se eu fiz algo em público no último baile e agora serei lembrado?"

Archie pensou por um momento, mas então eventualmente deu de ombros.  "Apenas lide com isso, eu acho", ele concluiu com tranquilidade.

"Isso não ajuda", Harry rebateu, mas ele forçou-se a se virar para a porta novamente e se recompor. Ele não conseguia pensar em coisas piores que seu pai decepcionado com ele. Ele podia lidar com a frieza gélida de sua mãe todos os dias, mas seu pai decepcionado apenas não combinava com sua personalidade vibrante. 

Seu pai sempre foi rígido com seu comportamento em público e sua educação, mas nunca foi um homem sério dentro de casa. Apesar de seu óbvio problema com raiva, Sirius sempre tinha sido muito calmo ao lidar com situações frustrantes e Harry tinha quase 100% de certeza de que era por seu título de Lord. Ter que usar oclumência todos os dias eventualmente te deixa mais estóico em relação ao mundo, e consequentemente menos emocionado com qualquer abalo que seja. Isso, no entanto, deixava as situações em que ele se decepcionava muito piores para Harry suportar; como daquela vez que ele nadou no lago sem sua permissão e conhecimento. Harry ainda foi castigado, mas o olhar de seu pai após o incidente já teria sido punição suficiente para ele nunca pensar em fazer aquilo de novo.

"Harry e Archie, eu sei que estão aí", uma voz profunda surgiu de dentro do escritório, o que fez os irmãos congelarem como cervos pegos pelos faróis. "Andem, eu ouvi a voz de vocês. Apenas abram a porta e entrem".

Hesitante, Harry puxou a maçaneta bonita e empurrou a porta lentamente. Seu pai estava ali: cabelos pretos e olhos cinzas como os de Archie, um terno com uma gravata azul frouxa ao redor do pescoço e toneladas de papel ao seu redor. Sendo aquele seu escritório particular para assuntos privados, nunca havia sido um lugar realmente organizado. As paredes eram de pedras cinza-escuro, tinha uma pequena tela de vídeo de 30 polegadas pendurada na parede e alguns quadros pintados de Harry, Archie, sua mãe e os quatro juntos. As janelas eram góticas e tinham vista para os Alpes Franceses* atrás da casa. O carpete era azul, e a poltrona de Sirius tinha estofamento acabado em couro. Harry não costumava entrar ali com frequência —Normalmente seu pai vinha trabalhar aqui quando não estava em reunião no escritório oficial, e Harry não podia entrar em nenhum dos dois escritórios sem a permissão direta dele —, então sempre que entrava era para ser instruído sobre algo importante.

Geralmente esses eram punições e deveres de herdeiro.

"Sente-se, Harry", seu pai disse suavemente, e Harry sentiu seus ombros perderem peso. "Archie, filho, você pode esperar do lado de fora? É bom que você tenha vindo escoltar Harry, mas não é mais necessário que você esteja aqui por enquanto. Harry pode te contar sobre o assunto depois, se ele sentir-se confortável com isso".

"Certo", Archie, para a surpresa de Harry, concordou com facilidade, saindo rapidamente e fechando a porta em seguida. Harry mal teve tempo de se irritar com a rapidez que seu irmão deixou o posto de apoio moral, e apenas encarou o pai por alguns segundos de silêncio repleto de expectativas mudas.