Não me pergunte sobre o tempo se não consegue ver as flores de cerejeira caírem.
Não me pergunte quando ou onde se em cada esquina perde um olhar
Tem sentimento que só vem para estar, não para viver.
Viver torna ele sujo, tão comum.
Se tivesse vivido, veria que não há nada demais
Veria que no fim de cada dia, sou só eu e minhas dores
Veria que as palavras bonitas que digo, mascaram tanta raiva, tanto ódio escondido.
Veria o que eu não quero que vejam.
Se tivesse tempo e oportunidade, você mancharia isso que nem tem nome
Você diria que seria capaz de me arrumar e eu me sentiria mais uma vez
Como uma coisa que quebrou. Então eu iria te ferir, para te quebrar também.
Se você tivesse a chance, veria que não há nada aqui para ninguém
São só sonhos e eles morrem, morrem como tudo.
Se você soubesse a mais tempo, saberia do meu segredo escondido de felicidade
Quando separei as minhas dores de mim e pude viver com você.
Se soubesse, saberia que a árvore que morreu fui eu.
Se soubesse, saberia que cada flor que caiu foi uma decepção, um machucado que é impossível perdoar.
Se soubesse, saberia que a cerejeira morreu porque não há nem mais chão sob ela.
Se soubesse, saberia que sempre fui eu que te olhei, e você ria quando minhas flores caiam e quando os meus galhos quebraram, me chamou de fraca.
Quando só restava uma mínima esperança para que eu sobrevivesse, você foi lá e me arrancou do solo, quebrando as minhas últimas raízes.
E eu não mais floresço, não mais nada.
Se soubesse, talvez você teria me arrancado a mais tempo.
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RETICÊNCIAS
PoetrySe os três pontos falassem, eles diriam que nada tem um FIM Apenas recomeços. Então começo novamente e me re-faço me re-invento me re-começo.