Capítulo II

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Theodore Stuart

Theo de início poderia parecer alguém doce e inocente, mas ele só parecia mesmo. Ele ficou feliz com a ideia da Addison e dos outros, ele iria ter o poder expor todos que fizeram de sua  vida nos últimos anos um inferno, pelo menos alguns deles. Uma coisa que Theo não contou para o grupo, foi que a sua própria mãe impediu que ele denunciasse os abusos. Ele queria poder dizer que não entendia o motivo, mas ele entendia, só não gostava dele.

Crescer com uma mãe louca religiosa não foi uma das melhores experiências, e para Theo o pior foi ver que seu pai nunca o defendeu das barbaridades que sua mãe fazia. Theo se lembra de ser mandado para um acampamento que prometia "consertar" ele, mas só serviu para lhe deixar mais traumatizado. Semanas depois de sair do acampamento Theo foi diagnosticado com ansiedade, ele tomava os remédios somente em último caso, ele preferia descontar sua ansiedade nos seus estudos chegando ao ponto de fazer o uso de drogas para ficar acordado a noite toda e assim estudar mais. Ninguém sabia sobre isso, nem era ele quem comprava as drogas, mas sim sua melhor amiga Lucy.

Conhecer Lucy foi sua salvação, em meio às violências que ele sofria fora e dentro de casa. Encontrar uma amiga em meio aos livros da biblioteca foi perfeito para Theo. Eles se entendiam de formas diferentes, ela era uma garota indigna lésbica e Theo um garoto solitário e gay, eles se encaixaram logo no primeiro contato. Os dias de Theo eram mais felizes quando estava com Lucy. Passando a tarde na casa da garota e fazendo a famosa maratona de filmes de terror deles, a mãe de Lucy sempre fazia biscoito e cupcake para eles, já que os dois nunca gostaram de pipoca, esse era o dia perfeito para Theo.

Agora Theo estava preso em sua casa, sua silenciosa e solitária casa, onde seus maiores inimigos moravam. A maioria das pessoas possuem lembranças boas de suas infâncias, já Theo só conseguia se lembrar de seus pais constantemente o reprimindo quando ele tentava ser ele mesmo. As crianças choravam quando iam para a escola e davam tchau para seus pais, mas Theo nunca ficou triste, na realidade aquele era seu momento de maior felicidade.

Ele deveria se sentir culpado por não amar seus pais?

Na visão do Theo eles são pessoas péssimas. Que tipo de pai faz seu filho não prestar queixa contra seu agressor e ainda o faz se sentir culpado? Para Theo eles não eram seus pais, eram apenas estranhos com quem ele dividia o sangue. Pais de verdade deveriam dar amor, carinho e compreensão para seu filho, não o mandar para uma cura de algo que não é doença.
No quarto de Theo tem uma foto do dia em que ele se assumiu, foi sem querer e até hoje ele não sabe como aconteceu, só se lembra de seus pais perguntarem e ele afirmar com a cabeça, aí começou o inferno, mas também foi seu momento de libertação. A foto foi uma selfie que ele e Lucy tiraram no ônibus da escola, ele sorria tímido enquanto sua melhor amiga mostrava a língua para a câmera.

— Theodore?

Theo está deitado de pijama em sua cama quando sua mãe apareceu na porta de seu quarto. Ela era uma mulher branca, ela havia sido mãe jovem, então não aparentava e nem realmente era velha. Seu cabelos loiros assim como o do Theo estavam presos. Ela não sorria para o filho, nem um sorriso discreto, ela era fria até mesmo com seu olhar.

— O que foi?- ele olhou para a mãe.

— Sua tia Irene acabou se sentindo mal de saúde, então eu e seu pai precisaremos viajar até a casa dela.

A tia Irene de Theo morava a cinco horas de distância de Bluewest, o coração de Theo ficou feliz com a notícia que seus pais não estariam por perto.

— Está bem.- ele fala. — Vão hoje?

— Na realidade, já estamos indo. Tem dinheiro embaixo do pote de biscoito da cozinha, caso você precise.

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