⸻ ⁰⁰¹' ᴊᴀɴᴇ, ᴀ ᴍᴀɢɴɪ́ғɪᴄᴀ ᴇ ᴡɪʟʟ, ᴏ sᴀ́ʙɪᴏ.

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(🫀. 🗞️;)
JANE HOPPER;
📍| Hawkins, Indiana: ¹⁹⁸⁸

ABRO OS OLHOS DEVAGAR, sentindo o frio me atingir em cheio nas pernas, que, agora, estão descobertas.
Me sento, mas minha cabeça dói e pesa, como se fosse feita de pedras, daquelas duras e desconfortáveis.

Eu poderia facilmente passar o dia inteirinho na cama.
Chorando, dormindo, chorando mais um pouco, essas coisas que os adolescente dos filmes da tv fazem, sabe..?
Bom, acho que não posso mais ficar em casa, no meu quarto escuro como um super herói sombrio da DC comics.

— Jane..? – Batidas leves são depositadas contra a porta de madeira de meu quarto, me fazendo esfregar os olhos para tentar me despertar melhor.

— Pode entrar. – Como reconheço a voz, respondo baixo e, logo, observo Will adentrar o quarto meio sem graça.

Suas bochechas estão levemente rubras e seu olhar não se mantém em mim de jeito nenhum, mostrando que ele está desconfortável.

Acho que nos distanciamos um pouco desde... aquela noite.
O Mike sumiu e ambos estávamos com ele lá, então, por breves momentos, talvez eu possa ter pensado no pior do meu irmão... mas eu me arrependo muito disso, pena que só me dei conta de sua inocência quando ele já estava distante demais para o trazer de volta para a margem.

— O Jonathan perguntou se você está bem pra' ir para a escola hoje. – Ele murmura baixo – Ele disse que não é bom perdermos as aulas, já que esse é o nosso último ano.


Balanço a cabeça, sentindo a dor piorar e meus olhos marejarem.

— Tudo bem. – Eu tento sorrir – Ar fresco vai me fazer bem, não acha?

Ele ergue seu olhar, sorrindo um pouco.
Seus olhos transmitem algo que não sei interpretar. Talvez culpa, talvez pesar.
Eu nunca sei dizer, mas bem eu tenho certeza de que ele não está.

— Está tudo bem? – Ele pergunta ao franzir o cenho.

Balanço a cabeça mais uma vez.

— Dor de cabeça. – Murmuro baixo – Tem algum remédio para isso?

Ele se senta sobre a cama, passando as mãos em meu rosto delicadamente.
Ele pressiona sua palma contra a minha testa, para medir a minha temperatura, eu suponho, logo ele retira as mãos e sorri.
Senti saudade de ser cuidada por ele...

Depois que o Mike desapareceu, foram longos dias tentando convencer o Will de que o mundo invertido, uma criação sua, não tinha nada haver com isso, e ainda tinha a desconfiança que cresceu e se aflorou em meu peito.
Tudo isso reduziu a nossa relação fraterna à cinzas, e essa culpa tá me matando bem aos pouquinhos.

— Você está bem, digo, além da dor de cabeça? – Ele questiona e, bom, eu acho que não quero conversar sobre isso agora.

De certa forma, nós compartilhamos uma dor.

Eu mal saio do quarto, não conseguindo dormir por conta dos pesadelos, e Will entra em crises constantes, acordando em meio aos gritos durante a noite pelo mesmo motivo.

Tem sido bem difícil, isso fora o Caleb.
Ele... não vem mais nos visitar, e Will não quer falar sobre isso, pois, segundo ele, é um assunto complicado e delicado.
Bom, se ele não quer falar, acho que eu também não deveria.

𝕱avorite 𝕮rime   ➥ 𝑠𝑡' 𝑓𝑎𝑛𝑓𝑖𝑐Onde histórias criam vida. Descubra agora