CAPÍTULO 1

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~}Reino de Venery{~

•Twyla•

   Ser herdeira de meu reino é uma grande honra, e um grande fardo também, meu pai tinha me dito isso quando era mais nova e sonhava com a coroa, mas agora entendo o que ele quer dizer. Todos contam comigo, todos desejam ser como eu, todos esperam muitas coisas de mim e outras não esperam nada. Uma mulher nunca foi herdeira do trono de Venery, uma linhagem inteira de homens herdeiros antes de mim foram os verdadeiros monarcas, mas agora eu estava no poder maior, no começo tentaram fazer de meu irmão o herdeiro, mas a regra é clara, apenas o primeiro filho do rei deve ser coado. As vezes me pego pensando se tivesse tentando quebrar essa regra e colocado meu irmão no meu lugar, eu acho que ele iria quebrar, desde criança ele sempre foi mais quieto, mais afastado, mais manhoso, porém o amo desse jeito mesmo, acho que se fossemos iguais íamos acabar brigando muito mais do que já brigamos, ele é gentil e vários amigos do papai gosta dele, mas é claro eu sou a favorita, eu atraio os olhos de todos, meu irmão já me falou que se sente a minha sombra porém disse que não ligava pois assim poderia me proteger até mesmo de pessoas que vinham das sombras assim como ele.
   Estou agora sentada em meu trono, claro o trono de princesa, mas olho para o trono do meu pai como se já fosse meu, acredite posso não gostar de toda a pressão mas fui criada para o trono, feita para ele, e mesmo não sendo mais a garotinha que sonhava em ser rainha e ter todos os luxos que minha mãe têm, eu ainda o desejo. Naquela manhã estávamos na rotina de ouvir o nosso povo, sendo assim uma fila era feita e todos que tinham um problema vinham até a gente procurando sabedoria, cura, uma benção, seja o que for eles vêem e se curvam até a gente mandar eles se levantarem, um de cada vez, aquilo parecia durar horas no começo mas agora eu gostava, não dá parte de se curvar, mas dá parte de ter que ajudar eles um por um. Na sala estava apenas eu e meu pai, meu irmão devia está por aí aproveitando sua dádiva de sombra, e minha mãe sendo ao contrário dele, rindo alto, conversando com todas as mulheres possíveis, sinceramente não sei por que desejei ser como ela, não me vejo gostando desse tipo de coisas.
   Naquele dia tudo parecia andar em câmera lenta, apesar de ainda não ter passado o horário do almoço, sentia que já tinha passado horas desde que acordei, esse maldito dia era um daqueles dias que tudo parecia dá errado, eu acordei e tinha um rato em meu quarto, não fiquei com medo, o matei sem nem piscar o transformando em pó, mas passei um bom tempo procurando por mais ratos e se aquele tinha destruído algo meu, quase me atrasei para o café então tive que andar mais rápido do que queria, quando abri a porta uma criada derrubou café em mim, eu sou resistente ao fogo, mas aquilo doeu muito, e meu vestido ainda era claro, tive que ir trocar antes de finalmente me sentar, quando fui cortar um simples pão acabei me cortando, quando fui colocar um chá para mim, derrubei na mesa, fui passar uma manteiga em minha torrada ela acabou caindo e virando em meu vestido o sujando, com sorte o consegui limpar mas ainda sentia como se aquela manteiga desse para ser vista a quilômetros. Então acompanhei meu pai para essa rotina, e justo hoje viam as pessoas que menos me interessavam, as que pediam coisas tão fácies e simples que qualquer um poderia resolver, sempre fico pensando que essas pessoas tiram o lugar de quem realmente precisa para pedir, como por exemplo, pegar seu felino de volta, acho tão idiota. Estava perdendo a paciência com aquele dia, me ouvia suspirar sem nem perceber a cada pessoa que saia da sala, então meu pai deu uma risada suave e segurou minha mão.

   - O que tanto te encomoda minha princesa?

   - Você estava no café, viu os desastres que aconteceu.

   - Não deixe que uma coisas dessas destrua seu dia filha, ficar de mal humor para seu próprio povo não é nada descente.

Legends never dieOnde histórias criam vida. Descubra agora