O segredo da paixão

Capítulo I - O Primeiro Encontro

Não garanto ter percebido na realidade, o que um dia criei expectativas em encontrar na vida. Talvez eu fosse apenas um jovem com uma mente fantasiosa, buscando no mundo uma perfeição surreal. E se o mundo for perfeito, e os valores que tanto procuro forem imperfeitos?! Às vezes falo que sou antigo, que nasci na época errada, mas e se nunca tiver existido uma época certa?! Provavelmente, ao constatar isso, a minha vida iria perder totalmente o propósito. Assim começo a contar a minha história, sendo esta um tanto quanto complicada, devido ao ir e vir do amor. De fato, os valores são construídos desde cedo, em consequência de diversas variáveis que influenciam, e dão formas aos nossos princípios. Uns acreditam na força da astrologia, outros acreditam que os pais e amigos são de total importância para a formação da personalidade, e outros acreditam em todos esses e nos aspectos adquiridos em vidas passadas, que estão inconscientes em cada um de nós, eu particularmente me encaixo neste último grupo, mas eu não quero entrar nesta discussão, longe de mim achar que há apenas uma verdade, pois que cada um defenda a sua, e eu respeito isso, a questão é que os meus princípios foram determinados com muita antecedência em minha vida.

Sempre tive o costume de sair com várias garotas, mas acho que eu ficava com inúmeras para mascarar a necessidade que tinha de preencher um espaço vazio que surgiu no meu íntimo, devido a algumas decepções que vivi. Tendo atualmente 40 anos, sofri em uma parte de minha vida, certas desilusões amorosas, que foram suficientes para fazer com que eu ficasse meio cético no que diz respeito a relacionamentos. Acredito que pelo fato de ter sido prematuramente um ultrarromântico, sempre imaginei que encontraria uma garota que me elogiasse, que gostasse verdadeiramente de mim, que fosse fiel, e que quisesse viver aqueles romances a moda antiga, nos quais os companheiros viviam envoltos em um forte laço, claro que tendo espaço para amigos, familiares e conhecidos, mas na maioria do tempo, dedicavam boa parte das atenções aos parceiros, filhos, etc.. Será que eu estou pedindo muito?! Na verdade eu não sei, o que eu acho é que não perdi toda a minha esperança, e que apesar de todos os infortúnios amorosos, consegui viver de forma intensa a minha vida, e neste exato momento eu te proponho a mergulhar nessa história, saborear comigo as memórias que levarei sempre.

O começo da minha vida significativamente amorosa se deu em uma manhã meio nublada, na qual eu estava passeando pela avenida principal, quando me veio uma vontade repentina de ler um livro, já que eu era um bom leitor, apesar de não ser um verdadeiro devorador de livros, estava me esforçando para melhorar neste quesito. Chegando na Biblioteca Municipal, não pude deixar de notar a presença de dois amigos, no entanto, havia uma garota diferente que se destacava de tal forma, que pareci meio bobo, ficando paralisado. Ela tinha cabelos loiros, com uma pele esbranquiçada, porém um pouco queimada do sol tipicamente brasileiro. Quando me dei conta do papel que estava fazendo, tratei de me mover para tentar minimizar a vergonha que acabei de passar.

Estavam todos sentados no canto direito dos degraus da Biblioteca, não conseguia descrever, nem entender tal sentimento que tinha me dominado naquele momento, eu estava verdadeiramente encantado com tamanha beleza, ela parecia ser tão doce, delicada, que de uma maneira incomum, conseguiu mexer comigo. Ao me aproximar deles, acabei tropeçando no batente da calçada, o que tornou a cena mais constrangedora ainda. Joaquim e Melissa, meus amigos de infância, gargalharam ao ver a minha topada, a garota nova ficou preocupada.

- Você está bem? – Perguntou-me.

- Estou sim, muito obrigado. – Respondi de forma tímida, constatando naquele exato momento uma pequena parcela de sua doçura.

- Ah, esta é a Bárbara. – Falou-me Joaquim – ela é nova na cidade, os seus pais montaram aqui na cidade uma filial das inúmeras empresas que eles têm.

- Não é para tanto. – Encabulou-se Bárbara, ficando vermelha devido ao comentário que foi feito por Joaquim.

- Prazer, Bárbara, chamo-me Miguel. – Consegui falar normalmente, recobrando os meus sentidos, parcialmente perdidos quando a vi.