Xande passou dias pensativo.
Será que gostava de Guizo?
A resposta para essa pergunta era...
Um tanto óbvia.
A questão era: Como nunca percebeu isso antes?
Havia sonhado com ele quase todas as noites.
Passava o dia escutando músicas que o fizessem lembrar dele e pegava no sono escutando essa playlist que havia feito.
Sentia saudades do gosto de café da voz do garoto.
Sentia saudades de seu sorriso.
Saudades de seu cabelo bicolor e macio.
Saudades de seus olhos castanhos e profundos.
Saudades de seu cheiro.
Saudades de suas conversas até tarde da noite.
Saudades de passar a noite juntos vendo filme no sofá.
Saudades de seu abraço seguro e aconchegante.
Saudades de sua animação quando falava sobre aliens, Ahlevo ou qualquer outra coisa que gostava.
Saudades de sua leveza e da confiança que tentava transmir mesmo quando não se sentia seguro de si.
Saudades de seus conselhos.
Saudades da paciência e empatia que tinha para lidar com Xande.
Xande sentia-se orgulhoso por amar alguém como Guizo.
E foi aí que a ficha caiu.
Amava Guizo,
mas algo estava errado.O sentimento de saudades é causado pela distância ou ausência de alguém.
Onde estava Guizo durante todos esses dias?
Xande pegou seu celular e procurou por alguma mensagem ou ligação do falso ruivo.
Não encontrou nada.
Tentou mandar mensagem e viu que o amigo não recebia, tentou ligar e a chamada nunca era completada.
Olhou diversas redes sociais.
Havia sido bloqueado?
Algo estava muito errado.
Sem pensar duas vezes, saiu de casa com seu skate em mãos. A casa do mais velho não era tão longe, poderia chegar mais rapidamente de skate.
Em questão de uns 12 minutos, estava na frente da porta da casa do amigo.
Guizo estava jogado no chão da sala quando ouviu batidas em sua porta.
De uns dias pra cá, dormir havia se tornado uma tarefa complicada, pesadelos o perseguiam, se sentia fraco e consumido, estava com olheiras extremamente fundas, sentia sua cabeça pulsando e seu corpo pesando. Com esforço, levantou do chão e andou lentamente em direção da porta.
Foi surpreendido ao abrir a porta e ver um certo skatista parado em sua frente.— Guizo? CARAMBA, O QUE ACONTECEU COM VOCÊ? Cê ta acabado! — Disse o loiro, preocupação era a palavra certa para descrever o que estava estampado em seu rosto.
Guizo se manteve em silêncio, seu olhar estava fixado nos olhos do mais novo e finalmente, após alguns segundos que pareceram uma eternidade, o falso ruivo se permitiu chorar.
— Gui? O que aconteceu? — Perguntou sutilmente, levando sua mão até a bochecha do mais velho, que recuou e virou sua cabeça para o lado, cerrando os punhos. — Gui, eu to aqui, pode falar comigo, eu adoro sua voz...
— Olha Xande, eu acho melhor você ir embora...
— Do que você ta falando? Acha mesmo que vou ir embora depois de te ver nesse estado? — Segurou nos braços do amigo, sem fazer muita força para não machucá-lo. — Sério, alguém fez alguma coisa pra você? Pode me contar.
— Não, Xande. Eu só to meio... sei lá. - Deixou sua cabeça cair no peito do loiro que, ao invés de continuar segurando os braços do bicolor, o envolveu num abraço apertado — Você já teve aquele medo de não conseguir se afastar?
— Do que você ta falando? — Perguntou, ponderando sobre a pergunta do mais velho, até entender do que estava falando. — Pera, você... tentou se afastar de mim? — Indagou incrédulo, mais para si mesmo do que para o outro — Por que? — Não obteve resposta, assim como não notou o momento em que o falso ruivo tossiu e escondeu algo no bolso de sua calça — Esquece, não vou te pressionar a me contar, só... não faz isso de novo, okay?
— Não vai se repetir, eu prometo - Assegurou, retribuindo o abraço. — Foi uma tarefa muito difícil.
— Eu senti sua falta, Gui. — Disse, soltando do abraço e segurando o rosto de Guizo em suas mãos.
— Eu também senti a sua, Xan. Me desculpa pelo que eu fiz, por favor...
— Eu te desculpo se você me deixar passar a noite aqui hoje! — Propôs, com um sorriso no rosto.
Guizo pensou um pouco na proposta, teria que se esforçar pra esconder as flores mas não queria magoar Xande.
— Tudo bem. — Respondeu, olhando nos olhos do maior. — Que tal a gente entrar, então? Posso fazer uma pipoca enquanto você procura algum filme pra gente ver! — Ofereceu, soltando os braços que rodeavam o loiro.
— É uma ideia incrível! — Replicou, tirando uma de suas mãos do rosto do falso ruivo e levando a outra até seu cabelo a fim de acaricia-lo.
Apesar de ser considerado lerdo pela maioria das pessoas, Xande não era burro.
Essa era a oportunidade perfeita para observar Guizo e tentar descobrir o que havia deixado o garoto desse jeito
Dito e feito, entraram na casa e Guizo foi direto para a cozinha pra começar a preparar a pipoca, Xande se acomodou no sofá e começou a procurar por algum filme de terror para assistirem.
Adoravam ver filmes de terror juntos, especialmente os ruins, era muito divertido rir dos efeitos especiais ridículos e das falhas tentivas de susto.
Após alguns minutos, Guizo foi para a sala com um balde de pipoca salgada em suas mãos e ao se sentar no sofá, Xande perguntou:
— Não vai pegar uma coberta? — O loiro sabia que Guilherme gostava de ficar no sofá enrolado por uma coberta pois se sentia protegido. — Espera aí! — Xande saiu da sala e foi até o quarto de Guizo onde pegou seu cobertor e voltou para o sofá — Aqui esta!
— Obrigado... - Agradeceu timidamente, vendo o mais novo colocar a coberta sobre si. — Se quiser, pode ficar embaixo da coberta também...
— Nem precisa pedir! — Disse, se enfiando no cobertor. — Vou dar play no filme!
O filme começou, Xande estava sentado do lado de Guizo com o balde em seu colo e o falso ruivo escorava sua cabeça no ombro do loiro.
Era exatamente o tipo de filme que gostavam de assistir, e passaram a tarde toda vendo filmes parecidos, zoando a burrice de alguns personagens e de vez em quando se assustando com os jumpscare.A tarde passou tão rápido que nem perceberam quando a noite chegou.
Estavam na metade de outro filme quando Xande percebeu que o garoto ao seu lado estava completamente apagado, deu uma leve risadinha da cena e apreciou como conseguia ser adorável, mesmo dormindo.
Com muito cuidado, deitou a cabeça de Guizo em seu colo e começou a afagar seu cabelo.
Sequer percebeu quando também pegou no sono.
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𝙐𝙣𝙧𝙚𝙦𝙪𝙞𝙩𝙚𝙙 𝙇𝙤𝙫𝙚 -𝙓𝙖𝙣𝙯𝙤
FanfictionApós uma infeliz mensagem, coisas estranhas começaram a acontecer com Guizo. O garoto não sabia que simplesmente por amar alguém poderia ser responsável por seu próprio final fatal.