Eu aceito ser seu peão

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No grande escritório havia duas grandes estantes nas extremidades, repletas de livros, tão altas que chegavam até o teto, com um acabamento que lembrava realmente aos de um palácio da era medieval, que seguia o padrão do restante do cômodo, certamente a sala foi arquitetada diferentemente das outras para compor um ambiente que estivesse em harmonia com a personalidade do senhorio. Todos os componentes da sala criavam uma cena dramática, a tapeçaria que cobria quase toda a sala, delicadamente costurada, cheia de detalhes, os assentos acolchoados com um aspecto de antiguidade, porém que estão incrivelmente novos, uma extraordinária réplica da marcenaria europeia de séculos atrás, e os pequenos detalhes criam um charme a mais para tudo aquilo, as porcelanas escolhidas a dedo para contrastar com o ambiente e com as flores colocadas, o que fazia tudo parecer uma pintura.

Todos os elementos em conjunto causam uma sensação de estar em outro lugar, como se tivessem criado esse espaço na intenção de fazer as pessoas sentirem que tudo é irreal e distante, é quase uma armadilha mental, mas a mente ardilosa por trás daquela bela pintura é muito mais atrativa do que sua sala em si, é como o coração daquilo tudo, dando vida a fantasia que é aquele lugar e trazendo as visitas para sua teia de aranha convidativa que liquidaria qualquer opositor.

Em tais circunstâncias que são completamente diferentes do que imaginava que estaria antes de passar por aquela porta, seu cérebro foi inundado por um turbilhão de pensamentos. Uma súbita paralisia se espalha por todo seu corpo, seu sistema tinha dado pane, só que de algum jeito passavam se aceleradamente diversos cálculos e imagens, ou melhor, pinturas de como aquilo poderia acabar, não permitindo que Senku realizasse qualquer ação, como se tivesse desaprendido a falar.

- Vai dizer alguma coisa ou só veio aqui para me encarar? - Disse o diretor impaciente enquanto observava o homem emaranhado em sua própria confusão mental.

Ouvir a voz de Gen mais uma vez fez com que Senku se lembrasse num estalo do que tinha que fazer antes de ter sido vergonhosamente pego na cena do crime, e pela pessoa de quem ele estava se escondendo, a vida sempre dá um jeito de lembrá-lo da pior maneira de seu persistente azar. Permitiu-se tomar um fôlego rapidamente para proferir algo que fizesse o mínimo sentido.

" Diretor eu quero falar com você" disse por pouco não atropelando as palavras por ter acabado de destravar a garganta que antes encolhia em agonia.

Gen dá um curto riso do cientista.

"Oh não, você não quer falar comigo" afirma o diretor com um sorriso ladino.

" Do que está falando? Eu realmente preciso falar com você"

Ishigami estava um tanto perdido quanto ao que fazer, não tinha ideia de como levar essa conversa. Não tinha muito o que inventar, então o único jeito é de fato seguir o roteiro, que é fingir que ele estava ali para fazer exatamente o que Gen mandou ele não fazer, retornar a Substazen para pedir uma reavaliação. Se antes fosse pensar que isso iria acontecer sentiria desespero, entretanto estar ali, naquele lugar, com aquela presença, apenas soa diferente.

Sabe muito bem que o diretor tem poder para fazer o que quiser consigo, porém também é um alívio de não ter que esconder mais, de poder falar o que acha diretamente, ignorando o problema de ter invadido a empresa e em seguida a sala da celebridade. Além de tudo, também não é fácil ter que encarar o sujeito de frente, estar cara a cara com ele é quase como ser empurrado por uma densa onda opressora, é difícil até se manter de pé.

Asagiri se levanta sutilmente do seu "'trono" era assim que parecia para o cientista, um rei opressor sentado em seu trono e dois grandes chifres demoníacos saindo de sua cabeça. De pé ele revela ser um pouco maior do que o farmacêutico, ele caminhava vagarosamente em direção a Ishigami, sem pressa alguma, como se quisesse o torturar, sentindo a aproximação o outro inconscientemente começa a dar passos para trás, recuando da súbita aproximação.

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