•1- Garrafa d'água•

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Jasper narrando.

A neve caia no campo, as árvores sem folhas passavam rápido através da janela do carro azul do papai. Eu estava a caminho do colégio interno onde eu passaria os dois últimos anos escolares da minha vida, onde eu faria amigos, e talvez, viveria um romance. Minha ansiedade e expectativas aumentavam a medida que eu me aproximava de lá, comecei a apertar o cinto de segurança e aquilo me aliviou um pouco.

Papai me olhou pelo espelho retrovisor e começou a falar:

- Se você continuar apertando esse cinto assim ele vai arrebentar- disse com um sorriso sarcástico. Olhei para seu reflexo no vidro do carro e larguei o cinto- Está muito ansioso?

- Estou- dei um sorriso nervoso. Aquele pontinho no final da estrada ficava cada vez maior.

Em um certo ponto eu já podia ouvir as vozes das pessoas, gritos, vozes finas, grossas, risos escandalosos e silenciosos, cochichos, o típico som de uma escola cheia de adolescentes na puberdade.

Imaginava meus quarto, como seriam meus colegas? Seriam legais? Ou valentões?

Papai falava do casamento dele, mas eu nem prestava atenção, olhava para aquele prédio que já era enorme e poucos minutos estaria a minha frente.

- A Jéssica não queria que você viesse pra cá, ela gosta tanto de você, ela disse que....- Jéssica, a futura esposa do meu pai.

Ainda não contei a minha história, vocês irão descobri-la a medida que a minha história comece. Mas irei contar sobre minha madrasta.

Meu pai, um homem milionário, doce e gentil se apaixonou por sua assistente. Depois de um tempo ele a apresentou como sua namorada pra mim, Jéssica se mostrou ser uma mulher interesseira, bipolar e extremamente infeliz. Ela tentou me agredir uma vez, mas eu quase torci o pulso dela, ela inventou uma história e o papai acreditou. Agora eles vão se casar e ela conseguiu fazer a cabeça do papai para me mandar para este colégio interno, o que ela não esperava é que eu ia amar a ideia. Vou ficar longe daquela mocréia por um bom tempo, porém, continuarei a tentar separa-la do meu pai.

- Chegamos querido- disse papai estacionando o carro. Desci do carro e ajudei o papai com as malas. Quando terminamos de colocar todas para fora ele segurou o meu ombro e olhou profundamente em meus olhos escuros- Tenha cuidado, não deixe ninguém te intimidar, durma cedo, coma bem...- seus olhos estavam marejados, ele desviou seu olhar do meu por um instante e me puxou para um forte abraço, eu ouvi ele soluçar baixinho- Eu te amo meu filho, se cuida tá?- retribui seu abraço e acenei positivamente com a cabeça.

- Eu também te amo pai, eu vou me cuidar não se preocupe- ele se afastou um pouco de mim e sorriu- Eu te vejo nas férias?

- Claro- deu outro sorriso emocionado- Ligue todo o dia- ele entrou no carro deu partida e olhou me pela janela- Tome cuidado- sorriu ternamente e partiu. Observei seu carro azul sumir naquele mar branco de neve. Dei um breve suspiro e entrei naqueles grandes portões do colégio, meu coração batia forte em meu peito, meu estômago revirava, minhas pernas estavam bambas, a ansiedade tinha tomava conta de mim.

Todos olhavam para mim como se fosse nojento, um animal de circo. Não entendi direito sua hostilidade, eu era apenas mais um adolescente entrando nessa escola de mauricinhos. Andei rápido com as minhas duas malas e uma mochila para dentro do prédio da escola, me sentei em um banco de madeira escura e respirei fundo. As lágrimas queriam brotar do canto de meus olhos, fiz de tudo para impedi-los de rolarem pelo meu rosto, eu tinha que ser forte.

De repente senti uma mão em meu ombro fazendo carinho nele, uma voz suave e gentil adentrou meus ouvidos sussurrando "se acalme" e acelerou meu coração de uma forma boa, a ansiedade estava sumindo aos poucos e um sentimento bom estava tomando conta do meu ser, um sentimento novo.

𝕄𝕠𝕥𝕚𝕧𝕠𝕤 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕀𝕞𝕡𝕝𝕚𝕔𝕒𝕣 ℂ𝕠𝕞 𝕍𝕠𝕔𝕖̂Onde histórias criam vida. Descubra agora