CINCO

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Quando Serkan retorna, cerca de vinte minutos depois, eu estou sentada no chão, encostada no sofá e observando as chamas na lareira a minha frente.

— Vinho? — ele mostra as duas taças e uma garrafa em suas mãos. 

— Aceito. — Ele vem em minha direção e senta ao meu lado, me entregando uma das taças e a enchendo com o líquido escuro. — Será uma experiência interessante.

Eu instigo a curiosidade dele, porque vinho costuma causar coisas no meu organismo. Como se eu precisasse de mais estímulo para ficar atraída por ele...

— O que? — Ele parece não ter noção, ou sabe fingir inocência muito bem.

— Vinho costuma agir como desinibidor — explico —, mas você sabe que não precisa disso para me seduzir mais... 

Ele enche a própria taça, sorrindo de lado e eu espero atentamente sua resposta. Mas quando Serkan me olha não há nenhuma piada indecente ou algo do tipo, seu olhar me transmite timidez. 

— O que? — é minha vez de ficar confusa. 

— Talvez quem precise ficar um pouco desinibido seja eu. — Eu vejo que ele está sendo honesto. — Eu estou um pouco nervoso, admito. 

Uau, o poderoso Serkan Bolat está se sentindo intimidado por mim? 

— Por que...? — a ideia parece tão absurda que eu não consigo completar minha pergunta.

Ela toca a borda da taça. Tanto ele quanto eu ainda não bebemos um gole do vinho. 

— Tem sido um longo tempo... — ele parece estar em um monólogo — Nos últimos anos priorizei minha filha, talvez no momento eu seja apenas uma companhia interessante para filmes infantis e parques de diversão — ele ri — Estou enferrujado para as mulheres. 

— Ah Serkan, você não faz ideia... — ele olha para mim, o fogo crepitante da lareira agora refletindo no olhar dele. Eu estendo minha mão com a taça para ele, oferecendo um brinde. — Ao natal, aos filmes infantis e à diversão adulta há muito tempo esquecida por nós. 

Ele sorri e toca sua taça na minha, aceitando meu brinde.

— Um brinde ao tempo. 

Ele toma um gole do vinho e eu o acompanho, sentido o gosto forte na minha língua. Serkan praticamente toma todo o líquido da taça e o repõe em seguida, mas quando ele vai vira-la mais uma vez, eu dessa vez seguro a sua mão. 

Eu reúno toda coragem que há no meu corpo, me aproximando dele, colocando a garrafa no chão, um pouco mais distante. O tapete faz cócegas quando eu apoio meu corpo ali, até me firmar na frente dele. Serkan acompanha cada movimento que faço, seus próprios braços agora ao lado do próprio corpo, como se estivesse esperando por mim para poder dar o primeiro passo. 

— Eda... — Ele murmura meu nome de um jeito que poderia ser considerado crime. 

— Shh... — Eu não deixo ele terminar sua sentença. 

Eu sento em seu colo, uma perna de cada lado, suas costas se curvando para trás, encostando totalmente no sofá. 

— Eu não consigo pensar direito quando você está tão perto. — Ele diz de repente.

Eu me sinto desejada.
Quente.
Pronta. 

— Eu não quero pensar. — É a minha resposta para ele. 

Sua mão esquerda se move, finalmente vindo na direção da minha cintura. Serkan aperta meu quadril, fazendo nossos corpos se aproximarem mais. Nesse momento eu não gostaria de ter uma calça no meu corpo, muito menos um suéter vermelho grande e nada sexy. 

LONELIEST TIME OF YEAROnde histórias criam vida. Descubra agora