Capítulo 8 - Uma mãe de caranguejos

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Já estava além das minhas expectativas poder trabalhar no mesmo lugar que a Khun Sam, mas dormir na mesma cama que minha referência em educação e estilo de vida? Vou dizer a verdade, a casa da Khun Sam não era o que eu esperava. Porque o estilo e tonalidade são tão diferentes do que li nas entrevistas dela: diziam que o estilo dela é contemporâneo e colorido.

Esta casa tem estilo contemporâneo, mas a cor é preenchida por um tom de terra. A maioria das coisas aqui são cinzas. A única coisa colorida que vejo nessa casa é um batom vermelho. Até o pijama dela que estou vestindo, tem cor de terra.

"Você gosta de rosa?"

"Quê?"

"Sua calcinha diz que sim."

Ela levanta a calcinha com dois dedos. Eu esqueci no banheiro. Me apresso para pegar da mão dela. Que vergonha.

"Desculpa, esqueci no banheiro."

"Só queria saber, então perguntei. Me questiono por que as garotas gostam tanto de rosa."

"Eu não quis dizer que gosto."

"Não? Sua bolsa é rosa, o estojo do seu pó compacto é rosa, sua caneta é rosa, tudo rosa."

"Você me conhece bem."

Ela para por um momento e sorri de canto de boca.

"Estou sendo sua fã, talvez."

Até quando ela vai me provocar?

"Estou com sono."

Coloco um ponto final na conversa, dobro minha calcinha, e coloco debaixo do meu vestido do trabalho para esconder.

"Você vai para cama cedo. Normalmente você responde minhas mensagens à 1h da madrugada."

"Você me mandou mensagem primeiro, então respondi. É isso. Posso dormir em qual lado?"

"Naquele lado." Ela aponta o lado da cama próximo da janela. Eu olho para ela e sei o que está pensando.

"Está com medo que os fantasmas famintos te olhem pela janela, né?"

"Eu vou te bater."

Sou fuzilada pelo olhar dela. Não me assusta, mas começo a rir enquanto me deito debaixo do cobertor branco, que faz parecer que estou dormindo em um hotel. O cheiro leve e único dela faz meu coração acelerar.

O cheiro dela é tão bom.

Enquanto estou deitada na cama, ela anda de um lado para o outro à procura de algo para fazer. Eu pergunto a ela:

"Não está com sono?"

"Não é minha hora de dormir."

"Você dorme muito tarde. Deve ser o efeito da sua dor de cabeça."

"Não consigo dormir sem remédio."

"Isso não é bom para você. Venha, deite-se. Se eu dormir primeiro, você vai ter que lidar com os fantasmas famintos sozinha."

Ela resmunga alguma coisa e se deita na cama. Ela apaga a luz principal e deixa o abajur da cabeceira aceso. Acho que essa luz vai nos atrapalhar a dormir. Então, me atrevo a esticar o braço sobre ela para apagar o abajur.

"Eu vou ler um livro. Por que apagou?"

"Vai dormir. Você precisa dormir agora." Tiro o livro das mãos dela e coloco na cabeceira. Então puxo seu corpo para baixo para ela dormir.

"Você tem coragem. É assim que quer sejamos amigas, minha fã?"

Quando ela chama minha atenção, fico atordoada e me encolho como se tivesse levado uma descarga elétrica.

GAP: The Pink TheoryOnde histórias criam vida. Descubra agora