Quarto escuro, frio e quase vazio. Havia pouca ou nenhuma luz, apenas um pequeno fogo ainda crepitando em um canto, segurando seus últimos suspiros quentes. Lá fora, uma tempestade ainda forte, como nos últimos dias. As grandes paredes sombrias pareciam absorver qualquer luz que tentasse penetrar pelas velhas e pequenas janelas. No meio do quarto, uma cama. Amplo, coberto por lençóis escuros, protegendo um corpo inconsciente da atmosfera pesada da câmara.
Chuva. Houve gritos. Asas. Água. Rochas. Uma dívida a ser paga. Sangue. Dor. Estava frio. Foi assustador. Trovão. Flashes. Leve. Em um instante, estava escuro. E não havia nada. "NÃO!" O menino pulou. Ainda não acordado, mas também não totalmente adormecido. Preso em um pesadelo sem fim, suando, lutando contra o que quer que o estivesse atacando. Uma tempestade.
Lucerys acordou. Olhos bem abertos, mas nenhum músculo respondeu à sua angústia. Seu corpo estava pesado, ele podia sentir, era doloroso, mas impossível de mover. Respirando erraticamente, ele fechou os olhos novamente. Ouvindo os ruídos ao seu redor, concentrando-se em qualquer pequeno ritmo que pudesse encontrar. O fogo estava morto, a sala estava mais fria. A chuva ainda batia violentamente nas grandes paredes. Não havia conforto para encontrar, nenhuma segurança. Tudo o que ele sentia era... vazio. Não era mais angústia nem medo. Apenas uma sensação de vazio, como se seu coração tivesse sido tirado de seu peito. Como se seu corpo estivesse totalmente aberto e o vento mais gelado estivesse atravessando-o.
O menino ergueu a mão, tocando o próprio rosto. Estava frio, não sabia se era a mão ou o rosto, podia ser os dois. Seu corpo podia se mover, mas doía. A dor vinha das costas, depois das pernas, dos braços, do peito. Parecia que ele foi esfaqueado centenas de vezes. Colocando cuidadosamente a mão sob os lençóis, ele se moveu lentamente, rolando para o lado direito, de frente para o fogo extinto.
Além da chuva, cada vez mais perto, o garoto de cabelos escuros podia ouvir o que soava como espetos se aproximando. Eles eram lentos, mas constantes. Lucerys manteve os olhos fechados, fingindo estar dormindo, sem ter ideia se os passos cruzariam a porta e, se cruzassem, a quem poderiam pertencer.
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Fazia dias. Talvez meio dia? Dois dias? Aemond não sabia dizer. Ele não havia focado nenhum segundo no tempo ou nos dias que passavam. A única coisa que importava agora era o que ele fazia, e o que ele fazia depois do que ele fazia. Ele tentou matar Lucerys. E ele o 'resgatou'. Ele não tinha justificativa nem vontade de explicar, para os outros ou para si mesmo, por que o fez. Pouco se importava, pensou, com isso.
Subindo lentamente as escadas, ele esperava que o menino ainda estivesse inconsciente. Por horas ele havia planejado, pensado sobre o que faria com ele. O que ele diria. Como ele iria contê-lo se ele tentasse alguma coisa. Ele ansiava por ver o possível medo, angústia nos olhos do menino. Ou talvez fosse desafio, arrogância, como ele também tinha. Talvez ele risse da cara dele como já fez. Isso o irritava, tudo sobre Lucerys o irritava. No entanto, o aborrecimento não estava separado do fascínio, ou melhor, da obsessão.
Sem hesitar, ele abriu a porta. Fechando-a silenciosamente, fixou os olhos na cama. Lucerys havia se mudado. Ele agora estava deitado do lado direito. Aemond se aproximou da cama e ficou lá por alguns minutos. Ele estava em conflito. Tudo o que ele podia fazer agora. Tudo o que ele desejava fazer nos últimos dias. Mesmo nas últimas semanas, meses. Toda vez que ele estava perto do menino. Ele deveria cortar a garganta de Lucerys, deveria socá-lo com mais força do que jamais quis, deveria acariciar seu rosto, deveria beijá-lo, deveria satisfazer seus desejos mais sombrios?
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Após q queda
FanfictionAemond 'resgata' Lucerys, na esperança de mantê-lo cativo e atormentá-lo como ele deseja. Mas logo ele descobre que o menino não tem memórias de eventos anteriores... dando rédea solta aos seus piores e mais sujos desejos. A historia não é minha é a...