Batida Perfeita(calex)

capítulo 05

Posso até fingir não estar solitária, mas estarei me fazendo de tola. ~ Rihanna em We
All Want Lo

Alex Cabot, depois de ouvir Casey desabafar sobre sua suspensão e a dor de perder o controle sobre sua vida, percebeu que havia uma conexão ali, uma compreensão silenciosa entre elas. Inspirada pela sinceridade de Casey, Alex sentiu que era o momento de abrir-se também. Ela respirou fundo, olhando para a bebida em sua mão antes de levantar os olhos para Casey, com um olhar carregado de tristeza e cansaço.

"Eu... eu também não estou bem, Casey," começou Alex, com a voz mais baixa e vulnerável do que Casey já havia ouvido. "Faz um ano que me aposentei como promotora, mas não consegui ficar parada. Decidi me dedicar a ajudar mulheres vítimas de violência doméstica. Era algo que eu sentia que precisava fazer... para tentar fazer a diferença de uma forma mais direta." Ela pausou, mordendo os lábios enquanto a dor do fracasso recente voltava à tona. "Hoje eu perdi uma delas. Ela morreu antes que eu pudesse tirá-la de perto do monstro que a machucava."

As palavras pesavam no ar. Alex nunca gostava de mostrar suas fraquezas, mas algo na presença de Casey fazia com que ela se sentisse segura o suficiente para compartilhar aquela dor. "Eu falhei com ela, Casey. E é difícil aceitar isso. Tem sido difícil todos os dias desde que comecei esse trabalho. Algumas vezes eu consigo salvar uma vida, mas outras... como hoje, sinto que nada do que faço é o suficiente."

Casey, que já havia sentido o gosto amargo da impotência, entendia perfeitamente o que Alex estava passando. Havia uma solidariedade ali, um elo formado não apenas pela dor que ambas estavam sentindo, mas pela luta constante que as duas travavam para fazer o que era certo.

"Eu sinto como se estivesse sem controle da minha própria vida," Alex admitiu, sua voz mais baixa, quase como um sussurro. "Como se tudo estivesse desmoronando."

O silêncio que seguiu foi profundo, mas não desconfortável. Havia uma compreensão mútua no ar, algo que ambas precisavam. Casey, estranhamente, sentia uma espécie de alívio ao ouvir Alex. Ela não estava sozinha. Ambas estavam lutando, e talvez, só talvez, juntas pudessem encontrar um caminho de volta ao controle que tanto buscavam.

Casey, após ouvir a confissão de Alex, sentiu que precisava ser igualmente honesta. Pela primeira vez desde sua suspensão, ela decidiu contar o que realmente havia acontecido. Respirando fundo, ela começou a falar, a voz cheia de amargura e frustração.

"Eu fui expulsa porque menti para juíza ," admitiu, com o olhar fixo no copo à sua frente. "Era um caso que me consumiu por completo. O criminoso era um monstro, e eu queria, mais do que qualquer coisa, a condenação dele. Mas as provas não estavam completas, e eu menti dizendo que o laudo ainda não estava pronto.queria que a Warner tivesse dito que o laudo era confiável.
Mas ela se negou.
Achei que, com mais tempo, conseguiria garantir a condenação... só que ele escapou impune."

A dor na voz de Casey era palpável. "Eu vi a família da vítima sofrendo. Eles imploravam por justiça, e eu senti que era meu dever entregar isso a eles. Quando o criminoso foi libertado, a sensação de falha me destruiu. E então, ele foi morto por um detetive. Eu... fiquei aliviada. Foi um alívio saber que ele nunca mais machucaria ninguém. Mas ao mesmo tempo, isso me deixou desolada. Eu falhei. Falhei com a justiça, falhei com a família, e falhei comigo mesma."

Ela olhou para Alex, que a escutava atentamente. "Eu queria ajudar todas as vítimas que pudesse, assim como você. E ver aquela família destruída, sabendo que eu não consegui fazer o suficiente... foi devastador. Eu entendo o que você sente, Alex. Querer consertar o mundo, mas ser confrontada com as limitações da própria humanidade."

As duas mulheres, sentadas uma de frente para a outra, compartilhavam a mesma dor de quem vive para buscar justiça, mas às vezes se vê impotente diante da crueldade do mundo. Casey nunca havia se sentido tão compreendida quanto naquele momento, e a conexão que começava a se formar entre elas era algo que ambas precisavam desesperadamente, mesmo que ainda não estivessem completamente prontas para admitir.