•Cap 1•

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Ela odiava tomar decisões, escolher um lado. Quem poderia garantir que estava fazendo o certo? E se ela se arrepende-se? Não tinha como voltar atrás depois. Angústia. Esse era o sentimento que Hyori sentia a cada decisão que tomava, a garota até tinha suas vontades e opiniões, mas nada tão grande quanto o medo de se arrepender e não poder fazer nada a respeito.

Todos sabiam desse traço em sua personalidade, então porque logo ela estava nessa situação?

— Hyori? - Shinobu chamava sua atenção - pense com calma ok? Não precisa aceitar só porque é um pedido meu.

A jovem aos poucos se relembrava do convite que sua mestra fez a alguns minutos: auxiliar o pilar da névoa com sua medicação em tempo integral. Algo simples ao primeiro ver. Mas isso significava que ela teria que conviver com alguém que nunca se quer conversou. Além de ter que deixar a mansão borboleta e todas as meninas.

— Eu...prometo que vou dar uma resposta até o final do dia. - respondeu ainda presa em seus pensamentos.

— Hyori, caso aceite, teremos uma reunião com o mestre e vamos chegar a um acordo que não fique ruim nem para você, nem para o Tokito, está bem ? - a pilar dizia relaxada.

Seu tom de voz a deixava cada vez mais nervosa, ela havia aceitado trabalhar como enfermeira na mansão há algum tempo, o mínimo a se fazer era realizar seu trabalho sem questionar a situação. Seria feio recusar, o que todos pensariam dela? O corpo de exterminadores de oni a acolheu quando todos a maltrataram, e é assim que ela agradece? Se recusando a cuidar de um hashira.

Hyori saia do escritório em busca de ar puro, era muita coisa para pensar em tão pouco tempo, e aquela obrigação de aceitar ficava martelando na sua cabeça . Estava suando e sem perceber suas unhas iam em direção a boca. O sol forte com o vento ainda fresco mostravam que logo a manhã terminaria, a menina sentava em um dos bancos no jardim, esperando que um milagre acontecesse.

— Eu já te falei que roer as unhas é nojento. - A voz familiar vinha ao seu lado: Aoi, sua melhor amiga desde o dia que chegou na mansão. — O que aconteceu?

— Aoi, você conhece o Pilar da Névoa, né ?

— Hum, já vi ele algumas vezes. - disse tentando lembrar de algumas coisas. — A mestra sempre o atente pessoalmente, nunca nos falamos, me parece que ele não gosta muito de conversas. Mas por que da pergunta?

— Eu recebi um convite, na verdade foi mais um pedido. A senhorita Kocho me disse que a perda de memória dele está cada vez pior, e isso começou a afetar as missões, por isso foi necessário trocar o medicamento para um mais forte. Só que como ambos são hashiras fica difícil encontrarem um tempo todo dia para realizar análises e seguir a receita. Então ela me perguntou se eu poderia ajudá-lo. - Hyori contava tentando não pular nenhuma parte.

— Uau, isso é incrível! - a animação de Aoi a deixava confusa. — Você vai aceitar né?

— Eu não sei ainda, se eu dizer que sim, amanhã mesmo já terei de ir pra casa dele começar o tratamento. Aoi, eu não vou mais estar aqui, e vocês? Como vou ficar bem sem ter notícias? E se alguém ficar doente? Ou a mansão for atacada? Ou pior... - Sua frase foi cortada pelo tapa que Aoi deu em sua boca.

— Para com essas besteiras, você tem noção do que acabou de acontecer? Não é como se fôssemos morrer, ainda podemos nos falar por cartas. Além do mais, se foi um convite feito pela própria Shinobu, eu não seria louca de recusar. Faz aquela sua lista, com base nisso você decide.

Ao falar aquilo Hyori lembrou de algo que fazia com frequência, uma lista de prós e contras. O que tivesse mais coisas positivas era o que ela iria escolher. Um dia tentou até mostrar para Kanao como a lista era mais útil que a moeda, o que não funcionou muito.

Mais tarde, chegou a uma conclusão com sua lista, havia mais vantagem em ficar do que ir. Então era exatamente isso que iria fazer, recusar e pedir obrigada pela oportunidade.
Estava parada a cerca de cinco minutos na porta do escritório da pilar, treinando o que falaria para não parecer mal educada. Enfim, decidiu abrir a porta, com os olhos fechados entrou juntando toda a coragem que tinha.

— Hyori, no que posso ajudar? - Shinobu perguntou com doce voz que a fez abrir os olhos rapidamente.

— Eu... - sua voz trava e aquele frio na barriga volta, os olhos de Shinobu parecem penetrar sua alma, tudo que Aoi disse veio na cabeça e sua lista foi completamente esquecida. — Eu aceito o convite.

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Memórias - Muichiro Tokito Onde histórias criam vida. Descubra agora