Memórias - Muichiro Tokito

• Cap 3•

Muichiro Tokito, o Pilar da Névoa, conhecido entre os caçadores de onis não só por ser um prodígio, mas também pela forma rude como tratava os outros. Sua dura honestidade era o principal problema que as pessoas relatavam quando ficavam um grande tempo com ele.

— Eu te conheço? - Ele perguntava para garota parada em frente a sua porta. Aquelas perguntas eram normais para o garoto, já que sua maior dificuldade era gravar rostos e nomes.

— Eu sou Hyori, fui enviada pela Pilar do Inseto para cuidar de sua medicação. - falava estendendo a mão.— Muito prazer!

— Hum, tá, tanto faz. - Seu tom de voz indiferente fez com que o sorriso " amigável" que Hyori tentava manter no rosto sumisse completamente.

Muichiro deu espaço para que ela pudesse entrar, a casa era muito grande, algo comum para um caçador no nível dele. Haviam móveis simples que estavam cobertos de poeira, cortinas nas grandes janelas e algo que cheirava mal.

— Ah, foi mal, faz um tempo que não paro em casa. - ele dizia pegando sua katana em cima da mesa.

— Não tem problema, eu sei que você é muito ocupado mas se quiser eu posso te ajudar a arrumar e aí...

— Não, eu tô saindo agora. Deixa tudo limpo por favor. - Seu andar despreocupado a deixava confusa.

— É sério isso? - Ele virou para ela. — Olha eu sei que seu trabalho é importante e tudo mais, porém eu não to aqui pra limpar sua casa.

— Qual problema?

— " Qual o problema ?!" Eu acabei de chegar, nem conversamos e você me manda arrumar sua bagunça!

Ele a olhou como se o que ela tinha dito fosse um crime.

— Não temos o que conversar, como hashira eu tenho responsabilidade. Uma pessoa que usa o uniforme do esquadrão mas não é capaz de matar um oni não deve questionar. - agora quem tinha um olhar de raiva era Hyori.

Tinha muitas coisas em mente para falar, mas ao contrário dele, ela tinha o mínimo de educação e respeito.

— Tá, então pelo menos deixa eu te dar o remédio logo. - Hyori tirava um frasco da pequena bolsa junto com um copo.

— Se for rápido...

Muichiro tomou fazendo uma cara de nojo, era engraçado ver a reação dele, mesmo sentido um pouco de raiva, ela propôs um acordo.

— Senhor Tokito sei que não é fácil receber alguém estranho na sua casa, mas vamos fazer o seguinte, eu limpo tudo e até cozinho pra você, mas você tem que me pagar. - O garoto a encarava sério. — É como se eu fosse trabalhar para você!

— Você já não recebe? Pra que quer mais dinheiro?

— Eu recebo um quantia equivalente ao meu trabalho de enfermeira, limpar e cozinhar não tá incluso. - Hyori desviava o olhar. — E o motivo não é da sua conta.

— Pra mim tanto faz, eu preciso ir .

Hyori o via deixar o local. Ela começou a reparar em cada parte da casa, tudo era incrivelmente distinto da mansão borboleta. Encontrou um quarto vazio e se acomodou nele, infelizmente já havia aceitado seu novo destino.

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E assim se passaram dois dias, a relação deles variava entre ficar cada um quieto num canto ou reclamações bobas que ia desde o gosto ruim do remédio até o barulho alto que faziam ao comer.Cada minuto que passava ao lado de Muichiro fazia Hyori se arrepender de ter aceitado tudo aquilo, só não ia desistir por causa do dinheiro.

O dia estava quente, Hyori fazia anotações em seu caderno quando alguém bateu na porta, com raiva foi até lá achando que Muichiro havia esquecido mais alguma coisa, quando abriu viu Aoi com um grande sorriso e segurando um tipo de presente.

— Surpresa!! - Aoi animada lhe deu um abraço

— O que? Espera, Aoi, o que você tá fazendo aqui? - não conseguia acreditar no que estava vendo.

— Eu senti saudades, Kanao saiu em uma missão e até agora não voltou, além do mais as três meninas preferem brincar do que conversar comigo. -Aoi disse entrando.  — Enfim, como vai por aqui?

— Horrível, ainda bem que você tá aqui, vem vou fazer um chá. - As duas foram em direção a cozinha.

— Sabe, que bom que você tá bem, mas eu tava esperando algo como: "não foi tão ruim assim" ou "Ele até que é legal". - O jeito engraçado que Aoi imitava sua voz, fazia Hyori segurar o riso.

— Se eu falasse isso estaria mentindo.! Assim que eu cheguei ele já me colocou para arrumar a casa, depois brigou comigo porque a sopa estava com muita pimenta, e a forma ignorante dele me irrita!

— Tem certeza? Acho que você só tá tentando ver as coisas ruins, tenta conversar mais com ele, se conhecerem melhor.

— Aoi, é impossível! - colocou água no fogo. — Quando ele tá aqui ou fica me evitando ou vem reclamar de alguma coisa. Além daquele corvo nojento que sempre me faz lembrar o quanto " Tokito-sama" é perfeito e como incrivelmente ele é descendente do espadachim que usava a respiração do sol, blá blá blá.

As duas riram, era maravilhoso o modo como Hyori podia se abrir com Aoi, sem ser criticada ou algo do tipo.

— O meu corvo não tem culpa da minha vida interessante, Hyori. - A voz de Muichiro surgindo do nada fez com que Aoi levasse um susto. A quanto tempo ele estava lá ?

— O que você está fazendo aqui de novo ? Não tinha indo encontrar a senhorita Kocho? - Hyori estava incrédula.

— Eu esqueci um negócio. - coçava a cabeça.

— E o que é?

— Não sei, eu esqueci.

Hyori revirava os olhos e Aoi estava num canto tentando não rir. Até que a mais nova tirou do bolso do uniforme uma pequena lista.

— Pegou os relatórios do remédio que eu fiz ? - Ela perguntou já sabendo a resposta.

— Ah era isso mesmo. - Voltou em direção a sala para pegar os papéis. — Amanhã vamos em uma missão.

— Tá, tá, tchau. — Hyori nem se preocupava em entender o que ele falava. — Essa é a terceira vez que ele esquece alguma coisa.

— O remédio não está fazendo efeito? - Aoi perguntou terminando de fazer o chá que a outra havia começado.

— Shinobu disse que vai demorar umas duas semanas até o efeito ser visível, além de que esse mal humor todo dele possa ser a mudança repentina de remédio. - suspirava. — Ele esquece o nome até de outros hashiras.

— Mas ele lembrou o seu, isso é um bom sinal! - o que Aoi disse fez a garota corar por um instante.

— Ou talvez um sinal azar...

As duas passaram a tarde inteira juntas, como faziam, cozinharam e lancharam. Ao anoitecer Aoi teve que ir embora, deixando Hyori imersa em seus próprios pensamentos novamente.

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