•Cap 2•

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Já era. Não tinha mais pra onde ir, as palavras saíram de sua boca sem que ela quisesse, tentar fazer qualquer coisa agora não iria mudar a situação em que estava.

Depois de aceitar o convite, Hyori caiu em si. Pensava em como poderia fugir e abandonar tudo em quanto Shinobu a abraçava pela incrível escolha que tinha feito, dizendo como aquilo iria ajudar e como estava orgulhosa da pessoa que Hyori tinha se tornado.

— Iremos nos encontrar com o mestre amanhã. Não se preocupe, a escolhemos por que é a pessoa certa . - Shinobu dizia encarando a garota. — Por que não vai contar a novidade para as meninas ? Acho que elas vão gostar.

Hyori saia do escritório ainda sem acreditar no que tinha feito, passavam milhões de possibilidades do que poderia dar errado, mas ninguém parecia pensar com ela. Ao entrar na cozinha viu Aoi cortando algumas cenouras, já era início da noite, o vento que vinha da janela aberta fazia o cheiro da sopa caminhar pelo cômodo.

— Como foi lá, ela aceitou bem? - Perguntou Aoi mantendo sua atenção no legume.

— Eu aceitei. - Pequenas lágrimas surgiram em seus olhos. — Aoi, o que eu faço?

A mais velha quase cortou o dedo quando ouviu, olhou imediatamente pra amiga que parecia que ia chorar a qualquer momento. — O que aconteceu? Você não iria recusar? - se aproximava para um abraço.

— Eu lembrei de tudo que você disse, e de outras coisas também. Eu não queria ser chata ou ingrata, então aceitei. - Hyori choramingava.

Aoi a consolou o máximo que conseguia, as duas jantaram juntas aquela noite. Depois Hyori foi pro seu quarto, sabendo que não conseguiria dormir tão cedo, decidiu ler e escrever em um pequeno caderno que tinha a bastante tempo tudo que estava sentindo, aquilo a acalmava.

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Ao amanhecer, Hyori e Shinobu começaram sua caminhada até a casa do mestre. Pequenas conversar surgiam pelo caminho, como por exemplo: as nuvens pretas que se formavam no céu, as histórias incríveis de como a hashira havia matado cinco onis em uma noite, e coisas que aconteciam na mansão.
O tempo que passava com Shinobu era os melhores, desde que a conheceu, Hyori se encantou por seu talento.

Sem perceber as duas chegaram até a casa de Ubuyashiki, uma pequena garota de cabelos brancos estava esperando na entrada, seu sorriso era doce e calmo.

— Senhorita Kocho, por favor me acompanhe, o mestre está a sua espera. - Shinobu assentiu com a cabeça a ordem da menina.

As três entravam em uma rua coberta de flores, como estavam em silêncio era fácil ouvir as águas de um riacho próximo. Apesar do nervosismo presente em Hyori, era impossível para ela não notar a paz que o local trazia. Assim, em pouco tempo, foi possível ver um grande casa. A varanda era espaçosa, e lá estava um homem com machucados pelo corpo acompanhado de uma mulher muito bonita, pelos cabelos brancos Hyori deduziu que fosse parente da pequena menina. Elas pararam em frente a ele e se curvaram.

— Obrigado por virem, espero que essa reunião nos ajude a resolver o assunto da melhor maneira possível! - a voz do homem era diferente, tinha algo a mais, algo que ia além de confiança e calma.

— Não precisa agradecer mestre, estamos aqui para servir no que for necessário. - a Pilar dizia séria. — Permita- me apresentar Hyori, uma das enfermeiras da minha mansão, ela está de acordo em ajudar Tokito em seu tratamento.

A mulher ao lado do mestre começou a sussurrar algo no ouvido dele, deixando Hyori ainda mais ansiosa.

— Não se preocupe, ela está apenas descrevendo sua aparência, Kagaya- sama perdeu a visão por causa da doença. - disse Shinobu a acalmando.

— Sim, você comentou sobre ela antes, por favor Amane, leia as regras do contrato, Hyori caso descorde de algo é só falar. - Mandou o mestre.

— Claro. Hyori será responsável por aplicar e coordenar os remédios feitos pela Pilar do Inseto, ajudando no tratamento de perca de memória de Muichiro Tokito, Pilar da névoa. Isso inclui acompanhá-lo em missões longas e reuniões, sem se interferir em batalhas diretamente. Isso acontecerá até que o nível de sua doença abaixe relativamente, a ponto de não utilizar mais os remédios. Alguma pergunta?

— Sim. - Hyori levantou a mão. — Por que eu?

— Desculpa, não entendi sua dúvida. - Amane dizia com um sorriso.

— Por que eu? Tinha outras meninas na mansão por que me escolheram? - Shinobu segurava seu braço para que se acalmasse.

— Kocho deu a listagem das meninas disponíveis na mansão, nós dois concordamos que qualquer uma seria útil e ideal para o trabalho, a escolha final ficou por conta do Muichiro, ele que te escolheu. - Kagaya explicava de um jeito simples.

Hyori sentou pensativa, era difícil entender toda aquela situação. — Tudo bem então, eu concordo.

O resto da reunião serviu para que outras dúvidas fossem tiradas, como o uso do remédio, a atitude que deveria ter durante as reuniões e o que fazer caso houvesse algum acidente.
Ao sair de lá, algumas coisas ainda estavam confusas mas Hyori saberia lidar com isso.

Era tarde, Hyori estava arrumando suas coisas quando pequenas gostas de chuva atingiam a janela. Kocho a esperava para irem juntas a casa do Pilar, apesar do medo ela estava ansiosa pelo o que viria.

••••

A chuva havia passado, Hyori estava com Shinobu indo em direção a casa de Muichiro. As duas comiam alguns onigiris que Aoi tinha feito como forma de despedida. Dessa vez a única coisa que conversaram foi sobre o que ajudaria o remédio a fazer efeito. Hyori estava decidida a fazer o remédio funcionar, assim voltaria o mais rápido possível pra casa.

- Chegamos. - Kocho deu um grande suspiro.-
Boa sorte Hyori!

Ela retribuiu com um sorriso, estava apreensiva mas tomou coragem e bateu na porta. Demorou alguns minutos e alguém a abriu.

Um menino um pouco mais baixo que Hyori, cabelos pretos com pontas azuis, vestia um uniforme do esquadrão largo. Ele a olhava estranho o que deixou Hyori constrangida. Abriu a boca e perguntou com um tom sério:

- Eu te conheço?

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Memórias - Muichiro Tokito Onde histórias criam vida. Descubra agora