Depois de sairmos do hospital e termos chegado em casa, eu tentei fugir, esperei todo mundo dormir e sai bem divagar de casa.
Quando estava prestes a chegar na estrada principal a minha irmã grita: pequeno, o que ouve afinal?
Eu estava chorando e não respondia nada.Paty: para com isso amigo, vamos para casa.
Eu só conseguia abanar a minha cabeça e chorar, eu não queria voltar naquele lugar, não queria continuar perto daquele mentiroso, então comecei a correr, eu corria muito, muito mesmo, eu não queria voltar para casa.
Infelizmente por ela ser mais velha, conseguiu me alcançar...
Quando a Paty segurou a minha mão, eu gritei "papai me ajuda.""Papai me ajuda", foi a última coisa que eu disse.
Ela levou-me para casa do meu tio e pediu ao meu tio que nos levasse para a nossa casa.
Quando chegamos em casa ela explicou tudo aos meus pais, a minha mãe nem se importou, mas o meu pai começou a prestar mais atenção em mim.Eu parei de falar, para não contar o que aconteceu, deixei de conversar, já não respondia às provocações, já não provocava ninguém.
E ele? Mesmo vendo que já não tinha voz, que estava tremendo, mesmo vendo isso tudo, mesmo vendo o meu sofrimento não teve pena, ele fazia isso, ele não parava de abusar de mim, ele não parava de acabar comigo.Eu fui violado durante anos, eu fui abusado sexualmente durante anos, por quem? Pelo tio que ajudava a minha família, pelo tio que levava a mim e aos meus irmãos em parques, geladarias, em círculos e tantos outros lugares. Alguém que parecia ser bom, que aos meus irmãos incentivava a falar, que ensinava os meus irmãos a andar, tirou a minha voz e cortou os meus pés.
Vamos contar os anos? Eu estava com 14 anos, faltava um dia para fazer 15, os meus 15 anos.
No dia do meu aniversário ele trouxe um monte de coisas, muitos presentes e enfeites para a minha festa.
Ninguém estava em casa, apenas eu. Então, o meu querido estuprador, levou-me até o meu próprio quarto com o plano de novamente acabar comigo, mas desta vez o plano dele foi por ago abaixo.Quando ele estava colocando o seu órgão em mim, o meu pai chegou. Não ouvimos nada, nem o barulho da porta, nem os seus paços até ao quarto, para ser sincero eu acho que ele já sabia de tudo, porque ele entrou com um ferro grande e atingiu a cabeça do meu estuprador.
Bateu direito na cabeça dele, deu-lhe socos no rosto, o meu tio tentou revidar, levantou e tentou bater no meu pai também, mas não conseguiu, o meu pai estava com muita raiva, super irritado, ele batia e batia nele sem parar. Até que a idiota da minha mãe chegou e tentou intervir.
Mãe: o que foi? Porquê que estás fazendo isso? Larga o meu irmão agora, solte o meu irmão por favor.
Pai: largar o teu irmão? Eu vou largar o teu irmão por quê? Alguém que estava estuprando o meu filho? Eu vou parar de bater em alguém que estava batendo o meu filho?
Mãe: tu nem sabes se o teu filho é que provocou.
Pai: provocar? Provocar o quê? Ele mal consegue falar, achas mesmo que pediria isso? Que tipo de mãe és tu? Que tipo de monstro és tu?
Mãe: eu sou mãe, por isso estou te pedindo por favor pare, se o meu irmão morrer como viveremos?
Pai: eu não me importo, eu estou nem aí para como viveremos depois disso, eu vou matar o teu irmão com as minhas próprias mãos, eu vou matar ele com as minhas mãos, eu vou acabar com a vida dele como ele acabou com a do meu filho.Eu estava feliz porque vi como o meu pai me defendeu, por mais que a minha mãe, a pessoa que eu mais amava não estava me acudindo, eu vi a prova do "amor do meu pai" e jurei que seria como ele, um pai que independentemente da situação prefere estar do lado dos filhos, que prefere passar fome invés de ver os filhos sofrendo, chorando, tremendo e sem voz.
A minha mãe chamou a ambulância e eles vieram socorrer o "meu estuprador", levaram-no para o hospital e felizmente para mim ele acabou por morrer. Ele morreu, o meu coração estava salpicando de alegria, abracei forte o meu pai e pela primeira vez em 9 anos eu disse uma palavra, eu disse que o "amava" e que ele era o melhor pai do mundo. Quando me calei falei dele e agora que voltei a falar a primeira palavra é sobre ele.