~ Três ~

101 25 25
                                    

Meu noivo. Aquilo soava bizarro demais.

Depois de um bom tempo sem saber o que fazer, convidei-o para entrar. Jung Jae tirou os sapatos, calçou os chinelos de casa e me seguiu até a cozinha.

― Sente-se. ― apontei para a cadeira ― Aceita algo para beber?

― Estou bem, obrigado. ― disse educadamente e apenas assenti.

Me sentei na cadeira da ponta oposta e o fitei.

― O que te trouxe aqui, Jung Jae?

― Eu queria conhecê-la antes do meu pai encontrá-la. ― suspirou ― Mas agora que estou aqui, todo o discurso que ensaiei parece um pouco rude. ― fitou o chão.

― Entendo... essa situação deve ser bem inusitada para você. ― refleti.

Na verdade, era inusitada para nós dois, então quis passar para ele como eu me sentia e compreendia suas emoções também.

― Talvez você nunca tenha se imaginado em um casamento de "mentira", mas às vezes fazemos coisas desesperadoras em situações ainda mais caóticas. ― falei.

― É. ― comentou desconfortável.

― Pode não parecer, mas sou bem forte. Me diga o que pretendia desde o início.

Jung Jae respirou fundo, ajeitou a postura e me olhou com firmeza.

― Senhorita Oh, quero deixar claro que não sou a favor desse casamento. Estou entrando nesse acordo por obediência ao meu pai e para ajudar um amigo dele de infância, mas não quero que pense em mim como um aproveitador. Vamos manter as aparências para o bem das nossas famílias, mas quero que haja respeito com relação ao meu espaço e meus sentimentos.

Enquanto ele falava, comecei a me arrepender de deixá-lo se expressar, pois senti a raiva emergir em minha garganta e soltei uma risada sarcástica.

― Senhor Jung. ― o olhei com desdém ― Acha que estou me casando com você porque tenho sentimentos pelo senhor e quero me aproveitar de algo? Primeiro, eu nem sabia quem você era antes de você aparecer na porta da casa da minha avó. Segundo, assim como você, só estou obedecendo meu pai e fazendo isso para... ― fiz uma pausa. Ele não merecia saber que era para honrar a memória da minha mãe e da minha família ― Para proteger a Oh Cosméticos. Vamos nos casar, mas não precisamos agir como marido e mulher. Tem sentimentos por outra? Fique com ela em segredo. Quer espaço? Não cruze meu caminho. Porém não banque o juiz sobre como eu me sinto sobre tudo isso. ― me levantei ― Veio aqui para me conhecer ou para colocar um escudo na minha frente?

― Eu...

― Quer me conhecer? Comece sabendo que eu não abaixo a cabeça para qualquer um.

Jung Jae levantou sem perder a postura rígida.

― Oh Min-Young, só vim até aqui para deixar tudo esclarecido. E como você sabiamente disse, tenho sim sentimentos por outra pessoa, mas foge da minha índole ter uma relação extraconjugal. Só não quero que se sinta frustrada por eu não atender às suas expectativas.

― Esse casamento vai ajudar a Oh Cosméticos? ― indaguei.

― Sim. ― respondeu como se fosse óbvio.

Essa é minha única expectativa.

Ele ficou calado por alguns segundos, em seguida balançou a cabeça como se concordasse com algo que passou em seus pensamentos.

― Vamos nos conhecer mais formalmente em breve, mas fique preparada para os tabloides hoje mesmo. Logo vão falar sobre nós.

― Por que? Algum repórter o seguiu até aqui? ― fui apressada até a janela, mas só havia alguns idosos fazendo caminhada na rua.

Arranjo de Natal - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora