Blood Daisy

Capítulo 005

»»——⍟—«« Passado »»—⍟——««

Corro o mais rápido possível.

Passo pelas árvores, do pequeno riacho e das cercas que colocam limites do terreno de minha casa. Disparo até uma pequena casa abandonada, que antes era habitado pelos vizinhos Collins, e me escondo dentro de uma carroça velha ao lado da entrada da moradia.

Sorrio. Darius nunca irá me encontrar neste lugar. Ele mal conhece as áreas desse campo, apenas de onde eu moro. Há lugares que somos proibidos de explorar, mas nunca respeitei essa regra de não explorá-los. Gosto de conhecer territórios não conhecidos por mim. Papai me disse uma vez que, quando eu crescesse, provavelmente iria virar uma grande exploradora e que iria descobrir coisas que ninguém jamais conseguiu descobrir. Talvez ele esteja certo.

Ouço passos se aproximando, e me encolho mais para dentro da carroça, que havia alguns objetos de colheita. E do nada vejo uma mão pegar um desses objetos, mas a dona da mão não levanta a tesoura de grama, apenas fica lá, parado e segurando-o. 

Levanto o olhar e encontro os olhos de diamantes. 

Airon.

Ele me encara com os olhos sérios, mas um poucos surpresso de me ver escondida neste estranho veículo. O que ele está fazendo aqui?

Por alguns milésimos de segundos, lembro-me que Darius falara para mim sobre o garoto. Fico rígida na hora. Saio da carroça às pressas, fazendo Airon se assustar e deixar cair a tesoura no chão.

- O-o que você está fazendo aqui? - pergunto, tirando as nossas proximidades o mais rápido possível, quase tropeçando nas pequenas pedras que havia por ali.

Ele não responde, obviamente. Como sempre, ele está lá, parado igual uma estátua de Ares, provavelmente pensando o que fazer nesta situação.

De repente, Airon começa a andar e some por trás da casa.

Hm.

Penso se eu deveria segui-lo ou não, mas, como a minha curiosidade que é um pouco excessiva até demais, não consigo não deixar de ir atrás dele.

Ok, ok. Talvez eu esteja quebrando a promessa que fiz para Darius de ficar longe dele. Mas está anoitecer, e não quero ficar aqui sozinha no escuro. Digamos que agora estou com mais medo do escuro do que do assassino, por incrível que pareça.

Começo a andar na direção de onde Airon fora, mas acabo esbarrando em uma parede dura que cheirava a madeira queimada. Sinto braços me envolver, e pulo para longe vendo Airon me encarar sob os pequenos raios de sol que batiam em seu rosto. Wow, ele fica bonito assim.

- Acendi uma fogueira por trás da casa, venha antes que fique totalmente escuro. - Airon disse um pouco rápido demais, fazendo-me ficar perdida em suas palavras e surpresa pela sua voz doce e calma mais uma vez.

Ele volta para a mesma direção que estava vindo, e o sigo com um pouco de relutância. Espero que Darius esteja errado sobre ele, pois não sei o que vai acontecer quando eu ficar ao seu lado novamente; talvez ele me jogue na fogueira e fique rindo igual um psicopata em série enquanto me vê sendo queimada viva. Em só de pensar nisso, meus pelos ficam arrepiados até chegar em minha nuca.

- Sente-se aqui. - disse colocando um travesseiro velho em cima de uma cadeira de madeira, que tinha uma perna amarrada com algum apoio.