Contextualizando

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Julia Mattos é uma jovem paulista superdotada, que por sempre estar à frente dos jovens da sua idade, conseguiu se formar no ensino médio aos 15 anos.
Seus pais a mandaram para os EUA estudar medicina assim que ela terminou a escola, e ela acabou se interessando por seres humanos anormais, os chamados excluídos.
Ela resolveu dedicar sua carreira a estudar e entender melhor cada grupo de excluídos dos quais se tem conhecimento, e por esse motivo, seus pais - extremamente preconceituosos - se decepcionaram com a decisão da filha e pararam de manter contato com ela.

Graças à sua inteligência, Julia conquistou uma carreira nomeada em pouquíssimo tempo, sendo um dos principais nomes da especialidade com apenas 23 anos. Ela nunca mais falou com seus pais desde que se formou em medicina e começou a especialização, aos 21.

Julia se identifica como uma mulher lésbica, e apesar de nunca ter assumido isso para seus pais, convive muito bem com esse fato desde que se descobriu quando adolescente.

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Capítulo 1 - mudança de ares

As vezes nem eu acreditava que tinha conseguido consolidar uma carreira tão importante sendo tão nova. Não é como se eu tivesse super inteligência, mas tenho uma enorme capacidade de armazenar informações. Se eu ler um livro sobre anatomia hoje, amanhã me pergunte qualquer coisa sobre o corpo humano e eu responderei. Prazer, Ana Julia Mattos. Médica pós graduada, mestra e doutorada em tratamento de seres humanos com qualquer anomalia ou DNA não-humano aos 23 anos.

Desde que me mudei pra esse país eu espero o convite que recebi hoje: Ser a médica oficial do alunos, professores e equipe diretiva do Colégio Nunca Mais. Começo imediato, dando tempo apenas de fazer minhas malas e dirigir até lá.

Confesso que me senti um pouco nervosa durante a viagem, pensando em como eu queria que isso acontecesse e finalmente aconteceu, pensando em toda a responsabilidade que estaria em minhas mãos, pensando em como seria trabalhoso dar conta de atender tantas pessoas e em como a minha vida mudaria a partir dali. Mas eu confio no meu potencial, sei que se cheguei até aqui foi porque mereci de tenho capacidade para isso.

A parte mais interessante de tudo isso é que eu me identifico com eles. Só que, mesmo com todo o meu estudo, eu não tenho nem ideia de o que eu seja... a única certeza que tenho é que não sou padrão.

13 horas depois, a viagem tinha sido longuíssima e eu já não aguentava mais dirigir quando os portões de Nunca Mais apareceram como um raio de esperança.

Apesar do aspecto um tanto quanto macabro, parecia um lugar super elegante e aconchegante. Logo na porta do primeiro prédio estava uma mulher loira, de quase 2m de altura, elegantíssima, ao que tudo indica para me recepcionar. Estaciono o carro e aproximo-me, enquanto ela retira a luva direita e me estende a mão:

- Boa noite senhorita Mattos, - confesso que o sotaque ao pronunciar meu nome me fez sentir... Alguma coisa... Diferente. - Eu sou Larissa Weens, diretora de Nunca Mais.

- Boa noite diretora, é um prazer conhecê-la.

Apertamos as mãos e eu só conseguia pensar que pelos e-mails que a gente trocou, não imaginei que ela fosse tão gata.

- É um prazer conhecê-la também. E como foi de viagem? - O sorriso lindíssimo presente em cada frase, mesmo que ela provavelmente estivesse exausta, visto que já era quase meia-noite.

- Longa, mas tranquila. Obrigada por perguntar.

- Fico feliz. Venha, vou te levar até o seu quarto para que possa descansar, imagino que esteja exausta da viagem. Amanhã às 08:00 te encontro no seu quarto para te apresentar a escola e conversarmos melhor sobre o trabalho.

- Claro, estou mesmo muito cansada. E imagino que você também, já é tarde.

- Imagina, eu já estou acostumada. Cuidar de tantos alunos exige ir dormir mais tarde e acordar mais cedo que todos. Vamos lá - ela diz enquanto se vira e entra no prédio.

Ela me acompanhou até o aposento que seria meu quarto.

- No prédio da diretoria todos os quartos são suítes, então não precisa se preocupar com privacidade. Pode tomar banho e trocar de roupa a hora que quiser. Caso precise de algo, minha sala fica no final do corredor, pode me procurar.

- Certo, muito orbigada pela hospitalidade.

A loira deixou o quarto e eu aproveitei para analisar meu novo lar. Parecia bem aconxegante e luxuoso, afinal. Me surpreendi com a cama de casal assustadoramente grande, a colcha preta extremamente macia perfeitamente esticada sobre o colchão. No banheiro, o básico: uma pia com armário para guardar ítens de higiene, um sanitário comum e um chuveiro, com box transparente.

Abri as poucas malas que trouxe comigo e comecei a guardar os pertences, calculando exatamente onde guardaria tudo assim que chegassem as malas que eu despachei. Guardei até a última peça de roupa, e foi só então, ao olhar para o armário do banheiro que me lembrei: "puta merda, minha escova de dentes".

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