Capítulo quatro

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TALES

    Ariel, Ariel.  Fiquei com aquele nome no pensamento por bastante tempo, aquele garoto que encontrei na faculdade mexeu com alguma coisa em mim, sentimentos não, mas alguma coisa ele fez em mim. Seus olhos, seu cabelo vermelho. O garoto tinha algo que me fez fixar na cabeça por vários dias e eu não sou um cara que tenha atitude esperada, eu nem sequer tive um encontro na minha vida ou alguém até hoje. Eu não faço ideia do que é estar apaixonado.

     Isso soa tão estranho já que ele nem deve lembrar da minha existência. Fui só mais uma pessoa no dia dele, não sei se iremos nos encontrar novamente. Lá no fundo, eu gostaria muito de encontrar aquele menino de novo, e quem sabe consiga puxar assunto.

      Penso comigo mesmo "que idiota" e me jogo na cama enfiando a cabeça no travesseiro querendo sumir. Me sinto diferente. Como alguém pode estar interessado em uma pessoa que nem sequer sabe de sua existência? Naquele momento resolvi seguir a adrenalina do momento, abri o instagram e segui ele, eu sei que pode ser tolice minha, mas eu estou num pique que eu sei que, no meu normal, nunca faria aquilo.

​    Segui Ariel no instagram, e automaticamente desliguei a tela do celular, minutos após seguir ele meu celular notificou e fui ver oque era e lá estava:

| Instagram: |

| Ariel seguiu seu perfil de volta. |

     Tenho vontade de pular de emoção, mas não faço nada, fico ali olhando a notificação na tela do celular com um sorriso no rosto, como se fosse uma coisa que veria apenas uma vez na vida. Guardei o celular e fui me arrumar para a aula já que estava quase na hora de ir.

      A caminho da faculdade, mil cenas passavam na minha cabeça e se eu o encontrasse novamente o que eu falaria? Como agiria? Todas aquelas cenas ficavam passando na minha cabeça como um filme. Talvez eu esteja emocionado demais, já criando uma fic na minha cabeça, certeza que se alguma pessoa que escreve fanfic pudesse estar vendo o que está rolando comigo teria uma obra de arte.

​      Cheguei e já fui direto para aula porque hoje teria matéria nova de cálculo e daqui algumas semanas começarão os estágios em escolas. Eu estou super nervoso. Se apresentando um trabalho para meus colegas, já fico tenso, imagine lecionando para uma legião de mini queridos. Esse era o meu pior pesadelo já que eu mal sabia cuidar de mim mesmo.

       As aulas foram passando e, finalmente, chegou o fim de uma longa manhã de cálculo. Não era tão ruim, até porque eu gostava, mas convenhamos que ficar sentado numa cadeira por bastante tempo é péssimo. Não sou muito de socializar com o pessoal da sala, parece que todos são bem reservados e eu, por ser tímido, não tento me enturmar.

​Estava descendo as escadas em direção ao estacionamento, eu não tenho carro, já que eu moro perto de tudo e, nessa cidade, você dá um passo já está onde quer. Enquanto caminhava estava conversando com o Rui no celular, aparentemente, ele está querendo convidar uma garota para sair e está me pedindo ajuda. Logo eu?

RUI

| Como eu falo com ela, Tales? |

TALES

| E eu vou lá saber, Rui? Cara, eu nunca cheguei nesse ponto kkkk |

RUI

| Do que adianta ter um amigo se ele é um solteirão? kkkk |

TALES

| kkkkkkkkk idiota |

RUI

(figurinha de um gato bebendo leite na taça)

      Guardei o celular no bolso. Estava passando em frente ao bicicletário e lá estava Ariel destrancando sua bicicleta amarela. Já fiquei extremamente nervoso porque se ele olhasse para o lado ele iria me ver, eu jamais saberia como agir em uma situação dessas. Virei de lado e segui meu caminho, mas alguma coisa me chamou a atenção. Ariel estava bravo no telefone enquanto falava olhando para a bicicleta. Quando virei para ver o que estava acontecendo, automaticamente nossos olhos se conectaram, e lá estava eu parado no caminho olhando para um garoto e ele me olhando de volta. Fiquei vermelho quando nossos olhares se desprenderam, o clima estava tenso com ele.

      Fui ver o que tinha acontecido com a bicicleta dele. Eu sei que isso é uma péssima ideia. Eu, literalmente, lutei contra mim mesmo para simplesmente seguí-lo no instagram e aqui estou eu indo em direção a ele.

  — Tá tudo bem aí? — falei chegando e analisando o que estava acontecendo.

— Não, a corrente da bicicleta soltou e eu não faço ideia de como arrumar isso — ele disse bastante inquieto.

— Mas quem, em pleno 2020, não sabe arrumar uma corrente? — falei rindo

— Você sabe? — O sorriso do meu rosto fechou quando ouvi a pergunta.

  — Não — falei – E quem estava rindo de mim era ele agora  – a risada de Ariel era tão boa de se ouvir. Comecei a rir com ele.

— Acho que você vai ter que levar ela andando hoje — falei com ele, enquanto eu ajeitava o meu cabelo.

— Vai ter que ser mesmo — disse ele, já conformado com a situação.

— Pois então, vou indo agora — falei acenando para ele e ele de volta.

     Quando virei de costas, passaram muitas coisas na minha cabeça, eu mesmo estava me julgando, que situação foi essa? Mas, parando para pensar, eu fui bem corajoso já que o Tales que eu conheço é um bicho-do-mato que tem vergonha de tudo.

      Segui caminho de casa pensando em tudo que tinha acabado de acontecer. Chegando lá, não encontrei Rui. Fiz o que tinha que fazer e me organizei, já que mais tarde teria que fazer a terrível e temida escala de estágio.

      Peguei o celular e resolvi mexer no Tiktok. Parece que o algoritmo sabe da sua vida inteira. Cada vídeo que passava era vídeo de casal, fiquei angustiado e fui para o instagram. Resolvi mandar uma mensagem para o Ariel para saber o que aconteceu depois que fui embora.

DIRECT TALES

| Oie! |

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