Happiness Behind a Tree

Capítulo 03

"Então eu cai.
E Harry me segurou."
- Os sete maridos de Evelyn Hugo.

☃️

- Isso vai ser melhor do que qualquer biscoito que o tio Moony já fez.

- Shhh, não fale alto! Depois quem sofrerá as consequências será eu.

Se você tivesse me dito duas semanas atrás que eu iria estar na cozinha dos fundos de um estabelecimento, com um garotinho de quatro anos e afundando as patas do dinossauro de brinquedo dele numa massa de biscoitos...

Eu iria interná-lo numa clínica psiquiátrica.

Mas lá estava eu. Fazendo exatamente isso.

Durante a semana que se passou desde a primeira vez que pisei em Tenbury, Harry parecia ainda mais apegado comigo. Após terminarmos o almoço ele insistiu para que eu fosse para a Felicis Tea o fazer companhia enquanto Remus trabalhava, e com a oferta de que ele me emprestaria um de seus dinossauros de brinquedo, foi impossível recusar.

Nós sentamos no canto perto da árvore de Natal enquanto ele mostrava cada um dos seis dinossauros que havia trazido na mochilinha e explicava seu gênero, nome e um fato interessante. Para alguém tão pequeno e que ainda não havia aprendido como pronunciar palavras com "R" da maneira certa, o garoto tinha um vasto conhecimento sobre aqueles seres.

Remus me explicou que isso foi algo passado de pai para filho, já que James - pai de Harry - sempre foi obcecado com dinossauros, mesmo com todas as criaturas presentes no mundo bruxo, ele sempre se interessou mais nas presentes no antigo mundo trouxa.

Depois das horas que passamos brincando juntos, Potter pareceu certo de que viramos melhores amigos. Ele pediu meu número de celular para que pudéssemos conversar mesmo estando longe e me convidou para visitá-lo todos os dias. Sem falta.

E ver Harry também significava ver Remus Lupin, que cada vez parecia ainda mais o ser humano mais maravilhoso que já pude conhecer.
Ele me contou sobre seu grupo de amigos grifinórios e como após a escola todos decidiram que morar longe um do outro não era uma escolha, então ele junto de James e Lily se mudaram para Tenbury assim que descobriram que Harry estava a caminho, pensando que esse era o lugar perfeito para uma vida tranquila. O restante do grupo estava espalhado pelas cidades vizinhas, pouco caseiros demais para morarem em um local tão monótono.

Ele criou a Felicis Tea com James logo no seu primeiro ano na cidade, os dois preferindo trabalhar para si mesmos do que ter um chefe. E tudo estava dando certo desde então. Harry nasceu, ele se tornou não apenas tio mas padrinho também, Remus cuidava da comida na loja enquanto James atendia os clientes e Lily resolvia os gastos. Tudo estava perfeito.

Até os pais de James ficarem doentes algumas semanas atrás, com fortes suspeitas de ser varíola de dragão, e o casal ter ido às pressas visitá-los, deixando Remus cuidando do sobrinho.

Em uma tarde, enquanto assistíamos Harry brincar na neve, perguntei a ele se não achava incômodo o apego que a criança criou sobre mim. Um Black. Ele rapidamente negou.

- Harry sabe julgar muito bem todos, como se ele sentisse quem é boa companhia e aqueles que não são. Além disso, lembro-me de ter lido uma notícia alguns anos atrás sobre o herdeiro Black e como ele havia sido deserdado por "práticas que não condizem com um Black" - ele sorriu cheio de sarcasmo. - Conhecendo sua família, você deve ter feito carinho num cachorrinho desabrigado, ou falado que não concorda com a escravização dos elfos domésticos, ou que o feitiço império não deveria existir, ou...

- Ok, chega! Eu já entendi! - o interrompi, dando risada.

E foi assim que acabamos naquele momento. Harry havia me dito como ele adoraria biscoitos de dinossauro e eu o contei que sabia como fazê-los. E enquanto Remus se concentrava em decorar os bolos que haviam sido encomendados, eu e o pequeno Potter nos divertíamos cortando a massa de biscoito no formato de vários tipos de dinossauros e até mesmo afundando a pata de um dos brinquedos de Harry para imitar pegadas - depois de higienizar bem, é claro.