Capítulo 15

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Bang Chan tinha a péssima mania de dormir muito tarde e acordar muito cedo praticamente todos os dias, resumindo o seu descanso a poucas e ínfimas horas de sono.

Sempre virava madrugadas com seu midi pad controller¹ e seu MacBook Air nas mãos, num anseio veemente de criar as melhores canções que não apenas expressassem seus verdadeiros sentimentos pessoais mas, que, também, fossem diretamente ao encontro dos ouvintes em seus diferentes momentos de vida. Seja em instantes de alegria, tristeza, depressão, felicidade, etc, queria que suas composições e arranjos conversassem com todos como se fossem seus melhores amigos.

Chamava isso de conexão através da música.

Entretanto, se concentrava demais nesse desejo, por consequência, se excedia no trabalho e se esquecia que sua saúde mental e física também eram importantes, acumulando no fim dezenas de noites mal dormidas.

Outro fator contribuinte para sua falta de sono, era o jeito insistente que sua psique tinha de escolher somente o horário noturno para pensar em seus problemas, buscando por soluções. E, nos últimos dias, a frequência de vezes em que isso acontecia apenas tinha aumentado.

Em decorrência de todos esses fatores, quando Bang Chan acordava pela manhã sua aparência sempre estava um caos e sua noção do que ocorria no mundo externo sempre demorava em torno de meia hora para se fazer presente em sua mente.

A manhã de hoje não foi diferente.

Sonâmbulo, ele saiu de seu quarto sem enxergar praticamente nada em sua frente e, de maneira quase automática, se dirigiu à cozinha na intenção de achar qualquer coisa para abastecer o estômago e, assim, voltar logo para sua cama para descansar mais dez minutinhos.

Coberto por um enorme moletom amarrotado, ele entrou no cômodo desejado para saciar sua fome. Com imensa lentidão e preguiça, alcançou a geladeira inox, abriu a porta e pegou de lá dois ovos para começar a preparar o que quer que imaginava cozinhar naquele momento. Andou um pouco para o lado para alcançar a pia e pegar uma frigideira no escorredor de louças, quando sem perceber tropeçou em algo e quase derrubou o alimento frágil que segurava.

O susto que levou, despertou seus sentidos que ainda dormiam.

— Aí!! - A voz de Felix ecoou reclamando dolorida pelo local.

— Meu Deus! Que susto, Yongbok-ah.

— Minha mão!

— Você está deitado no chão da cozinha?! - Exclamou irritado ao ver o garoto esparramado e se contorcendo superfluamente pelo piso daquela parte da casa - É óbvio que eu iria pisar em você.

— É... Tem razão! - Felix concordou com facilidade mas, estranhamente e de um segundo para o outro, começou a retorcer todas as linhas de seu rosto para fazer uma expressão de agonia e, usando sua voz de desespero para acompanhar, fazer pequenos meados de choros para mostrar como sua situação naquele momento estava deplorável — Aigoo.

— O que está fazendo deitado aí em plenas 6 horas da manhã, Lix?

— Na verdade já são quase meio dia, hyung! - Mesmo com a voz de lamento, chamou atenção para os horários de sono bagunçados do outro — Mas, enfim, eu estou aqui fazendo um pouco de drama mesmo. Padrão.

— Acho que vou me arrepender de perguntar isso, mas... Por que está fazendo drama?

Sem responder a pergunta do mais velho, Felix apenas apontou para seu celular, que estava jogado de qualquer jeito em cima da pia, antes de voltar a repetir o mesmo semblante choroso de antes.

Heal (Changlix, Minsung)Onde histórias criam vida. Descubra agora