Capítulo 22

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O som gostoso de uma música melodiosa misturada com uma voz grossa que podia ao mesmo tempo te levar aos céus ou te afundar nas profundezas de um abismo desconhecido, ecoava pelo estúdio naquele típico dia normal na vida de um trainee da JYP Entertainment.

Sonolento, Changbin abriu seus olhos, notando que estava deitado sobre a mesa de som, quase babando no equipamento caro. Mais cedo naquele dia, tinha ido até aquele local a fim de se concentrar para conseguir escrever alguns versos de canções para o 3racha, mas o clima estava tão aconchegante que ele não pôde se conter e se rendeu ao sono, chegando na situação atual.

Saltou de imediato quando situou-se de onde estava, tremendo de vergonha por seu estado deplorável: todo desengonçado começando pelo modo com que suas coisas estavam espalhadas pela sala até sua própria aparência. Percebendo aquilo, desencostou-se rapidamente da mesa, limpou qualquer líquido que pudesse estar em seus lábios e ajeitou os cabelos para se recompor.

Levantou-se para pegar as folhas espalhadas pelo chão, quando viu uma pessoa através do vidro acústico que dividia as partes do estúdio e, enfim, notou a música tocando.

Changbin não conhecia o garoto que estava cantando, mas amou o canto e, estranhamente, o cantor. Ele era... diferente.

Nada fazia sentido naquela pessoa. Para começar, o rosto angelical dele não se encaixava com a voz, sua beleza era brilhantemente celestial e sua presença reconfortante e quente, muito quente. Frente a isso, Changbin, então, sentiu-se na necessidade de admirá-lo por um tempo na tentativa de desvendá-lo.

Quando o fez, seu coração pôs-se a correr.

Os olhos fechados, os lábios entreabertos, o movimento de um pomo de adão subindo e descendo conforme as palavras eram proferidas, o pescoço erguido a alcançar o microfone que era ligeiramente mais alto do que ele... tudo naquele cantor demonstrava que ele sentia cada nota completamente em seu corpo e liberava as letras da forma mais bonita existente.

O garoto de repente abriu os olhos e encarou Changbin através do vidro, parando de cantar logo em seguida apenas para tirar o fone e sorrir lindamente.

Apressado, atravessou a porta que dividia as partes da sala e se aproximou.

— O-oh? Me desculpe! Você reservou esse estúdio, né?! - Indagou afoito — É que eu vi você dormindo aí e não imaginei que te incomodaria se eu cantasse bem baixinho.

— Tudo bem! - Changbin disse tranquilo — Você é um novo trainee?

— Não.

— Funcionário?

— Também, não.

— Bom, eu não me lembro de ter te visto por aqui, então, se você não é um novo trainee ou um funcionário, eu terei que chamar os seguranças.

Changbin esticou o braço para pegar seu celular, mas foi impedido no meio do caminho quando o estranho o puxou para que ele se sentasse novamente.

Misteriosamente não foi a cadeira do estúdio que estava debaixo dele naquele momento e, sim, o banco branco de uma praça numa área verde cheia de árvores robustas e frutos da primavera. Onde a brisa do vento soprava fraca enquanto o céu azul claríssimo se encarregava de deixar tudo iluminado e os sons da tarde, com pássaros e pequenos insetos regendo o coral de flores, ecoavam.

Incomumente, não havia sol brilhando no alto, mas tudo era visível mesmo assim.

O cenário tinha mudado completamente.

Heal (Changlix, Minsung)Onde histórias criam vida. Descubra agora